Entrevista/ “A consultoria tecnológica terá de ser cada vez mais estratégica, orientada ao impacto e à transformação sustentável dos negócios”

“Nos próximos anos, a consultoria será cada vez mais orientada por dados, com foco em resultados tangíveis e impacto social. A personalização, a ética digital e a cocriação com os clientes serão fatores diferenciadores num setor em constante reinvenção”, explica Miguel Guerra Machado, Executive Partner na Milestone.
Criada em 2010 pela iniciativa de amigos, e focada na implementação de sistemas de informação de gestão SAP, a Milestone passou de uma start-up quatro pessoas para uma equipa de 200 colaboradores, mantendo um crescimento consistente e sustentado ao longo de mais de uma década.
Com presença consolidada nas áreas de SAP, Cloud, Analytics, AI e Talent Solutions, a consultora tecnológica tem sido reconhecida como uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal e no ano passado foi classificada, Happiness Works, como a segunda empresa mais feliz para trabalhar em Portugal. O ano passado 13,5 milhões de euros, tem uma taxa de retenção de 92% e mantém a sustentabilidade no centro da nossa estratégia em termos financeiros, sociais e ambientais.
Em entrevista ao Link to Leaders, Miguel Guerra Machado, Executive Partner na Milestone, revela que a sua ambição é que o legado da empresa seja “o impacto positivo que deixa nas pessoas, nas organizações e na sociedade num projeto que evolua e se torne maior que os seus fundadores”.
Este ano a Milestone celebra 15 anos. Se recuar até ao início, o que o levou a criar a empresa? Que lacuna sentiram que podiam colmatar no mercado?
A Milestone nasceu da vontade de ser mais do que um fornecedor de tecnologia, pretendíamos ser um verdadeiro parceiro estratégico. Identificámos uma lacuna no mercado: muitas empresas careciam de soluções tecnológicas integradas acompanhadas por uma orientação próxima, humana e especializada. Foi esse o espaço que nos propusemos a preencher.
Que momentos considera mais marcantes neste percurso de 15 anos? Há algum desafio que se tenha revelado particularmente transformador?
Entre os marcos mais significativos estão a conquista dos estatutos de SAP, Microsoft e Cisco Gold Partner, a diversificação das áreas de atuação e o reconhecimento como uma das melhores empresas para trabalhar em Portugal. O maior desafio, e simultaneamente o mais transformador, foi a necessidade de adaptação constante à mudança, algo que superámos com resiliência, foco e uma equipa extraordinária.
“(…) alterámos o modelo de gestão para manter a agilidade de uma start-up, mas com processos e estruturas mais robustas”.
De uma equipa de quatro pessoas passaram para mais de 200 colaboradores. Como é que geriram este crescimento sem perder a identidade?
O crescimento foi acompanhado por uma aposta contínua no talento e por um reforço na cultura organizacional. Quando atingimos 50 pessoas, alterámos o modelo de gestão para manter a agilidade de uma start-up, mas com processos e estruturas mais robustas. A identidade manteve-se através da valorização da excelência, integridade e proximidade.
A Milestone tem uma taxa de retenção de mais de 92% e é frequentemente destacada como uma das melhores empresas para trabalhar. Qual é o segredo para manter as pessoas motivadas e comprometidas durante tanto tempo?
O segredo está numa cultura que promove escuta ativa, reconhecimento, equilíbrio e propósito. Programas de desenvolvimento pessoal, iniciativas de bem-estar e um ambiente onde se valoriza a autonomia e a confiança são práticas que têm feito a diferença.
Num setor tão competitivo e volátil como o tecnológico, como é que se cultiva uma cultura organizacional sólida e atrativa?
Mantendo os nossos valores como pilares e promovendo uma liderança que serve e inspira. A cultura é também reforçada pela consistência na comunicação interna, abertura à inovação e compromisso com o bem-estar das pessoas.
A Milestone atua em áreas em constante transformação como SAP, Cloud, Analytics e AI. Como se mantêm na linha da frente da inovação?
Através de uma escuta ativa das necessidades dos nossos clientes e da escolha estratégica de parceiros tecnológicos que partilham a nossa visão de futuro.
De que forma estão a incorporar a inteligência artificial e a automação nos vossos serviços e operações?
Estamos a integrar IA e automação de forma transversal, desde a otimização de processos internos até à criação de soluções inteligentes para os nossos clientes. Apostamos em ferramentas que aumentam a eficiência, reduzem erros e libertam as equipas para tarefas de maior valor acrescentado.
(…) a tecnologia deve ser um motor de desenvolvimento sustentável (…)”
A sustentabilidade é cada vez mais uma exigência para empresas tecnológicas. Qual tem sido o papel da Milestone nesse campo?
A sustentabilidade está no centro da nossa estratégia em termos financeiros, sociais e ambientais. Acreditamos que a tecnologia deve ser um motor de desenvolvimento sustentável nestas três vertentes de análise. Na vertente social, estamos fortemente envolvidos nas comunidades locais. Na vertente ambiental, implementámos práticas de eficiência energética, promovemos o trabalho remoto e desenvolvemos soluções que ajudam os nossos clientes a reduzir a sua pegada ambiental.
Como vê a evolução da consultoria tecnológica nos próximos 5 a 10 anos? Que tendências estão a moldar o futuro do setor?
Nos próximos anos, a consultoria será cada vez mais orientada por dados, com foco em resultados tangíveis e impacto social. A personalização, a ética digital e a co-criação com os clientes serão fatores diferenciadores num setor em constante re-invenção. O setor será moldado por tecnologias como inteligência artificial, automação e cibersegurança. A consultoria tecnológica terá de ser cada vez mais estratégica, orientada ao impacto e à transformação sustentável dos negócios.
Qual é a ambição da Milestone para a próxima década?
Vemos a Milestone como uma referência em soluções tecnológicas humanas e sustentáveis. O nosso legado será o impacto positivo que deixamos nas pessoas, nas organizações e na sociedade num projeto que evolua e se torne maior que os seus fundadores.
Tendo acompanhado de perto todo o percurso da empresa, o que mais o orgulha quando olha para trás?
O impacto positivo que conseguimos gerar na vida das pessoas desde colaboradores, clientes e até parceiros, é motivo de um profundo orgulho. É gratificante ver como a Milestone se tornou uma organização com um verdadeiro propósito.
“(…) liderar é servir”.
E pessoalmente, o que aprendeu ao longo destes 15 anos como líder?
Que liderar é servir. É criar condições para que os outros brilhem, cresçam e se superem.
Respostas rápidas:
Maior risco: Ter recusado projetos financeiramente atrativos que não estavam alinhados com os nossos valores.
Maior erro: Subestimar, nos primeiros anos, a importância de processos estruturados e não termos encontrado a capacidade financeira que permitissem a continuidade de determinadas ofertas.
Maior lição: A cultura é o maior ativo de uma organização.
Maior conquista: Ver a Milestone reconhecida como uma referência em tecnologia e em capital humano.