Entrevista/ “Pretendemos apostar mais nos mercados europeus”

João Rodrigues, cofundador e business developer da IDentPrint

Criada há cerca de cinco anos, a IDentPrint mantém o foco na inovação, na tecnologia e na transformação digital. Em entrevista ao Link To Leaders, João Rodrigues, cofundador da empresa e business developer, reafirmou a intenção de consolidar a IDentPrint como uma referência em projetos para logística e produção.

As soluções da IDentPrint visam otimizar os processos de identificação e recolha automática de dados, independentemente do tipo de processos ou dos mercados verticais de cada cliente, contribuindo para a otimização e o aumento da competitividade das empresas, independentemente da sua dimensão. Apesar da pandemia, que a obrigou a fazer ajustes na forma de fazer negócios, a IDentPrint este ano espera igualar a faturação de 2019 que foi ligeiramente superior a dois milhões de euros.

A IDentPrint está no mercado há cerca de cinco anos. Que balanço faz da evolução da empresa e do próprio mercado?
A IDentPrint evoluiu bastante e teve um crescimento exponencial, tendo tido por isso um crescimento muito positivo, tornando-se numa das principais empresas deste mercado e uma referência em projetos para logística e produção. Temos tentado evoluir também em termos de soluções e criado novos caminhos com o Print&Apply, Codificação, o Picking por voz e o RFid.

O mercado por sua vez também evoluiu, com uma grande procura de soluções de mobilidade e de melhorias de processos, que estão cada vez mais automáticos.

Quais são os vossos produtos/serviços “estrela” neste momento?
Um deles é o Pick to Voice. Traduzido de inglês, Pick to Voice não é mais que fazer Picking por voz, usando software de reconhecimento de voz que, conjuntamente com o seu software de gestão de armazéns (ou outro), fornece a direção e as tarefas executar pelo operador em armazéns e centros de distribuição.

O outro é o RFid – Identificação por radiofrequência ou RFID (do inglês “Radio-Frequency IDentification”). É um método de identificação automática através de sinais de rádio, através de Tag’s (etiquetas) RFID. Estas Tag’s podem ser ativas ou passivas.

O que distingue a abordagem da IDentPrint ao mercado e aos clientes? As soluções? O serviço ao cliente…?
Sempre fomos muito reconhecidos pela atenção ao cliente e pelo grande conhecimento das soluções, conseguindo, desta forma, dar um excelente aconselhamento da melhor solução para cada situação. Também os nossos serviços técnicos são muito competentes e por isso temos clientes que após usufruírem desse serviço com nível de satisfação alto, passam também a comprar os produtos e soluções na IDentPrint

De que áreas são atualmente os vossos principais clientes?
Os nossos clientes são de todos os setores e de todas as dimensões, com especial enfoque nos mercados da logística, produção, saúde e retalho.

“Claro que a pandemia nos obrigou a fazer ajustes na forma de fazer negócios (…)”

O facto de muitos clientes/setores de atividade estarem a passar por dificuldades, devido à crise, pode afetar o vosso modelo de negócio?
Claro que a pandemia nos obrigou a fazer ajustes na forma de fazer negócios e principalmente nos meses de maior confinamento tivemos decréscimos significativos, mas aos poucos têm vindo a ser retomados os níveis normais.

Sendo a IDentPrint especializada em soluções de identificação automática, wireless, scanners, terminais, impressão, aluguer e equipamento, que benefícios é que a transformação digital trouxe à vossa área de atividade?
Nós comercializamos produtos e soluções IoT e para a indústria 4.0, pelo que obviamente ajudamos nessa transformação digital. Por exemplo, para esta fase pandémica, temos caixas de desinfeção inteligentes (para desinfetar os equipamentos que vendemos ou outros), bem como uma solução que por bluetooth ajuda a manter os colaboradores à distância de 2 metros.

“(…) há muito que a nossa estratégia já era virada para produtos e soluções ligadas à transformação digital. Cada vez mais procuramos esse tipo de soluções diferenciadoras no mercado (…)”

De que forma essa transformação digital alterou a vossa própria abordagem estratégica ao mercado?
Desde há muito que a nossa estratégia já era virada para produtos e soluções ligadas à transformação digital. Cada vez mais procuramos esse tipo de soluções diferenciadoras no mercado, pelo que só estamos a seguir essa estratégia delineada há muito. São soluções que a partir de alguns produtos dos nossos parceiros internacionais desenvolvemos internamente e transformamos em solução.

