Tem a certeza que se conhece?

De uma forma geral, e de acordo com vários estudos científicos, um elevado nível de autoconhecimento permite-nos ser mais felizes, confiantes e criativos, desenvolver melhores relações, ter equipas mais motivadas e empresas mais lucrativas. O autoconhecimento é assim um tema muito pertinente, com impactos a nível pessoal e corporativo, e não apenas mais uma buzzword.

Um interessante estudo realizado pela Dr.ª Tasha Eurich, publicado na Harvard Business Review, dá-nos três importantes insights:

1) Apenas 10 a 15% das pessoas possui um elevado nível de autoconhecimento, embora um elevado número tenha essa perceção;

2) Existem dois tipos de autoconhecimento: interno e externo.

a. O autoconhecimento interno tem a ver com o nível de clareza que temos relativamente aos nossos valores, paixões, aspirações, pensamentos, sentimentos, comportamentos, etc.

b. O autoconhecimento externo, tem a ver com a clareza com que percebemos como os outros nos veem. Ter essa perceção permite-nos comunicar de forma mais eficiente e empática.

3) Não existe uma relação direta entre autoconhecimento externo e interno. É possível ter os dois, ter apenas um ou não ter nenhum.

A combinação dos dois tipos de autoconhecimento (interno e externo) resulta em quatro tipos de líderes:

Tendo esta informação em consideração, é importante desenvolver boas práticas, incluindo a capacidade de auto monitorização ao longo da carreira. Está provado que pessoas em posições mais elevadas tendem a ter um autoconhecimento externo mais baixo que as equipas que lhes reportam, essencialmente devido à procura limitada de feedback.

Em contexto de Coaching costumo sugerir as seguintes práticas para aumentar o autoconhecimento externo e interno:

• procura de feedback constante, seja em contexto profissional ou pessoal;
• estar atento ao impacto que causa nos outros, mantendo escuta ativa e colocando questões que lhe permitam ver ângulos da realidade que parecem menos óbvios;
• estudar temas que não domina e que o obriguem a sair da sua zona de conforto. Esta é normalmente uma boa prática para cultivar a humildade;
• apostar no desenvolvimento contínuo e não parar de estudar. Os acontecimentos evoluem rapidamente e o estudo contínuo mantém-nos ágeis e mais atentos ao mundo à nossa volta;
• rever os sucessos e falhanços, focando-se no ‘quê’, em vez do ‘porquê’. A busca incessante pelo porquê, embora importante, está focada no passado e pode conduzir à ruminação. Já o quê é focado para a ação e para o futuro. ‘O que posso fazer de diferente?’, ‘O que é que aprendi que me permita ter sucesso no futuro?’;
• praticar meditação. Está provado que apenas 10 minutos por dia aumenta o foco, permitindo que as pessoas estejam mais atentas ao momento presente e menos distraídas com o que vai acontecer a seguir. Isto permite-lhes tomar melhores decisões;
• fazer um teste de personalidade. Existem vários no mercado, cuja validade científica está provada. Pessoalmente fiz a certificação em MBTI este ano e confesso que, embora já tenha feito vários testes de personalidade, o MBTI Step II deu-me um nível de profundidade bastante grande, através da exploração das facetas. Para lá do MBTI pode fazer outros, incluindo um que foi desenvolvido pela própria Dr.ª Tasha Eurich.

Se quer fazer de 2021 um Bom Ano comece a praticar desde já. Invista em si, no seu autoconhecimento e garanta que faz parte dos 10% a 15% que verdadeiramente se conhecem!