Opinião
Como programar uma ideia e lançar um produto tecnológico
É bastante comum pessoas com um espírito empreendedor terem ideias para lançar um produto que passe pela criação de uma aplicação / software. Mas isso pode criar um dilema para os empreendedores que não sabem programar.
Como criar o produto? Onde encontrar as pessoas certas para a equipa? O que é preciso saber para criar um produto tecnológico? Neste artigo ficará a par de várias soluções para dar o primeiro “código” às suas ideias. Desde os melhores locais para aprender a programar até algumas sugestões de empresas/sites para contratar developers para o fazer ou mesmo recrutar pessoas. Há um artigo sobre o tema onde é são exploradas outras opções “Encontra Co-Founder Tecnico”.
As opções para o empreendedor
Começando pela pergunta “como criar o produto” as três opções:
– Colocar as mãos no código;
– Contratar developers;
– Encontrar cofounders técnicos.
Mas isso leva-nos de imediato às próximas questões. Ou seja, “Onde comprar o serviço” e “onde aprender a programar” (partindo do pressuposto que o empreendedor em questão não sabe programar).
Onde contratar developers
No artigo que mencionei anteriormente foi explorada um pouco mais a opção de contratar uma empresa ou uma equipa de developers para desenvolverem o software ou app. Dentro desta categoria há várias hipóteses, duas delas são: recorrer a outsorcing (por exemplo em plataforma como o upwork, freelancer ou fiverr) ou a consultoras portuguesas (por exemplo, Altar, YLD, Growin).
No entanto, neste artigo quero falar de uma opção menos conhecida, as Júnior Empresas. Caso esteja pouco familiarizado com o tema, uma Júnior Empresa é, de forma bastante simplificada, uma associação sem fins lucrativos, constituída por estudantes universitários com o mote “Learning by doing” onde se desenvolvem produtos/serviços reais para empresas. Se quiser saber mais sobre o assunto pode consultar o site da JADE.
JUNITEC
Considerada a primeira Júnior Empresa em Portugal, existe desde 1990, está localizada no Instituto Superior Técnico e tem alcançado ótimos resultados. Já trabalhou com inúmeras marcas tais como BNP Paribas, Grupo BEL, EDP, KPMG, CEiiA. Os serviços disponibilizados passam por Eletrónica Mecânica, Impressão 3D Modelação 3D e Informática. Apesar de ainda possuírem poucos trabalhos no âmbito do software, no portfólio têm pessoas com as capacidades certas para desenvolver um MVP (ou até mais).
JEC
Esta é uma Júnior Empresa recente, foi criada em 2016, e está instalada no Tec Labs – Centro de Inovação Campus da FCUL. Tem serviços de Informática, Ciências da Vida e Energia. Por serem jovens, ainda estão a ganhar portfolio. Contudo, já possuem alguns trabalhos dignos de atenção.
Balanço
Recorrer a uma Júnior Empresa e contratar estudantes de engenharia pode revelar-se uma opção mais em conta do que contratar uma consultora / dev shop em Portugal, uma solução mais dispendiosa, mas com garantias mais elevadas.
Dominar a ideia
Mas para quê contratar uma equipa quando se pode aprender a programar e lançar um MVP com menos custos em alguns meses? Para os empreendedores que têm perfil e vontade de estar por dentro da criação das suas ideias, existem algumas soluções interessantes.
Hoje em dia, há muitas fontes de conteúdo para aprender a programar. Sugiro que se comece por aprender o Kit básico. Ou seja: HTML; CSS; JavaScript.
Nos dias que correm com apenas estas três linguagens é possível criar uma Web App por inteiro. Basta juntar a tecnologia Node.JS e a linguagem que antigamente dava apenas para programar em Front-End (JavaScript), passa também pode ser usada no Back-End. Caso haja alguma dúvida sobre a diferença entre Front-End e Back-End pode ler o post “O Que Precisas De Saber Para Programar A Próxima App”.
Opções para aprender a programar
Na prática existem duas formas de aprender a programar: Hard Work e Smart Work. A principal diferença entre as duas é a velocidade de aprendizagem, a triagem do conhecimento e a qualidade do ensino. E como o tempo é algo bastante importante para um empreendedor, talvez seja melhor investir alguns euros numa formação de qualidade do que andar, por sua conta e risco, à procura da melhor informação. Fiz uma seleção de algumas das melhores formas de aprendizagem gratuitas e pagas, esta últimas divididas entre formação online ou presencial.
Sites grátis
Existem dezenas de sites que oferecem conteúdo para aprender a programar. Contudo nem todos o fazem de uma forma muito otimizada. Como tal, partilho as três fontes que já testei e recomendo: Khan academy; Codeacademy; e FreeCodeCamp.
