Opinião
Turismo: um edifício bem construído que está ameaçado

Alguns dos maiores especialistas nacionais em turismo reuniram-se nas Caldas da Rainha, para um dia de interessantes conversas sobre a situação atual do setor.
A 7.ª edição do Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal”, organizado em maio pelo Turismo Centro de Portugal, foi um grande sucesso, com uma assistência de várias centenas de participantes, e lançou pistas sobre os caminhos que a atividade turística deve seguir depois da pandemia.
Este ano, o evento decorreu em formato híbrido. Os participantes nacionais realizaram as suas intervenções no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha, enquanto os intervenientes de fora do país participaram via streaming, assim como os espectadores que se inscreveram.
A Lei das Entidades Regionais de Turismo protagonizou um dos momentos mais estimulantes do fórum. Os cinco Presidentes das Entidades – Centro de Portugal, Porto e Norte, Lisboa, Alentejo e Ribatejo e Algarve – juntaram-se para avaliar a Lei 33/2013, precisamente aquela que definiu o regime jurídico da organização e funcionamento destas Entidades.
A conclusão foi unânime: o edifício do Turismo está bem construído, mas não está a funcionar devidamente. Na sua matriz, as entidades de turismo são o único organismo descentralizado e o seu historial demonstra que é uma fórmula vencedora e que alcançou resultados. As regiões de turismo fazem um trabalho extremamente positivo, pelo que é essencial que continue a haver regionalização no turismo, num país marcado pela sua diversidade.
Mas a verdade é que a autonomia de execução tem vindo, paulatinamente, a ser posta em causa pelo poder central e está hoje limitada por constrangimentos de vária ordem, financeiros e não só.
Acresce que a propalada possibilidade de as competências regionais a nível do turismo passarem para a alçada das CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional], seria um erro com consequências nefastas para a vitalidade do turismo. As CCDR têm revelado dificuldades em executar os programas que têm a seu cargo. São estruturas pesadíssimas, a que falta capacidade de planeamento. No caso de ficarem com competências acrescidas na área do Turismo, tornar-se-iam ingovernáveis, o que equivaleria a colocar um garrote na atividade turística.
Mas houve muito mais neste Fórum “Vê Portugal”. Por exemplo, um painel sobre Tendências na Promoção e Estruturação Turística Nacional, com a participação da Diretora do Departamento Regional para a Europa da Organização Mundial de Turismo e de outros especialistas internacionais; ou um painel dedicado a Comercialização e Vendas, com a presença dos dirigentes das principais associações nacionais do setor turístico.
Uma nota final para a participação da Secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, na sessão de abertura, assim como o Presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros, na sessão de encerramento. Foram duas presenças que abrilhantaram ainda mais o evento.