Entrevista/ “Temos uma grande responsabilidade de garantir a proteção financeira de muitas famílias”

“Há um desafio muito relevante nos seguros e em toda a sociedade, que é o tema da longevidade. As pessoas vão viver mais anos, em muitos casos com qualidade de vida”, releva Ricardo Sánchez Pato, o novo diretor-geral da MetLife para Portugal e Espanha.
Em meados de julho, Ricardo Sánchez Pato assumiu o cargo de diretor-geral da MetLife para Portugal e Espanha, em substituição de Oscar Herencia que foi nomeado diretor-geral da MetLife Seguros no Chile.
Com mais de 25 anos de experiência no setor dos seguros, entrou pela primeira vez na MetLife em 2012, como diretor de Negócio Corporativo. Agora, o espanhol Ricardo Sánchez Pato prepara-se para um novo desafio nesta empresa especializada em seguros de vida, acidentes pessoais e proteção de pagamentos, uma nova etapa profissional em vai “continuar a implementação do plano estratégico da empresa de uma forma muito rápida e fluída”.
Em entrevista ao Link to Leaders, o novo diretor-geral da MetLife para Portugal e Espanha partilha as suas expetativas quanto ao cargo e às metas a que se propõe, e fala dos desafios que o setor segurador enfrenta e o impacto da tecnologia e do aumento da longevidade das pessoas no desenvolvimento do negócio. Uma coisa é certa, afirma: “queremos continuar a crescer e, ao mesmo tempo, queremos assegurar que continuamos a ser uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal”.
Quais as expetativas para este novo cargo? Que desafios prioritários o esperam?
Em primeiro lugar imprimir o meu estilo à gestão. A nível ibérico, a MetLife teve no Oscar Herencia um líder muito forte e com excelentes resultados e que agora vai liderar a operação no Chile. Como é evidente, trabalhamos muitos anos juntos, partilhamos muitas ideias, mas tenho um estilo de liderança diferente. Por isso, nesta fase é importante conquistar a confiança das equipas e também da organização. Temos uma grande responsabilidade de garantir a proteção financeira de muitas famílias – temos mais de 500 mil portugueses com seguros MetLife –, queremos continuar a crescer e, ao mesmo tempo, queremos assegurar que continuamos a ser uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal.
Como quer posicionar a MetLife na Ibéria?
Já temos uma posição muito forte em ambos os países, onde queremos continuar a ser reconhecidos como especialistas em seguros de proteção pessoal (Vida e Acidentes Pessoais), proteção de pagamentos e de estilo de vida, com uma proposta inovadora, tanto ao nível do produto como da distribuição. Estamos em Espanha há mais de 55 anos e, este ano, estamos a celebrar o 40.º aniversário em Portugal. Na altura fomos a primeira seguradora estrangeira a entrar no mercado português.
Uma outra área onde temos uma presença consolidada é o chamado negócio Bancasurance/B2B. Há um encaixe perfeito entre os nossos produtos de proteção de pagamentos e os empréstimos concedidos pelos bancos e outras financeiras. O banco pode dar a opção ao cliente de, quando adquire um cartão ou faz um empréstimo, adicionar um seguro de proteção de pagamentos. Além disso, hoje em dia, é comum financiar compras de baixo valor, como as viagens, os equipamentos eletrónicos, etc. E nós acreditamos que sempre que há um pagamento futuro, deve poder ser protegido de forma rápida e com um preço competitivo.
Portugal ou Espanha… qual o mercado mais desafiante para a empresa? O que os distingue e aproxima?
A operação conjunta está entre as maiores por volume de negócios da MetLife na região EMEA, mas são, de facto, mercados diferentes. Apesar de termos um comité de direção ibérico, com diretores de ambas as nacionalidades, olhamos para cada mercado de uma forma diferenciada. Em Portugal, por exemplo, temos um canal de agentes de seguros exclusivos – que só vendem a nossa marca -, o que requer um tipo de serviço diferente de Espanha, onde não temos esse canal.
Em Portugal, somos muito reconhecidos como especialistas em Vida e temos também uma cobertura do mercado maior. Em Espanha, somos mais especializados em produtos de proteção de Lifestyle. São seguros que oferecem cobertura para as despesas recorrentes que temos com faturas de gás, de luz ou educação. Trata-se de uma proteção financeira para garantir o pagamento em caso de desemprego, invalidez ou morte. Em Portugal, por exemplo, temos esse produto em colaboração com a NOS e queremos lançar com outros .
Qual o aporte que a sua experiência de oito anos na MetLife vai trazer para as novas funções?
