Roche e Lilly desenvolvem exame de sangue para diagnosticar Alzheimer

O Elecsys Amyloid Plasma Panel demonstrou desempenho clínico e está atualmente a guardar a aprovação do regulador FDA. O seu objetivo é ajudar os profissionais de saúde no diagnóstico precoce da doença de Alzheimer.
Atualmente, existem barreiras para o diagnóstico precoce e preciso da doença de Alzheimer em todo o mundo – 75% das pessoas vivem com os sintomas da doença, mas sem um diagnóstico. Aquelas que receberam o diagnóstico esperaram, em média, 2,8 anos após o início dos sintomas. Para enfrentar a crescente pressão que a doença está a colocar nos sistemas de saúde, será essencial tornar o percurso de uma pessoa até o diagnóstico mais rápida e acessível.
Por isso, a gigante farmacêutica suíça Roche anunciou que irá desenvolver, em parceria com a Eli Lilly, um exame de sangue para deteção da doença de Alzheimer. Se for aprovado, o teste Elecsys Amyloid Plasma Panel será uma ferramenta adicional para identificar a baixa probabilidade da doença em pacientes sintomáticos.
O teste mede os níveis de uma determinada proteína no sangue que tem sido associada ao início da doença de Alzheimer.
Embora não pretenda ser um teste independente, já que seriam necessários mais testes confirmatórios para a doença de Alzheimer, a Roche avança que este acelera o processo de diagnóstico e ajuda a direcionar as pessoas para os tratamentos mais apropriados.
“Como a doença de Alzheimer tem um conjunto de sintomas semelhantes a outras causas de demência, um teste negativo também é útil e pode ajudar muitas pessoas a evitar os testes caros e invasivos usados para confirmar a doença”, explica a Roche.
Segundo o CEO Roche Diagnostics, Matt Sause, o teste “tem o potencial de agilizar o caminho de uma pessoa até o diagnóstico” e, portanto, acelerar o acesso a tratamentos futuros.
Não há cura para o Alzheimer e, até recentemente, não havia tratamento para retardar a progressão da doença. O regulador FDA (Food and Drug Administration), dos EUA, aprovou de forma controversa o aducanumabe da Biogen, comercializado como Aduhelm, em 2021. Os dados clínicos que sustentam a decisão foram fortemente criticados, assim como a adesão do FDA ao protocolo ao aprová-lo. A agência deu luz verde ao lecanemab, vendido como Leqembi e produzido pela Biogen e pela Eisai do Japão, em janeiro, embora o acesso seja limitado.
Ambos os tratamentos são anticorpos monoclonais que visam um tipo de proteína que se acumula no cérebro de pessoas com Alzheimer. Como procuram retardar a progressão, a deteção precoce pode ser fundamental e ajudar a preservar o máximo possível do funcionamento do cérebro.
Por outro lado, são caros, requerem administração intravenosa frequente e, na melhor das hipóteses, parecem retardar apenas modestamente o declínio mental, explica a farmacêutica.
A Roche e a Lilly estão a aguardar a aprovação do regular FDA para o teste. As empresas pretendem enviar dados de estudos clínicos em 2025. Até lá, a Roche recrutará várias centenas de voluntários com sinais precoces de demência para testar o tratamento e recolher dados.