Opinião

Prontos para o futuro?

Jorge Pimenta, project manager do IPN*

No contexto atual, percebemos que não é mesmo possível prever o futuro, pois tudo à nossa volta mudou e está a transformar-se rapidamente. Como devem os mais jovens encarar estes tempos? Quais os próximos desafios e oportunidades? E os recém-licenciados depois de acabar a faculdade, que competências devem ter além de um curso?

Esta mesma questão é enfrentada por empreendedores, empresários e gestores, e muitos referem que a inovação nos próximos anos passará por três eixos: Transição Tecnológica; Sustentabilidade e Transformação da Experiência do Cliente.

Como é que então a geração Z, em particular os nascidos depois de 2000, pode encarar o seu futuro no mercado de trabalho em face destas mudanças?

Acredito que para os jovens estudantes (universitários e não só), antes de pensarem nos primeiros passos a dar nas empresas, devem preparar o futuro durante o percurso de formação académica. Esta pode acontecer em dois planos, complementaridade e diversidade:

  1. Um primeiro plano passa pelo envolvimento em atividades como associações estudantis, voluntariado e trabalho comunitário. Este passo é critico pois permite desenvolver competências pessoais como a autonomia, empatia ou a “escuta ativa”: saber ouvir e saber perguntar.
    Nesta era da comunicação através das ferramentas digitais é cada vez mais determinante saber comunicar corretamente em diferentes situações. A geração Z é nativa digital, mas a extroversão nas aplicações de messaging choca com as dificuldades noutros contextos. Estas dificuldades vão para além do normal choque geracional, e este período de confinamento só veio realçar que jovens Z’s nunca estiveram tão suscetíveis à depressão, ansiedade e solidão.
    É assim fundamental que cada jovem se desafie a “criar rede”, através da intervenção na sua comunidade, como por exemplo através do desporto. Ao alargar o seu círculo de conexões sociais, desenvolverão novas ferramentas de comunicação e reforçarão a sua confiança para entrar no mercado de trabalho.
  1. O outro plano passa pela capacidade de interagir em equipa e cooperar em diferentes ambientes culturais. O teletrabalho veio mostrar que podemos estar em Portugal, mas a trabalhar para uma empresa na Ásia ou na América! As novas equipas vão ser distribuídas em diferentes fusos horários e compostas por elementos multiculturais.
    Esta realidade veio acelerar a tendência de procura de “talento global” e alterou o próprio recrutamento. Quem procura já não olha aos limites geográficos e se, por um lado, isso abre um leque de escolhas global, por outro aumenta a competitividade a uma escala nunca vista.
    Por isto, é necessário investir desde cedo no desenvolvimento pessoal, colaborar internacionalmente e trabalhar a presença online. Para além das redes socias, a web oferece plataformas fantásticas para escrever/cocriar: seja um jornal, um blogue ou o LinkedIn. Quando partilhamos conteúdos estruturados, podemos chegar a qualquer parte do mundo e para além de construir a nossa visão, estamos a construir uma identidade. Constrói-a com critério e de forma consistente ao longo do tempo. E começa o quanto antes!

A incerteza é “certa” e vai permanecer nos próximos tempos, mas também as oportunidades:

– A Transição tecnológica de muitos setores está a acontecer abruptamente, pela inevitabilidade da transformação digital, mas esta transição vai muito para além de chavões ou do consumo online e trará imensos desafios para os novos “cientistas” e analistas de dados. E porque não inscreveres-te num curso online de programação?

– Por outo lado a Sustentabilidade já não é um objetivo, é uma exigência. Esta crise expôs camadas de danos ambientais que urge reverter. Abrem-se agora possibilidades para repensar cadeias logísticas, ciclos de vida e plataformas para partilha/utilização comum. Esta é a oportunidade para, tirando partido da tecnologia, criar novos modelos de negócio verdadeiramente circulares e que redefinirão o sec. XXI. Esta geração já deixou a sua marca na transformação da consciência coletiva. Agora, também podes fazer parte e liderar este processo!

Eventos como Começar Hoje são críticos para a formação complementar e para ir além do cv: dando inspiração e ferramentas para que cada jovem português se abra ao mundo verdadeiramente global. A Associação Começar Hoje tem como missão inspirar e capacitar os líderes de amanhã, ao potenciar o contacto entre empreendedores, líderes e inovadores. Este é um esforço fundamental para construirmos um país mais ambicioso, movido por uma geração mais preparada e mais capaz que nunca.

*E conselheiro da Associação Começar Hoje.

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