Trabalho não proporciona bem-estar psicológico aos portugueses

Um quarto dos portugueses continua a sentir que o trabalho não lhes proporciona bem-estar psicológico, sendo que as mulheres são as mais afetadas, de acordo com o estudo da BCG.
De acordo com o estudo “Consumer Sentiment Survey 2024”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), as mulheres são as que mais sentem que o trabalho não lhes proporciona bem-estar psicológico. O estudo revela que cerca de um quarto dos portugueses continua a sentir que o seu trabalho não garante condições para estar bem mentalmente, com 23% dos inquiridos a responder “não” ou “muito pelo contrário” à questão “Sente que o seu trabalho lhe proporciona condições para estar psicologicamente bem?”.
Por sua vez, 63% dos inquiridos sente que o trabalho lhes proporciona condições suficientes para se sentir bem psicologicamente e apenas 14% considera que lhes oferece bastantes condições para o bem-estar mental. No ambiente laboral, as mulheres são as mais afetadas, com 27% a afirmar que sentem que o trabalho não lhes proporciona bem-estar psicológico, contra apenas 19% dos homens.
A relação com os colegas (33%), as condições do local de trabalho (27%), a flexibilidade horária (26%%) e a relação com a liderança (21%) são alguns dos fatores que determinam o bem-estar psicológico dos colaboradores que os profissionais portugueses mais valorizam.
Globalmente, o número de portugueses que se sente um pouco instável psicologicamente tem vindo a diminuir desde 2021. 60% dos portugueses revela estar psicologicamente bem ou otimamente, uma percentagem que sobe para 67% nos homens e decresce para 53% nas mulheres.
Por outro lado, 26% dos inquiridos sente-se razoável e apenas 1 em cada 7 portugueses (14%) afirma sentir-se instável ou um pouco instável a nível psicológico, um valor que se manteve estagnado em relação a 2023, mas que tem vindo a melhorar desde 2021.
As áreas mais impactantes para a estabilidade psicológica dos portugueses são a saúde física (64%) e a relação com os familiares (61%), destacando-se também a saúde financeira, que é determinante para 47% da população. Já o crescimento pessoal e aprendizagem (18%), o divertimento e entretenimento (14%), e a contribuição para a sociedade (7%) são as áreas que os inquiridos consideram menos relevantes.
Os hábitos saudáveis de alimentação e sono (47%), a interação social regular com amigos e familiares (47%) e a prática de passatempos e atividades de lazer (44%) e de exercício físico regular (44%) são os principais mecanismos utilizados pela população portuguesa para cuidar do seu bem-estar mental. Os menos adotados são o estabelecimento de limites saudáveis no trabalho (22%) e a prática de técnicas de relaxamento (16%). A procura de ajuda profissional (14%) continua a ser o recurso com menor adesão.
Manuel Luiz, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, sublinhou que “os dados mostram que apesar de a maioria dos portugueses se sentirem bem psicologicamente no trabalho, ainda há uma proporção considerável que considera que o seu ambiente laboral não garante as condições necessárias para promover o bem-estar mental”. Esta pesquisa foi realizada entre 6 e 20 de agosto de 2024, com base num inquérito a 1.000 portugueses.