Programadores portugueses querem equilíbrio entre vida profissional e pessoal

O relatório global da OutSystems revela as tendências da satisfação profissional dos programadores. No caso português, 62% dos programadores deseja um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
A OutSystems divulgou esta semana um novo relatório – que conta também com dados específicos para o mercado português – focado no emprego para programadores, identificando, por um lado, os fatores que os motivam a permanecer nas empresas e, por outro, as frustrações que os afastam.
Os resultados do “Developer Engagement Report: Are Your Developers Happy or Halfway Out The Door” mostram às equipas de TI e aos executivos C-level novos insights para reter programadores talentosos, e oportunidades para atrair novos talentos à medida que a concorrência aumenta. No conjunto das descobertas destaque para o facto de em Portugal mais de 84% dos programadores afirmar que, definitivamente, estará na empresa no prazo de um ano, enquanto 45% acredita que ainda estará lá no prazo de dois anos.
Globalmente, 48% dos programadores disse que estaria na sua atual empresa daqui a um ano e apenas 29% dos desenvolvedores globais acha que definitivamente estará na mesma empresa no prazo de dois anos.
Quando questionados sobre se estão satisfeitos com as suas atuais empresas e com os salários que auferem, apenas 16% dos programadores portugueses concorda fortemente com a afirmação de que está a pensar seriamente em mudar de empresa. Também, apenas 16% dos entrevistados portugueses sente fortemente que é mal pago, muito abaixo de quase metade (49%) dos developers em França, por exemplo.
Outra das conclusões do relatório da OutSystems mostra que 62% dos inquiridos nacionais concorda que necessita de um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal versus 50% dos programadores globais e 63% dos programadores na região EMEA. Ainda no plano global, constata que 80% dos programadores nos Países Baixos (a percentagem mais elevada) concorda fortemente que precisa de um melhor equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal versus 30% dos programadores nos EUA (a percentagem mais baixa). Já em Portugal, apenas 27% dos programadores está satisfeito com o número de programadores que trabalham nos seus projetos, comparando com 43% a nível global.

Diferenças Geracionais
O relatório revela também que os programadores portugueses estão atentos à elevada procura de talentos no país. 69% dos developers inquiridos concorda fortemente com a afirmação de que “existem tantas oportunidades para mim que poderia facilmente obter uma posição melhor agora”. Esta é, aliás, a percentagem mais elevada de todos os países inquiridos, e um reflexo da falta de talento existente e de como as empresas em Portugal estão a deparar-se com dificuldades para recrutar.
Outro aspeto relevante do “Developer Engagement Report: Are Your Developers Happy or Halfway Out The Door” é o facto de 70% dos programadores inquiridos em Portugal estar muito satisfeito com a capacidade de trabalhar a partir de qualquer lugar, comparando com 48% dos inquiridos na região EMEA. Esta percentagem só é ultrapassada pelos programadores brasileiros (77%).
Outro indicador analisado no relatório diz respeito à utilização do low-code como um subconjunto da comunidade maior de programadores. Os resultados indicam que utilizadores low-code – a maioria dos quais também usa linguagens de codificação tradicionais – experimentam maior satisfação em relação à carga de trabalho, semanas de trabalho mais curtas, maior crescimento na carreira e menos fatores que contribuem para o burnout.
A nível global constata-se que mais da metade dos programadores low-code relatou estar “muito satisfeito” tanto com a produtividade da equipa (59%) como com a qualidade das ferramentas à sua disposição para concluir o seu trabalho (57%). Por outro lado, menos de metade dos utilizadores de código tradicionais relatou sentimentos semelhantes em relação à produtividade da equipa (41%) e às ferramentas de desenvolvimento (36%).
Mais de 71% dos utilizadores low-code diz que conseguiu cumprir a semana de trabalho típica de 40 horas, em comparação com apenas 44% dos programadores tradicionais. Além disso, 63% dos programadores low-code indica que está satisfeito com seu salário e benefícios em comparação com 40% dos programadores tradicionais. Os programadores low-code receberam uma média de 3,5 promoções de emprego na sua empresa atual, enquanto os programadores tradicionais foram promovidos apenas 2,0 vezes.
Este relatório, refira-se, teve como ponto de partida dados de 860 programadores globais de diferentes origens, para identificar as principais tendências no que respeita à satisfação laboral e retenção nas empresas, assim como fornecer as melhores práticas para os líderes de TI evitarem situações de burnout e maior rotatividade de talentos.