Start-ups europeias preparam soluções para enfrentar desastres naturais
Desastres naturais como tufões, inundações, secas ou incêndios florestais tornam-se cada vez mais comuns pelo mundo fora. Fenómenos que as start-ups tentam minimizar com propostas inovadoras, como é o caso da portuguesa Tesselo.
Cada vez mais frequentes em todo o mundo, os desastres naturais – que as Nações Unidas definem como sérias perturbações do funcionamento de uma comunidade ou sociedade, envolvendo perdas e impactos humanos, materiais, económicos ou ambientais generalizados – são uma preocupação para os países e respetivas populações.
Em 2017, estima-se que 335 desastres naturais tenham afetado mais de 95,6 milhões de pessoas. No ano passado, o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS) revelou que a Suécia, o Reino Unido, a Irlanda, a Finlândia e a Letónia, países em que os incêndios florestais nunca foram uma preocupação nos últimos anos, foram fortemente afetadas por este flagelo.
Na sequência de todas estas transformações ambientais mundiais, a “gestão” destas crises é cada vez mais urgente, e por isso quer os setores públicos quer os privados, procuram soluções para minimizar estas emergências.
Na Europa são várias as start-ups que estão a tentar enfrentar estes desastres com as soluções que desenvolvem. O Eu-Startups selecionou 10 projetos que estão na linha da frente entre os quais um português:
Tesselo – Portugal
Sediada em Lisboa, esta start-up fundada em 2017 combina imagens de satélite com IA para produzir inteligência espacial acionável. As suas soluções de sustentabilidade incluem soluções de mapeamento em tempo real e à escala nacional, que podem, entre outras funcionalidades, classificar espécies de árvores, medir e prever o crescimento da floresta, monitorizar colheitas de plantações, detetar pragas e estimar o risco ou o impacto de incêndios florestais e outros desastres naturais.
Tractable – Inglaterra
Desenvolve soluções de IA para acidentes e recuperação de desastres. Analisa os danos e prevê os custos de reparação, o que permite uma solução mais rápida para a restauração do meio ambiente. A IA da Tractable pode ser alimentada por imagens de satélite, drones ou smartphones. As avaliações instantâneas são extraídas de dados visuais e permitindo reparações rápidas e precisas. A Tractable foi fundada em 2014, em Londres, por uma equipa de investigadores de Oxford e Cambridge.
Drone Hopper – Espanha
Projeta, fabrica e opera drones não tripulados pesados, com vários rotores, destinados a serem usados, principalmente, para incêndios florestais, combate a incêndios urbanos e operações agrícolas. Fundada em 2016 em Madrid, os drones da Drone Hopper seguem um layout comum chamado Plataforma Hopper, que permite que drones com 600 litros de capacidade de água executem operações 24/7. São resistentes a ventos fortes devido ao seu sistema de estabilidade de última geração. Como os drones não são tripulados, as vidas humanas não correm risco. A sua tecnologia patenteada de criação de jatos de água permite a libertação precisa e direcionada, protegendo com eficácia mais área por volume de água utilizada.
I-React – Itália
Trata-se de projeto de inovação financiado pela Comissão Europeia, no âmbito da iniciativa Horizonte 2020. Criado em Turim em 2016, o I-React desenvolve soluções para construir uma sociedade mais segura e resistente a desastres por meio da integração e modelagem de dados provenientes de várias fontes.
As informações são provenientes dos sistemas de monitorização europeus, observações da Terra, informações históricas e previsões do tempo, combinadas com os dados recolhidos pelos novos desenvolvimentos tecnológicos criados pelo I-React. Isso inclui uma aplicação móvel e uma ferramenta de análise de media social para contabilizar informações fornecidas em tempo real. Essa abordagem capacita as partes interessadas na prevenção e gestão de desastres.
Serinus – Alemanha
Fornece soluções de alarmes e gestão de crises. As suas soluções são baseadas na internet e acionam alertas para informar e coordenar os principais participantes e acompanhar situações críticas de maneira rápida e fácil.
