Start-ups com sede em Portugal levantaram 421 milhões em 2022

O ecossistema empreendedor português abrandou em 2022, mas a atração de investimento e uma fiscalidade mais competitiva podem dar novo impulso às start-ups em Portugal, conclui o estudo Startup and Entrepreneurial Ecosystem ’22, da Startup Portugal e da IDC.

O estudo Startup and Entrepreneurial Ecosystem ’22, apresentado ontem pela Startup Portugal e pela IDC Portugal, revelou que o capital levantado pelas start-ups sedeadas em Portugal, ao longo deste ano, totalizou os 421 milhões de euros, montante que representa uma subida de 249% face aos 169 milhões registados em 2021.

Por sua vez, o capital levantado por start-ups fundadas por talento português, mas independentemente da sua sede, decresceu 52%, passando de 1,473 mil milhões de euros, em 2021, para 710 milhões de euros, em 2022. Apesar disso constata-se que os dois últimos anos, 2021 e 2022, foram recordistas no que toca ao total de capital levantado por start-ups fundadas por talento português.

O Startup and Entrepreneurial Ecosystem ’22  revela também que 74,4% do ecossistema está numa fase de Seed ou Pre-Seed (vs. 78% em 2021); que 73,4% das start-ups estabelecidas em Portugal exportam; que 27% dos fundadores em Portugal são mulheres; que os grandes entraves ao recrutamento são a escassez de competências específicas e o elevado valor salarial; e que o salário do talento qualificado é um desafio para o ecossistema, pois é cada vez mais fácil ser-se recrutado por empresas estrangeiras, sem ter que sair do país. Acresce ainda o facto de 62% dos empreendedores usaram as suas poupanças para dar início ao seu negócio, e que as incubadoras estão presentes no início de vida de 50% das start-ups.

Nesta análise à evolução do ecossistema empreendedor português ao longo deste ano, ficam patentes também as ligeiras descidas nos rankings relacionados com o posicionamento de Portugal relativamente a outros ecossistemas globais, assim como nos indicadores relativos a aspetos facilitadores da instalação de novos negócios em Portugal, concretamente Índice de Paz, Infraestruturas, Conectividade ou Qualidade de Vida. Globalmente, o relatório destaca igualmente as melhorias no setor da educação.

Quanto aos desafios fundamentais para o ecossistema empreendedor português, o estudo destaca quatro, a saber: reter e atrair talento; melhorar o enquadramento regulatório e fiscal para as start-ups em Portugal; acesso a capital mais facilitado para as empresas em fase de scale up; e reforçar o posicionamento de Portugal como tech hub internacional.

A IDC e a Startup Portugal entrevistaram também mais de 25 personalidades do ecossistema português que identificaram como principais forças do ecossistema o “talento especializado”, assim como a “atratividade do país para estrangeiros” e como principais fraquezas a “fiscalidade’” aplicada às start-ups, assim como as “limitações do capital”.

A propósito das conclusões deste estudo, António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal, afirmou que “estamos num momento crítico para o nosso crescimento. Vemos que não estamos a crescer nos indicadores que nos posicionam perante outros ecossistemas e que é fundamental continuar a investir na comunidade empreendedora – nomeadamente através de incentivos, nova legislação e fiscalidade – por forma a podermos ser um país reconhecido internacionalmente como hub de empreendedorismo”. Por isso, reforçou a importância da implementação de medidas como os Vouchers para Startups e a Nova Lei das Startups que considera serem “fundamentais para que não fiquemos estagnados perante outros ecossistemas e apresentam um retorno a prazo muito positivo para a nossa economia”.

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