Tastry, a start-up californiana que ensinou um computador a provar vinho

A Tastry usa inteligência artificial para analisar dezenas de milhares de vinhos por ano, gerando uma grande quantidade de dados. O objetivo é ajudar os vinicultores a produzir e a direcionar os seus produtos de forma mais eficaz, um sistema que deverá chegar à Europa ainda este ano.
Uma start-up da Califórnia que ensinou um computador a “provar” vinho está a usar a tecnologia para ajudar os produtores de vinho a melhorar os seus produtos e a atrair novos clientes.
Katerina Axelsson, fundadora da Tastry, diz que a start-up usa inteligência artificial (IA) para analisar “dezenas de milhares de vinhos por ano”, proporcionando uma grande quantidade de dados para ajudar os vinicultores e retalhistas a direcionar os seus produtos de forma mais eficaz.
Axelsson teve a ideia de criar a Tastry quando era estudante de química e trabalhava na área da vinicultura. Na altura deparou-se com algumas peculiaridades na forma como o vinho era avaliado. Um tanque de 10 mil galões de vinho era dividido em dois e vendido para duas marcas distintas, onde acabaria em garrafas diferentes e comercializado a preços diferentes, pelo que recebia avaliações diferentes dos críticos, conta a empreendedora, citada pela CNN.
A fundadora da Tastry começou por analisar amostras de vinho, identificando milhares de compostos. Depois de recorrer à IA, conseguiu ver como é que os compostos interagiam uns com os outros, criando o perfil de sabor do vinho. Partindo desse perfil, usou a máquina de aprendizagem para comparar o sabor, a aroma, a textura e a cor com outros vinhos na base de dados.
O método permitiu que Axelsson desenvolvesse uma aplicação de recomendação de vinho, que foi lançada nos ecrãs dos corredores de vinhos dos supermercado em 2019. Através de um questionário, os consumidores podiam inserir as suas preferências de sabores e o software sugeria um vinho adequado, com 80-90% de precisão na primeira tentativa, aumentando para 95% com informações adicionais do utilizador. O sistema da Tastry “alimenta” agora a sua aplicação de recomendação de vinhos BottleBird.
A Tastry começou a trabalhar diretamente com vinicultores nos EUA. As marcas pagam para ter as suas garrafas analisadas “e em troca têm acesso ao que chamamos de painel de perceções, onde podem identificar como o seu vinho é percecionado no mercado de oportunidade, numa loja, ao nível local ou regional,” frisa Axelsson.
Tecnologia da Tastry conquista O’Neill Vintners & Distillers
Um dos clientes da Tastry é O´Neill Vintners & Distillers, um dos maiores produtores de vinho na Califórnia que está a usar a tecnologia da start-up para agilizar o processo de mistura, sugerindo quais os tanques a usar.
“[A Tastry] não é um substituto para a equipa moderna de vinificação,” revela Spate, acrescentando que “no entanto, os dados podem ser bastante poderosos”, explica Marty Spate, vice-presidente da empresa.
Axelsson concorda que a Tastry não substituí um escanção, mas garante que a escalabilidade do produto torna possível a análise de mais vinhos do que um humano o faria num ano.
A start-up prevê disponibilizar a sua tecnologia na Europa ainda este ano e faz parte da sua estratégia incluir na análise não só o vinho, mas também a cerveja, café e fragâncias.