Start-up alemã procura próximo Harry Potter
As editoras são famosas por tomar decisões questionáveis sobre livros novos – o primeiro livro de Harry Potter, por exemplo, foi rejeitado mais de 10 vezes. Por isso, Ali Albazaz apresentou uma alternativa: perguntar a opinião dos leitores.
O programador de software e aspirante a escritor de 28 anos lançou em 2015 a Inkitt que disponibiliza aos utilizadores obras de cerca de 60 mil escritores independentes. Este negócio oferece à start-up dados importantes, tais como: se os leitores ficam acordados a noite inteira devorando uma história de vampiros; a frequência com que desistem de ler uma história de mistério e acabam por ficar a ver posts no Facebook; ou número de amigos que recomendam um livro, entre outros.
Tudo isto é possível graças a um programa de computador que filtra toda esta informação e depois apresenta recomendações de histórias com potencial de sucesso que a Inkitt publica em e-books, livros de áudio ou livros de papel. “O processo de tomada de decisões das grandes editoras pode ser muito aleatório e estas tendem a favorecer os autores consagrados”, diz Albazaz, citado pela Bloomberg. “Nós queremos descobrir a próxima J.K. Rowling, o próximo Stephen King”, acrescentou.
Albazaz considera que pode ajudar nesse processo ao monitorizar mais de 1.200 formas de os leitores lerem ou partilharem uma história. A Inkitt conta atualmente com cerca de 300 mil utilizadores ativos mensais, revelou o responsável. “Tudo tem a ver com os comportamentos em torno da história, o nível de leitura, a partilha e o comportamento dos novos leitores que chegaram através dos amigos”, disse Albazaz.
No ano passado, a Inkitt publicou cerca de 50 livros, incluindo “Reaper’s Claim”, um thriller romântico da autora estreante Simone Elise, que chegou ao número 12 da lista de e-books mais vendidos da Amazon quando foi lançado, em fevereiro de 2017.
A start-up também está a trabalhar com dados no processo de publicação, testando capas, teasers e descrições, a fim de escolher quais os que funcionam melhor com os utilizadores. Segundo Albazaz, a empresa ainda não é lucrativa, mas procura crescer mais.
Embora o modelo da Inkitt seja “interessante”, a start-up enfrenta um sério desafio para competir com as máquinas publicitárias das principais editoras, disse Karin von Abrams, analista da EMarketer. “Não será fácil que as obras lançadas pela Inkitt e publicadas em papel consigam um espaço nas mesas e prateleiras das livrarias tradicionais”, disse von Abrams.
Mas há espaço para crescer. A Penguin Random House, da Bertelsmann, colocou 263 livros nas listas dos mais vendidos do New York Times no primeiro semestre de 2017, incluindo 37 no primeiro lugar. O seu romance mais vendido foi “Thirteen Reasons Why” (“Os 13 Porquês”, em tradução livre), de Jay Asher, que vendeu mais de um milhão de cópias em todos os formatos, ajudando a empresa a aumentar as vendas para 1,5 mil milhões de euros.
Apoiada por investidores como a Earlybird Venture Capital, com sede em Berlim, e a Frontline Ventures, com sede em Londres, a Inkitt pretende expandir-se este ano para livros de não-ficção e tem como objetivo vender os seus livros em lojas como Walmart e Tesco.