Os clientes estão a conseguir acompanhar esse ritmo ou ainda é difícil “evangelizar” os clientes para a adaptação ao digital?
Os clientes nem sempre conseguem acompanhar, uma vez que a mentalidade das empresas não acompanha as tendências de mercado. Tentamos mostrar as vantagens e o retorno que lhes pode trazer, mas nem sempre aceitam, pensam só no imediato, no custo e não como um investimento com retorno.

Na sua opinião, de que forma a robótica e as novas tecnologias podem substituir os sistemas de identificação e impressão tradicionais?
Já o fazem há muito. A própria IDentPrint tem acompanhado essa tendência e disponibiliza soluções que promovem a automatização, nomeadamente a impressão e aplicação automática de etiquetas (Print&Apply) e a impressão direta por inkjet no produto/caixa (codificação).

Fazemos internamente muita pesquisa na busca dessas soluções través dos nossos técnicos e depois com a ajuda da parte comercial vemos se se integram na nossa estratégia e/ou enquadram no mercado português.

“(…) [a pandemia] mudou os nossos hábitos e tivemos muitos meses sem contacto direto com clientes que não fossem online.”

No atual contexto de pandemia, que dificuldades (ou não) têm enfrentado na gestão das equipas, algumas delas provavelmente em teletrabalho?
Obviamente mudou os nossos hábitos e tivemos muitos meses sem contacto direto com clientes que não fossem online. O nosso modelo de aconselhamento a visualizar da operação de logística ou produção do cliente quase que deixou de existir e passámos a fazê-lo online. Felizmente adaptamo-nos bem e com sucesso, mantendo os mesmos níveis de serviço e proporcionando a satisfação ao cliente com a otimização dos seus processos com consequente melhoria dos mesmos. Tanto a nossa equipa como os clientes tiveram boa reação e adaptação a este novo contexto.

Como está a performance financeira da IDentPrint este ano e quais as previsões de faturação para 2021?
Esperamos igualar a faturação de 2019 que foi ligeiramente superior a dois milhões de euros e se não houver surpresas com a pandemia, crescer 20% no próximo ano. 

A internacionalização é estratégica para a empresa? Quais os mercados prioritários?
Sim, já temos alguns clientes internacionais maioritariamente multinacionais com quem trabalhamos em Portugal e com as quais estendemos a colaboração. Mas pretendemos apostar mais nos mercados europeus, quer através destes clientes presentes nos mercados europeus, quer com uma comunicação mais virada para o mercado internacional.

Está ligado a este setor de atividade há vários anos. Quais as mudanças mais significativas que sentiu no mercado, na relação com os clientes, com a concorrência?
A tecnologia está ao alcance de qualquer empresa, muitas das vezes com custos muito contidos. Há uma maior abertura para mobilizar as operações e automatizar processos, logo o número de clientes desta área não para de crescer, dependendo menos da mão humana e dos seus erros naturais e confiando cada vez mais na tecnologia. Portugal neste setor tem reagido de forma idêntica os parceiros europeus estando a lutar de igual para igual.

“A burocracia em Portugal e os impostos travam muito o desenvolvimento das empresas e quem trabalha com capitais próprios (…)”

Como tem sido este seu trajeto como empreendedor? Aposta ganha?
Claramente ganha! Temos crescido todos os anos e hoje somos uma das principais empresas neste mercado da identificação automática e principalmente nos projetos de logística e produção.

Não foi, no entanto, um processo fácil. A burocracia em Portugal e os impostos travam muito o desenvolvimento das empresas e quem trabalha com capitais próprios, como a IDentPrint, sente maiores dificuldades. Também nunca tivemos apoio de qualquer fundo

Quais as suas metas empresariais para o próximo ano?
Continuar a estratégia de crescimento sustentado e exponencial, manter os bons serviços, continuar a desenvolver projetos inovadores e diferenciadores. Para isso vamos ter que aumentar a equipa e continuar a investir na empresa e nas soluções.

Respostas rápidas:
O maior risco: Criar um projeto do zero como foi a IDentPrint.
O maior erro: Contratar alguns RH.
A maior lição: Só devemos contratar, quando realmente estamos seguros de que são uma mais-valia para a empresa.
A maior conquista: A IDentPrint tornar-se numa das principais empresas deste mercado, acrescido de o ter conseguido em pouco tempo.

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