“Smartphones estão mortos só que ainda não o sabem”

Sol Rogers, CEO e fundador da galardoada produtora de realidade virtual e aumentada Rewind, esteve em Lisboa onde falou, entre outros assuntos, sobre as suas previsões para a indústria.

Sol Rogers foi recebido na Second Home Lisboa, um espaço de coworking situado no primeiro piso do Mercado da Ribeira, em Lisboa. Ali, num evento que contou com algumas dezenas de participantes, fez uma apresentação focada maioritariamente nas suas expetativas para o futuro da indústria da realidade virtual e aumentada.

Apesar de ser complicado fazer previsões para uma tecnologia de que ainda não se sabe a 100% as possíveis utilidades, Rogers antecipou algumas tendências que nos mostram para onde é que esta realidade vai caminhar.

Tal como Sol Rogers explicou na sua apresentação, trabalhar com esta tecnologia é quase como “construir um avião enquanto estamos a voar”, visto que não se sabem quais são as suas potencialidades.

A previsão mais “chocante” do fundador da Rewind foi referir, com toda a certeza, que os “smartphones estão mortos só que ainda não o sabem”. O argumento por trás desta afirmação passa pelo aparecimento de tecnologia que se aproprie do espaço que os smartphones ocupam atualmente. A antevisão de Rogers aponta para a criação de óculos que sejam capazes de executar as mesmas tarefas que os telemóveis.

Essa possível tecnologia pode ser algo como o que a Magic Leap – uma start-up que é tida como “um caso de estudo” na imprensa internacional pelo facto de já ter tido mais de 1,5 mil milhões em investimentos e não ter apresentado nenhum produto – promete trazer em 2018. Uma tecnologia controlada por uns óculos, uma bateria e um comando.

A grande dificuldade que a indústria está a atravessar é o número reduzido de consumidores, o que diminui o investimento e o tempo que os developers passam a desenvolver conteúdo para este tipo de plataformas.
O facto de a tecnologia ainda não ser acessível a todos os bolsos é apontado como o principal problema para haver poucos consumidores. Felizmente para o setor, em 2018, vão ser lançados óculos deste género relativamente baratos – que devem rondar os 200 euros. Prevê-se que para 2021 já existam mais de 100 milhões de utilizadores neste tipo de plataformas.

Um bom exemplo de que as pessoas só adotam as novas tecnologias quando estas estão disponíveis em aparelhos que já tenham comprado é a realidade aumentada. De acordo com Sol Rogers, jogos como o Pokemon GO tiveram um grande sucesso devido à possibilidade de utilização em qualquer smartphone. Com a introdução de tecnologia mais barata, e com outras utilidades associadas a esta, a previsão aponta para que haja um público maior neste tipo conteúdo.

Atualmente, segundo os dados apresentados por Rogers, 63% das pessoas utilizam esta tecnologia para treinar ou para fazer simulações reais. Exemplos disso são as simulações desenvolvidas por parte da Rewind para a NASA, que simulam “caminhadas no Espaço” (ver vídeo da simulação comercial). Por outro lado, 34% dos utilizadores utilizam a tecnologia para marketing e vendas, o que ainda é uma percentagem reduzida tendo em conta as potencialidades associadas à realidade virtual.

Questionado sobre os possíveis malefícios da realidade virtual, Sol Rogers afirmou que “séries como Black Mirror tem-nos mostrado os caminhos que não queremos percorrer”.

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