Esse conhecimento é muito importante. Por um lado, permite continuar a implementação do plano estratégico da empresa de uma forma muito rápida e fluída, uma vez que já estive envolvido no seu desenho. Uma contratação interna permite isso mesmo, fazer a transição de liderança em forma de processo. Isto significa que pudemos antecipar, gerir e comunicar a mudança na liderança com um impacto mínimo. Tenho consciência que a MetLife investiu muito em mim e quero devolver isso ao resto da organização.
“Para nós, a cooperação com Insurtech permite-nos expandir o nosso mercado e chegar a mais clientes”.
Como analisa o crescente mercado das Insurtech? Será esse o caminho do setor segurador?
Têm feito um caminho interessante e contribuído para acelerar a inovação na indústria de seguros. A MetLife tem várias colaborações com Insurtech em todo o mundo e em Portugal. Para nós, a cooperação com Insurtech permite-nos expandir o nosso mercado e chegar a mais clientes.
Quais os principais desafios, e oportunidades, que se preveem no setor segurador, considerando crescente complexidade dos riscos e a constante necessidade de adaptação às mudanças tecnológicas e regulatórias?
Do lado dos maiores desafios estão fatores macro como as tensões geopolíticas e comerciais ou as taxas de juro. Do lado das oportunidades, temos os avanços tecnológicos, que estão a impulsionar a personalização das coberturas. Cada vez mais, o objetivo será integrar o seguro como parte natural das transações e dar uma cobertura personalizada. É bastante claro que ainda há um trabalho a fazer na consciencialização da sociedade para o tema do risco. Os seguros pessoais desempenham um papel fundamental em tempos de incerteza e constituem uma rede de segurança financeira que permite fazer face a imprevistos e planear a longo prazo.
Transformação digital, proteção de dados, concorrência acentuada, necessidade de desenvolver produtos e serviços inovadores para responder a consumidores cada vez mais digitais e exigentes são mudanças que têm afetado o setor nos últimos anos.
As seguradoras portuguesas estão a responder bem a estas alterações de mercado?
Todo o setor está preparado e muito sólido. A gestão de seguros obriga a um equilíbrio permanente entre rentabilidade e solvência, num contexto regulatório muito exigente. As seguradoras com dimensão internacional, como a MetLife, têm a vantagem da escala, que permite maior capacidade de resposta na gestão de capital e ativos, mas também no investimento.
Qual o setor segurador (vida, acidentes pessoais e proteção de pagamentos…) mais desafiante na atualidade?
Todos os segmentos têm desafios próprios, uns são mais afetados pelas taxas de juros, outros pelo crescimento económico, por exemplo. Mas há um desafio muito relevante nos seguros e em toda a sociedade, que é o tema da longevidade. As pessoas vão viver mais anos, em muitos casos com qualidade de vida. Mas uma vida longa também cria problemas ao nível das doenças degenerativas, com muitos custos associados. É uma área que estamos a estudar e, muito provavelmente, vamos desenhar um produto específico.
” Queremos continuar a gerar emprego qualificado e oportunidades de desenvolvimento profissional”.
E quais os projetos, e ambições de crescimento, da MetLife em Portugal e Espanha?
Como referi, estamos há 40 anos em Portugal e há mais de 55 anos em Espanha. Em Portugal, estamos no top 15 de empresas no Ramo Vida e estamos no top 3 em seguros de Acidentes Pessoais. É muito difícil manter esta posição de destaque tantos anos num mercado tão maduro e concorrencial. Mas isso faz-se inovando e progredindo.
Não basta ter bons produtos ou serviços: temos de evoluir com os clientes, identificar as necessidades em cada fase das suas vidas e dar as respostas adequadas. Fomos pioneiros no telemarketing em seguros e, em Portugal, criámos uma rede de agentes exclusivos, que ainda hoje é um exemplo para outros mercados europeus. Temos uma relação muito sólida com mediadores e corretores em todo o país e temos acordos de parceria estratégicos com várias empresas e instituições financeiras. Queremos continuar a gerar emprego qualificado e oportunidades de desenvolvimento profissional. Temos a solidez, a ambição e a equipa para continuar a crescer em ambos os mercados.
Respostas rápidas:
Maior risco: Tecnologia. Muda tudo muito rápido e temos de nos adaptar
Maior erro: Pensares que sabes tudo em vez que continuares a aprender
Maior lição: Trabalho em equipa – se queres fazer algo mais rápido vais sozinho, mas se queres realmente fazer algo bem e chegar mais longe vais acompanhado, em equipa.
Maior conquista: Chegar a diretor-geral da MetLife