Opinião

Resiliência do colaborador

Carlos Carvalho, presidente da ADP França, Suíça e Tunísia

O cenário de mudança de 2020 fez com que empregadores e colaboradores buscassem soluções digitais para ajudá-los a superar os desafios de continuidade de atividade apresentados por esta pandemia global e consequente recessão económica.

Em 2021, fica claro que as empresas vão ter que acelerar sua transformação para se adaptar às novas realidades. Existe uma aceleração e uma necessidade crescente de dados rápidos, em tempo real e fiáveis para colmatar lacunas do trabalho remoto e capacitar uma ágil tomada de decisão, como também se vê claramente uma necessidade forte para que os empregadores se concentrem no bem-estar de seus colaboradores e criem um local de trabalho onde todos se possam sentir motivados e em confiança. Estas tendências irão moldar uma nova base mais forte para como o trabalho será feito no futuro.

Na ADP fizemos um grande estudo das grandes tendências de trabalho para 2021, e hoje partilho convosco algumas ideias que saíram desse estudo feito em 25 países, incluindo Portugal. Nos próximos artigos abordarei estes temas fortes do ano que agora começa. Hoje escrevo sobre uma das grandes tendências:

O Foco na resiliência do colaborador

Este tema revela que os empregadores darão prioridade às necessidades dos seus colaboradores e tomarão medidas para garantir um retorno seguro ao local de trabalho, implementando protocolos para limitar o risco de exposição da pandemia.

A ADP entrevistou empregadores com mais de 1.000 colaboradores no início da pandemia e descobriu que 39% dos empregadores relataram que o medo da saúde dos funcionários era uma das principais preocupações. À medida que os empregadores dão prioridade à saúde e à segurança dos seus colaboradores, a própria natureza do local de trabalho evolui.

Os colaboradores citaram fatores de stress significativos. No estudo, “A Post-Pandemic Workforce: Tracking Perspectives Amid COVID-19”, o ADP Research Institute apurou que, nas primeiras semanas da crise, os colaboradores lutavam com restrições de cuidados dos seus filhos, medo do vírus, problemas técnicos e problemas para cumprir corretamente o seu trabalho, mais de 40% dos colaboradores relataram níveis crescentes de stress pessoal.

De acordo com dados da ADP, os pedidos de orientação dos empregadores sobre questões de bem-estar, incluindo benefícios adicionais, licenças remuneradas e programas de assistência ao colaborador, aumentaram 40% em 2020. Este dado é muito revelador da futura organização de trabalho que se está a acelerar devido à pandemia.

No entanto, diante desses desafios, os colaboradores estão a tornar-se mais resilientes. De acordo com o ADP Research Institute, pesquisas realizadas nos últimos meses começaram a desvendar esse quadro de resiliência no local de trabalho. O Instituto entrevistou mais de 26.000 colaboradores para compreender a motivação, a resiliência e o impacto da COVID-19 no local de trabalho. No “Global Workplace Study, 2020”, quanto mais interrupções no local de trabalho os colaboradores experimentaram, mais resilientes eles se sentem e têm 13,2 vezes mais probabilidade de serem altamente resilientes.

Nesse mesmo estudo, uma grande parte dos estudados (37%) continuou a trabalhar normalmente durante a pandemia e 26% já havia retornado ao trabalho após a paralisação global. O ponto principal para os colaboradores estudados era a segurança. Alguns voltaram ao trabalho, outros anteciparam seu retorno em algumas semanas e outros disseram que pode levar meses para se sentirem seguros novamente.

Esta nova realidade de incerteza sobre o local de trabalho e as condições que possam levar a perturbações da performance no trabalho, está a levar a que os colaboradores se flexibilizem a um ritmo acelerado e com períodos de adaptação muito curtos, claramente uma tendência nunca vista anteriormente e que veio para ficar em 2021.

Comentários
Carlos Fontelas de Carvalho

Carlos Fontelas de Carvalho

Licenciado pelo ISEG em Gestão, em 1994, Carlos Carvalho começou a carreira nos escritórios da KPMG em Lisboa. Após um ano como auditor financeiro na KPMG, coordenou a equipa de desenvolvimento comercial B2B da empresa espanhola FAGOR Eletrodomésticos, onde desenvolveu o conceito em Portugal das cozinhas encastradas e o mercado da construção civil com cozinhas equipadas. Em 1997, a head hunter AMROP convida-o para o grande projeto da sua carreira: a direção operacional da maior rent-a-car a operar em Portugal,... Ler Mais..

Artigos Relacionados