Publicidade: agências mais empreendedoras e atentas à transformação digital

Numa época em que o empreendedorismo e a transformação digital estão na ordem do dia, como é que o mundo da publicidade está a viver esta realidade? O responsável da Grafe Publicidade explicou como tem acompanhado as tendências.
Com um impacto significativo na economia nacional, o universo publicitário não ficou imune às alterações do mercado. A tecnologia publicitária inovou e a publicidade invadiu as plataformas digitais, relacionando-se de forma diferente com as pessoas e adaptando-se ao mundo digital que se vive atualmente. O próprio modelo de negócio das agências teve de acompanhar as tendências, sob pena de perderem mercado.
Ainda recentemente um estudo promovido pela Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) e pela Delloite, concluiu que cada euro investido em publicidade gera 4,39 euros do PIB. O “Impacto do setor Publicitário em Portugal”, assim se designa o referido estudo, refere que em 2017, esta indústria “foi responsável por 51.250 postos de trabalho, o que representa 1,1% do emprego total nacional”. Estima-se que o investimento total, em 2017, tenha sido de 571 milhões de euros.
Números à parte, importa perceber como é que perante a transformação do mercado do século XXI, com empresas, marcas e consumidores cada vez mais digitais, as agências acompanharam esta evolução.
Recorremos ao exemplo da Grafe Publicidade, uma agência de publicidade 100% nacional, com mais de trinta anos de atividade, que se assume como “fábrica de criatividade” e que tem feito da resiliência a sua imagem de marca.
O seu responsável, Luís Lucas, reconhece que o digital é um admirável mundo novo, mas que apesar disso, “o mundo não se vai tornar totalmente digital em meia dúzia de anos”. No caso do projeto que dirige, explica que “têm vindo a adaptar-se em função dos desafios atuais, procurando integrar o digital no ecossistema dos restantes meios, porque o consumidor vê online, compra offline, pesquisa no telemóvel, mas quer tocar ao vivo, ou consulta testes e reviews, mas não descura a opinião dos amigos e familiares. Perante este universo a maioria das marcas tem necessidade de continuar presente nos vários canais e a Grafe pode ser um parceiro em qualquer campo”.
Enquanto stakeholder neste mercado global da comunicação, o responsável da Grafe realça duas novidades.” Por um lado, as micro agências, com equipas muito reduzidas e com recurso a freelancers em função dos trabalhos que têm para entregar. Por outro, a possibilidade de troca de conhecimento que a partilha de espaços de cowork proporciona, onde há uma certa rotatividade de pessoas que leva à existência constante de “material fresco” através das novas opiniões e visões que chegam”. Faz uma avaliação positiva do mercado, apesar de reconhecer que traz mais desafios e aumenta a concorrência, “mas também faz trabalhar mais para ser melhor”.
Numa época em que o empreendedorismo está na ordem do dia, como é que esta atitude se aplica ao mundo da publicidade? Luís Lucas, explica que, no seu caso em particular, estão a tomar uma série de decisões para perceber quais as apostas que vale a pena enquadrar no futuro. “O meio digital está a fragmentar-se cada vez mais e é relativamente fácil cair na tentação de escolher o caminho errado”, afirma.
Contudo, e aproveitando a “revolução criativa e de gentes” que está a acontecer na zona onde está inserida, em Marvila (Lisboa), a Grafe criou em 2017 um portal (www.orientre.pt) para agregar a comunicação de eventos, espaços, empresas, pessoas, tudo o que possa ser interessante. “Esta foi uma forma interessante que encontrámos de estar próximos das novidades, mas também do pensar de empreendedores, chefs, jovens criativos e de perceber também as necessidades das empresas que estão a cavalgar esta energia efervescente que se sente por aqui”, explicou Luís Lucas.
Em 30 anos, lembra o fundador e responsável da agência, “muita coisa mudou, tecnológica e tecnicamente, mas o grande impulsionador das principais mudanças foi o consumidor. Também por isso, hoje a agência está menos focada na produção e mais dedicada “a apresentar soluções criativas, úteis, envolventes e, acima de tudo, exequíveis, que integrem as marcas de forma natural na vida dos consumidores. Isto só é possível com flexibilidade e capacidade de adaptação constantes, arrisco a dizer que provavelmente esta é razão da nossa resistência a todos os desafios que o tempo nos trouxe”, afirma Luís Lucas.