Entrevista/ “Queremos ser vistos, cada vez mais, como um player de referência no mercado de auditoria e consultoria”

“A Forvis Mazars detém agora a capacidade de garantir que todos os clientes contam com uma experiência consistente, ágil e em escala”, assegura o Country Managing Partner da Forvis Mazars no mercado português a propósito da união recente entre as duas multinacionais da área da auditoria e consultoria.
“O nosso posicionamento no mercado português passará por responder de uma forma mais ágil às necessidades dos nossos clientes nos EUA ou de clientes nos EUA em Portugal”, explicou Luís Gaspar, Country Managing Partner da Forvis Mazars em Portugal, empresa que recentemente passou por um processo, à escala mundial, de união entre a Forvis e a Mazars dando origem à criação de uma network global.
Atualmente, com escritórios em Lisboa, Porto e Leiria, e uma equipa total de 270 profissionais, a agora Forvis Mazars prevê encerrar o exercício fiscal que termina em agosto com um volume de negócios de cerca de 19 milhões de euros. Para 2025, estima um crescimento na ordem dos 15%.
Com três escritórios e mais de 270 profissionais em Portugal, que reflexos terá a fusão internacional entre os grupos Forvis e Mazars no mercado nacional?
A nova marca não resulta de uma fusão e sim da criação de uma network global de duas firmas, a Mazars e a Forvis. As duas empresas vão trabalhar sob uma marca única, a Forvis Mazars, mas não existe uma fusão. O que fizemos praticamente do dia para a noite, levaria anos com uma fusão.
A Forvis tinha uma presença muito significativa nos EUA, o que não acontecia com a Mazars, que estava já presente, mas não com a mesma expressão. Por outro lado, a Mazars tem uma presença importante no resto do mundo. Esta network torna-nos mais globais, permite-nos unir esforços e ter maior escala e agilidade para servirmos os clientes.
Qual o impacto prático desta network na estratégia da agora Forvis Mazars? Vamos assistir a um reposicionamento da empresa e dos objetivos de negócio?
Considero importante começar por explicar que a Mazars e a Forvis já se conhecem há muitos anos e partilham princípios e valor comuns. Partilhamos o objetivo transversal de trabalhar em prol do benefício das gerações futuras e alinhados com o dever e a responsabilidade de defender a integridade da nossa profissão. Como tal, o nosso posicionamento e objetivos de negócio irão manter-se, mas a criação da network permite-nos oferecer serviços consistentes, coerentes e com qualidade em todas as geografias, mais flexíveis e adaptados a todas as necessidades específicas de cada cliente.
“A network está muito consciente do cumprimento exemplar do ambiente regulatório, em qualquer geografia onde atue”.
E quais as vantagens (ou desafios) da Mazars ser de origem francesa e a Forvis norte-americana, uma vez que estamos perante culturas empresariais diferentes?
A Mazars, apesar da sua origem francesa, já era uma organização global antes da criação da network com a Forvis. Isto é, inevitavelmente, enfrentámos no passado desafios relacionados com manter uma cultura empresarial uniforme, não obstante as nossas mais de 100 localizações. Claro que existem diferenças culturais, como por exemplo, a comunicação, que nos EUA tende a ser mais assertiva e direta, enquanto na Europa e em Portugal, as interações profissionais podem ser mais formais e cautelosas.
A network está muito consciente do cumprimento exemplar do ambiente regulatório, em qualquer geografia onde atue. O desenvolvimento de procedimentos robustos de compliance e de monotorização têm sido caraterística e continuarão a ser, de forma reforçada, na aliança Forvis Mazars.
Qual a projeção internacional da Forvis Mazars? Em que países está presente atualmente e por onde passam os seus planos de expansão?
A nível internacional, a Forvis Mazars é uma network top 10 global, presente em mais de 100 países, com mais de 400 escritórios e de 40.000 profissionais. Em conjunto, o objetivo é apoiar empresas de todas as dimensões, desde empresas de gestão privada e clientes particulares a grandes empresas cotadas em bolsa, organismos públicos e ONG, em todos os países e setores de atividade. Temos vindo a aumentar a nossa presença internacional de uma forma cuidada, respondendo às necessidades dos nossos clientes e às mudanças das condições do mercado.
Sendo duas empresas internacionais de referência em auditoria, fiscalidade e consultoria que trilharam caminhos diferentes, em mercados diferentes, o que podem agora as empresas esperar, em termos práticos, desta união?
A Mazars e a Forvis já se conheciam, trabalhavam juntas e partilhavam valores semelhantes. Ambas as empresas integravam a Mazars North America Alliance, formada em 2019. Não tinhamos caminhos diferentes em mercados diferentes uma vez que a Mazars já estava presente nos EUA. Atualmente, com a criação da network global, com cerca de 5 mil milhões de dólares de volume de negócios, os clientes podem contar com uma oferta adequada às suas necessidades, independentemente da sua geografia.
A Forvis Mazars detém agora a capacidade de garantir que todos os clientes contam com uma experiência consistente, ágil e em escala. Criamos uma solução reativa que funciona consoante o perfil de cada um dos nossos clientes, com o objetivo de proporcionar uma experiência de qualidade. Deste modo, podemos responder de uma forma mais integrada e com mais competências a necessidades que os nossos clientes tenham ou venham a ter nos EUA, ou vice-versa.