Destaco principalmente a opção FreeCodeCamp. Tem uma estrutura bem concebida, uma forma de expor o conteúdo informativo bastante simples e uma comunidade ativa. Caso queira saber mais formas de resolver determinado problema, basta procurar na internet o respetivo exercício e irá encontrar várias pessoas a explicá-lo e a realizá-lo.
Sites pagos
Apesar da taxa de desistência dos cursos online andar perto dos 87%, continua a ser uma ótima forma de aprender caso não tenha possibilidade de entrar num Bootcamp ou noutro curso.
udemy – Tem alguns cursos gratuitos; em média os cursos pagos tem o valor de 50 euros;
udacity – Possui alguns cursos gratuitos; Nanodegrees desde 200 euros;
Skillcrush – 410 euros por blueprint; grátis10 dias coding bootcamp;
Code School – 23 euros/mês; cerca de 15 cursos gratuitos disponíveis;
Skillshare – Modelo freemium; 1.º mês gratuito, restantes a partir de 7 euros/mês.
Bootcamps em Portugal
Academia de Código
Ainda hoje, depois de ter criado uma alternativa ao produto desta start-up, continuo fã desta equipa, marca e projeto. Durante muito tempo quis entrar no Bootcamp deles. Têm profissionais esplêndidos e ao sair-se daqui está-se pronto para o mercado de trabalho. Tem a duração de 14 semanas. Pode ser feito em Lisboa e no Fundão (brevemente Terceira será uma possibilidade). Quem frequenta este Bootcamp irá desenvolver um fullstack Java & JavaScript mindset.
O valor deste Bootcamp é de 6000 euros ( de realçar que facilitam o pagamento). Caso o Fundão seja a escolha, poderá ficar por 2500 euros.
Os únicos requisitos que conheço são: passar as quatro fases de seleção; total disponibilidade (5 dias por semana) das 9 h às 18h. Contudo, “é muito provável que passe grande parte das suas noites e fins-de-semana no Bootcamp.
Le Wagon
Está focada nos empreendedores que pretendem aprender a programar. O participante tem de estar 100% disponível para participar no curso. O Bootcamp tem a duração de 9 semanas. Pode ser feito em Lisboa e em mais 26 cidades espalhadas pelo mundo. Ao terminar o curso, o participante irá obter o nível de junior developer em Ruby on Rails. Todo o curso é administrado em inglês e requer que o participante conclua previamente uma preparação online sobre Ruby no Codecademy. O valor deste bootcamp é de 5900 euros.
Os únicos requisitos que conheço são: passar as duas fases de seleção; 9h – 15h de trabalho preparatório; total disponibilidade (5 dias por semana) das 9h às 19h (mínimo).
Eddisrupt
Todas as opções que mencionei anteriormente são ótimas, contudo são necessárias duas condições para as aproveitar: um montante considerável e total disponibilidade. Duas situações que os estudantes universitários e os trabalhadores podem ter dificuldade em assegurar. A Eddisrupt acredita que qualquer pessoa pode aprender a criar tecnologia e criar soluções para os problemas existentes na sociedade. O seu Bootcamp ensina MEAN stack (MongoDB, Express, Angular e Node.JS) e torna os participantes em Fullstack Developer em Node.JS em 20 semanas. Com aulas presenciais aos sábados e com desafios diários, esta opção é a solução ideal para quem tem um horário semanal rígido mas que, mesmo assim, pretende aprender a programar usando as tecnologias que empresas como UBER, Airbnb, 9Gag ouTwitter, por exemplo, usam. O valor é de 69€ por mês.
Os requisitos são: passar as duas fases de seleção; concluir os desafios de pré-seleção; total disponibilidade (1 dia por semana) das 13h às 19h; uma hora por dia para os desafios; capacidade de foco e auto-gestão.
Conclusão
Existem múltiplas formas de dar “código” a uma ideia, e soluções para todos os tipos de budgets e perfis, umas com mais garantias, outras com menos, se não forem bem exploradas.
Se o objetivo for estar o mais dentro possível do processo de criação e desenvolver skills, ao mesmo tempo que reduz gastos, então a melhor opção será aprender a programar. Como se viu, em 20 semanas é possível fazê-lo mantendo a rotina diária. Está nas suas mãos a escolha de como vai dar “código” à sua ideia.
*Rui Nogueira é estudante de Marketing e Publicidade em Santarém. Esteve envolvido na criação do projeto ZHero, um podcast de empreendedorismo, e participou também no programa de pré-aceleração da Startup Lisboa (Upframe). Atualmente está na Startup Eddisrupt, da qual é cofundador.