Start-up brasileira cria teste para avaliar gravidade de tumor cerebral infantil

O exame genético desenvolvido pela start-up Neogenys é 50% mais barato do que as alternativas internacionais disponíveis no mercado e pode ser armazenado à temperatura ambiente, o que facilita o seu transporte.
A start-up Neogenys, incubada no parque tecnológico da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, anunciou o primeiro exame brasileiro para o meduloblastoma. Embora seja considerado raro, este é o tipo de cancro pediátrico mais comum – todos os anos são diagnosticadas 30 mil crianças com esta doença em todo o mundo.
Baseado na metodologia de PCR, a mesma utilizada nos diagnósticos da Covid-19, o teste avalia o nível de atividade de 20 genes diferentes. O resultado informa se o tumor se desenvolverá de forma mais ou menos agressiva. Um procedimento que não é implementado no Brasil devido aos seus elevados custos.
Segundo o CEO da Neogenys, Ricardo Bonfim, “a falta de estratificação molecular faz com que todas as crianças recebam o mesmo tratamento, uma combinação agressiva de ressecção cirúrgica, quimioterapia e radioterapia”.
“A importância deste teste é dar a possibilidade aos médicos de terem acesso a informação, o que facilita uma maior precisão no protocolo clínico. O paciente ganha um tratamento personalizado e menos sequelas a longo prazo”, explica o responsável.
A tecnologia é mais barata do que a desenvolvida por laboratórios internacionais, o que permite um preço final 50% menor do que o das alternativas disponíveis no país, garante a start-up. A técnica também possibilita o armazenamento à temperatura ambiente, o que facilita o transporte e viabiliza a disponibilização da análise a médicos e instituições de toda a América Latina.
Validado na Alemanha, o teste mostrou resultados idênticos ao diagnóstico padrão para a estratificação do meduloblastoma, tendo recebido o prémio Startup do Futuro, pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), na área de biotecnologia e saúde.
O exame da Neogenys foi desenvolvido a partir da tese de doutoramento do cofundador da empresa, Gustavo Alencastro Veiga Cruzeiro, tendo obtido financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Brasil.