A plataforma de comunicação de eventos inteligentes da Serinus está disponível em três versões – uma solução SaaS que pode ser operada independentemente da infraestrutura; uma versão local que permite uma total integração no cenário de sistemas existente; e uma solução híbrida que combina os benefícios da nuvem e soluções baseadas em servidor. As aplicações da Serinus são usadas nos piores cenários, como incêndios, inundações, grandes situações de danos em infraestruturas ou ataques cibernéticos.
VanderSat – Holanda
Criada em 2015, esta start-up, sediada em Haarlem, é fornecedora de dados e serviços de água e temperatura observados por satélite. Com sua tecnologia proprietária de satélite, a VanderSat trabalha com organizações globais para solucionar desafios relacionados com água.
O VanderSat apoia programas humanitários e de ajuda globais no desenvolvimento das suas capacidades para antecipar catástrofes naturais induzidas pelas mudanças climáticas, como as resultantes de secas e inundações, e no planeamento de programas de ajuda humanitária. A solução de gestão de água, baseada na medição preditiva e exata da humidade do solo, fornece informações detalhadas sobre a vulnerabilidade dos recursos hídricos.
Orora Technologies – Alemanha
Desenvolve nanossatélites enviados para o espaço para deteção e monitorização precoces de incêndios florestais. São equipados com sensores multiespectrais com o objetivo de fornecer imagens de satélite de alta qualidade e criar informações em tempo real para detecção e mapeamento de incêndios florestais, previsão de condições atmosféricas graves e muitas outras aplicações.
O Ororatech é uma derivação do projeto MOVE-II CubeSat na Universidade Técnica de Munique (TUM) cuja tecnologia de satélite é baseada em anos de pesquisa académica. Com sede em Munique, foi fundada em 2018 por quatro entusiastas do espaço Thomas Grübler, Björn Stoffers, Florian Mauracher e Rupert Amann, listados, este ano na “Forbes 30 Under 30 Tech”.
Tenevia – França
Recorre a sensores de imagem para monitorizar os níveis de água de forma a mitigar a ameaça de inundação, vigiando o nível da água, a velocidade da superfície e as correntes. Ao contrário dos sistemas mais tradicionais, as câmaras não estão abaixo da linha de água, o que permite que os utilizadores recolham dados precisamente durante os momentos de inundação. Ao explorarem dois campos de Inteligência Artificial (IA), visão computacional (análise de imagens) e modelagem numérica, as soluções da Tenevia oferecem acesso a novas medidas ambientais não apenas para ajudar a prever ameaças imediatas de inundações, mas também para recolher dados por mais tempo.
A Tenevia foi fundada em 2012 e está sediada em Meylan, em Grenoble, França. As suas soluções já foram usadas em toda a França e também em dois locais na Alemanha.
Tsar AI da Opt / Net BV – Holanda
O Tsar AI faz parte do conjunto de produtos OPTOSS AI da Opt / Net BV, uma start-up sediada em Amsterdão e criada no ano passado. Através de dados geoespaciais de observação da Terra fornecidos por satélites, o Tsar AI ajuda em emergências e as equipas de resposta a desastres a trabalharem com mais rapidez, inteligência e eficiência. A solução permite a deteção e quantificação automatizadas de todas as alterações relevantes, em todas as condições climáticas. O processamento e a análise são automatizados e a experiência do operador pode ser salva, reciclada e distribuída em massa. A tecnologia também possui aplicações para o mercado de defesa e segurança, onde são necessárias análises em larga escala da superfície terrestre e marítima.
World from Space – República Checa
É uma start-up sediada em Brno e foi fundada em 2017 pela Incubação de Negócios da Agência Espacial Europeia em Praga. As suas principais áreas de atuação são a monitorização de secas e vegetação a partir da infraestrutura de dados de satélite e análise de dados abertos. A sua solução pretende ser o serviço de avaliação de seca comercial por satélite mais benéfico para cidades, regiões, companhias de seguros e agricultores da União Europeia, e medir os impactos reais da seca na vegetação e prever a velocidade das próximas secas.