A sua relação com a tecnologia pode ser tóxica – eis como a melhorar

A tecnologia é um pau de dois bicos. Se por um lado existe maior conectividade, por outro pode levar a esgotamentos, ansiedade e depressões. Saiba como contrariar isto.
Escritório, 13:30.
Está a almoçar e a conversar com um colega de trabalho no refeitório da empresa. De repente, o telemóvel dele recebe uma notificação – é um email de um cliente. A conversa, que até estava animada, torna-se num monólogo. O seu colega para de comer, começa a escrever no telemóvel e a acenar com a cabeça (como se o estivesse a ouvir).
Esta é uma situação comum no dia-a-dia de qualquer empresa – algo que é retratado no novo livro de Dan Schawbel: “Back to Human: How Great Leaders Create Connection in the Age of Isolation”. Esta nova obra vem colocar um travão à ilusão de que os colaboradores estão cada vez mais conectados devido à tecnologia. Na verdade, Schawbel vaticina que o sentimento de isolamento por parte dos trabalhadores é cada vez maior.
O livro é resultado de um estudo global junto de mais de dois mil gestores e empregados. A conclusão aponta para o desejo dos colaboradores em haver melhores conexões com os seus colegas de trabalho. A juntar a estes resultados estão 100 entrevistas de Schawbel a jovens líderes de grandes empresas como a Nike, Google, Uber e Walmart. A maioria dos inquiridos concordou que a tecnologia é um pau de dois bicos, ou seja, tanto tem uma componente boa, como uma má, visto que apesar das equipas se tornarem mais eficientes, informadas e conectadas, tornam-se menos humanas.
Na maioris dos casos, a tecnologia pode chegar a tornar o local de trabalho pouco funcional, na medida em que os empregados estão sempre a trabalhar – mesmo fora do escritório. Schawbel reconhece “o poder da tecnologia se utilizada devidamente, mas quando a sua utilização é exagerada pode levar à ansiedade e infelicidade”.
Isto é especialmente verdade para os trabalhadores à distância. “Apesar deste tipo de trabalho promover a flexibilidade e eliminar os custos de deslocação, pode tornar os empregados mais isolados, solitários e menos comprometidos para com as suas equipas e organizações”, refere o autor. Esta devia ser uma preocupação das empresas, visto que o número de pessoas que trabalha à distância aumentou 115% na última década. A título de curiosidade: dos dois mil trabalhadores inquiridos na sua pesquisa global, um terço trabalha remotamente.
Os líderes das organizações podem ter um papel fundamental no incentivo da interação humana. Schawbel aconselha três métodos que podem ser implementados em qualquer empresa:
1- Faça questão de conhecer os seus colegas pessoalmente
O autor defende que os líderes deviam conhecer os seus empregados pessoalmente. O que os motiva, o que traz propósito às suas vidas são apenas dois pontos a ser tocados. Esta relação pode melhorar a experiência dos colaboradores, visto que os líderes podem adequar os seus comportamentos tendo em consideração cada um dos membros da sua equipa.
2- Utilize a tecnologia o mínimo possível durante as reuniões
Schawbel é a favor da utilização da tecnologia pela facilitação de processos que permite. Contudo, durante interações humanas, o autor reforça a regra de deixar o telemóvel de lado. “A tecnologia é ótima para organizar uma reunião ou um evento, mas é má quando estás fisicamente lá”, conclui Schawbel.
3- Torne-se num sistema de apoio para os membros da sua equipa
Em vez que tentar impor novas políticas aos membros das equipas, os líderes devem encorajá-los a enfrentar novos desafios. O autor afirma que, enquanto chefes de uma equipa, é fundamental “encorajar os colaboradores a tornarem-se a melhor versão deles próprios”.