Ainda a destacar, está a nossa ambição de contribuir para o desenvolvimento a longo-prazo dos nossos clientes. Queremos estar presentes em momentos chave para que todas as organizações que confiam em nós, contem com um crescimento sustentável e consistente. Acreditamos que vamos, de modo paralelo, continuar a crescer e a desenvolver o nosso negócio lado-a-lado com os nossos clientes, de modo a seremos cada vez mais um player de referência.
Como se querem reposicionar no mercado português com este novo “formato”?
A partir do dia 1 de junho, a mudança para a Forvis Mazars tomou efeito a uma dimensão global. Em Portugal, a oficialização deste novo “formato” concretizou-se em três escritórios em Lisboa, Porto e Leiria, que em conjunto contabilizam mais de 270 profissionais dedicados aos nossos clientes. A partir de agora, temos acesso a um conjunto mais alargado de talento, competência e experiência.
Dado o contexto, o nosso posicionamento no mercado português passará por responder de uma forma mais ágil às necessidades dos nossos clientes nos EUA ou de clientes nos EUA em Portugal. Algo que é transversal a todas as geografias da Forvis Mazars. Em Portugal, queremos solidificar o nosso posicionamento no mercado, de modo a contribuir para o crescimento de diferentes áreas de negócios e das competências dos nossos auditores e consultores. A longo-prazo, queremos ser vistos, cada vez mais, como um player de referência no mercado de auditoria e consultoria.
Quais os targets preferenciais da vossa proposta de serviços e produtos no mercado português?
Prestamos serviços a empresas nacionais e internacionais, cotadas e não cotadas, pequenas e médias, e ainda, nos setores privado e público. O nosso propósito consiste na criação de valor para as empresas com as quais trabalhamos. Seja qual for o setor, trabalhamos com foco na inovação, no conhecimento profundo do mercado no qual os nossos clientes atuam e entregamos soluções que se adequam às necessidades de cada um e aos seus desafios.
” (…) as alterações na legislação e regulamentação nas áreas de negócio da Forvis Mazars são mudanças que representam simultaneamente oportunidades e desafios”.
O vosso setor de atividade é muito concorrencial em Portugal? Quais os principais desafios do setor?
Semelhante ao mercado europeu, em Portugal existem quatro players que representam a nossa concorrência mais direta. Depois das “Big Four”, a Forvis Mazars é a empresa que audita mais empresas cotadas na Europa e disputa o quinto lugar em Portugal.
A um nível global, a maioria das networks são compostas por centenas de entidades associadas em todo o mundo, que trabalham sob a mesma marca. No caso da Forvis Mazars, estamos a falar da união de apenas duas entidades, a Forvis Mazars Group SC, que continua exatamente com o mesmo partnership integrado, e a Forvis Mazars LLP nos EUA. Deste modo, considero que temos um posicionamento diferenciador e único, face à nossa concorrência.
Em relação aos desafios do setor, é inevitável mencionar que as alterações na legislação e regulamentação nas áreas de negócio da Forvis Mazars são mudanças que representam simultaneamente oportunidades e desafios. O nosso objetivo é formar os nossos auditores e consultores sobre os mais recentes desenvolvimentos, de modo a proteger o bem-estar dos seus respetivos clientes, caso essas alterações lhes causem algum impacto.
Num setor tão competitivo, pretendemos responder aos desafios do setor através da nossa network global, que procura constantemente oferecer um serviço ágil e personalizado aos nossos clientes e stakeholders.
Qual o volume de negócios que esperam alcançar até final do ano?
Antes de mais, começo por referir que, em Portugal, prevemos encerrar o exercício fiscal de 2023, que termina em agosto de 2024, com um volume de negócios de cerca de 19 milhões de euros, que representa um crescimento de cerca de 15%, face ao exercício anterior. Para o exercício de 2024/2025, projetamos um volume de negócios de cerca de 22 milhões de euros, que representará um crescimento de cerca de 15% face ao exercício em curso.
Numa Era em que os compromissos com a sustentabilidade, governance, inovação ou transformação digital, entre outros, dominam o dia a dia das empresas e dos negócios, como é que a Forvis Mazars se posiciona neste cenário?
A nível local e interno, na empresa, temos um conjunto de políticas, práticas, objetivos e compromissos de ESG (Environmental, Social and Governance) que promovemos em todas as geografias onde operamos, garantindo, assim, as boas práticas exigidas pelo setor. Para além disso, temos uma equipa experiente que trabalha esta área numa perspetiva de negócio para a empresa e que ajuda os clientes na definição e implementação das suas estratégias de sustentabilidade e ESG ou, com clientes que obviamente não podem ser os mesmos, emitindo os relatórios de fiabilidade limitada sobre informação não financeira.
No que diz respeito à transformação digital, esta é uma prioridade estratégica para os líderes de hoje. A nível global, a Forvis Mazars compreende a importância de adotar tecnologias que impulsionem o desempenho profissional e tragam vantagens competitivas às empresas. A transformação digital pode permitir que as equipas se foquem em trabalhos de maior valor acrescentado. Enquanto firma, percebemos a transformação do negócio como a base e a tecnologia como acelarador e facilitador desta transformação, com foco nas pessoas, nos processos e na tecnologia. Temos uma equipa de inovação a nível global e embaixadores e equipas constituídas para projetos específicos ao nível da inovação tecnológica.
Para além disto, partilhamos o desejo transversal de trabalhar em prol do benefício das gerações futuras, algo que se traduz também em esforços de preservação do meio ambiente e inovação tecnológica.
Respostas rápidas:
Maior risco: não corro, mitigo. (de)formação profissional
Maior erro: nunca erro e raramente me engano
Maior lição: a que darei amanhã
Maior conquista: a próxima