Entrevista/ “Portugal funciona como um laboratório para testar novos conceitos e desenvolver soluções produtizadas”

“O nosso diferencial foi apostar na experiência do utilizador (UX) e no desenvolvimento front-end, o que nos permitiu trabalhar com grandes empresas e integrar projetos de plataformas low-code como OutSystems e Mendix”, revela Nelson Rodrigues, CEO da empresa de Leiria Mediaweb.
A Mediaweb lançou um novo serviço, AI Driven UX, que utiliza Inteligência Artificial (IA) para transformar a forma como as empresas criam e otimizam as suas experiências digitais. Esta oferta já está a ser implementada em clientes nacionais e internacionais, ajudando-os a criar interações mais inteligentes, fluidas e personalizadas.
Especializada em User Experience (UX) e Low-code, a Mediaweb conta com mais de 18 anos de experiência a desenhar experiências digitais. Com uma equipa de cerca de 50 profissionais, a empresa de Leiria tem vindo a desenvolver projetos para setores como banca, seguros, saúde e retalho, entre outros, em geografias como Estados Unidos, Reino Unido e Médio Oriente. Em 2023 entrou na lista da consultora Deloitte das 50 tecnológicas que mais cresceram em Portugal.
Tudo começou em 2006 quando Nélson Rodrigues tinha acabado o curso profissional de Informática e juntamente com dois colegas criou a Mediaweb, em Leiria. Sem experiência real nem formação universitária, decidiram lançar-se, ainda assim, por conta própria, como web developers, a fazer websites para empresas. Hoje a empresa integra o grupo Growset e quer “continuar a tirar partido da IA aliada ao UX para oferecer experiências digitais impactantes aos nossos clientes, integrando essas soluções em plataformas low-code através de inovação e automação avançada”, explica Nelson Rodrigues, CEO & Head of Solutions na Mediaweb, ao Link to Leaders.
Como surgiu a ideia de criar a Mediaweb?
A Mediaweb nasceu da ambição de três jovens recém-saídos do ensino secundário com formação em informática, que viram uma oportunidade na criação de websites para empresas numa altura em que poucas tinham presença digital. Movidos pela paixão pela tecnologia e pelo desejo de criar algo próprio, lançaram-se no mercado com o objetivo de ajudar as empresas a dar os primeiros passos no mundo online.
“Os primeiros anos foram desafiantes. Éramos muito jovens, cometemos erros e tivemos momentos em que a continuidade da empresa esteve em risco”.
Que balanço faz dos mais de 18 anos de atividade?
Os primeiros anos foram desafiantes. Éramos muito jovens, cometemos erros e tivemos momentos em que a continuidade da empresa esteve em risco. No entanto, com resiliência e o contributo de pessoas que se foram juntando ao projeto, conseguimos consolidar o nosso percurso e encontrar o nosso posicionamento no mercado. Foi um caminho de aprendizagem constante que nos permitiu evoluir e especializar-nos.
O que mais mudou na vossa estratégia?
Começámos com o foco na criação de websites premium, mas rapidamente percebemos que o mercado evoluía e que as nossas competências em Web Design se tornavam ainda mais valiosas na área do design de software. O nosso diferencial foi apostar na experiência do utilizador (UX) e no desenvolvimento front-end, o que nos permitiu trabalhar com grandes empresas e integrar projetos de plataformas low-code como OutSystems e Mendix.
Quais foram os momentos mais desafiantes?
Antes de nos especializarmos, trabalhávamos sobretudo com pequenos clientes, o que tornava a gestão mais desafiante. Muitas vezes, não tinham tempo ou conhecimento para acompanhar os projetos de forma estruturada, criando dificuldades adicionais. A transição para projetos de maior dimensão e complexidade foi um desafio, mas também um passo essencial para a nossa consolidação. Com o tempo, evoluímos de um foco mais técnico para uma abordagem que integra UX, tecnologia e negócio, o que nos permitiu oferecer aos clientes uma experiência digital mais completa.
“Acompanhamos todo o processo, desde a ideação e AI Driven UX, onde utilizamos IA para potenciar o UX/Product Design, explorando conceitos e validando soluções através de Design Sprints e protótipos funcionais”.
Quais os serviços que disponibilizam?
Acompanhamos todo o processo, desde a ideação e AI Driven UX, onde utilizamos IA para potenciar o UX/Product Design, explorando conceitos e validando soluções através de Design Sprints e protótipos funcionais. Desenvolvemos interfaces (UI) de alta fidelidade e Design Systems escaláveis, garantindo consistência e eficiência. Implementamos tudo com desenvolvimento front-end especializado para OutSystems, Mendix ou soluções custom. Por fim, asseguramos a evolução e melhoria contínua, tirando sempre partido do foco na experiência do utilizador para criar soluções digitais intuitivas.
Como caracteriza o vosso tipo de cliente?
O nosso cliente típico são grandes empresas que necessitam de múltiplos sistemas de informação, sejam internos, externos ou para parceiros. No entanto, também trabalhamos com pequenas empresas quando o seu modelo de negócio está fortemente assente num produto digital.
A internacionalização é uma aposta?
Atualmente, mais de 50% do nosso volume de negócios provém do mercado internacional e prevemos que esse número ultrapasse os 75% a curto prazo. Este mercado é essencial para nós, pois desafia-nos e impulsiona a nossa evolução. Por outro lado, o mercado nacional continua a ter um papel estratégico. Portugal funciona como um laboratório para testar novos conceitos e desenvolver soluções produtizadas que possamos escalar internacionalmente.
“Os Estados Unidos e o norte da Europa são os nossos principais mercados internacionais”.
Quais os mercados mais representativos para a empresa?
Os Estados Unidos e o norte da Europa são os nossos principais mercados internacionais.
O que contribuiu para que estivessem entre as empresas de tecnologia que mais cresceram em 2023, segundo a Deloitte?
O nosso crescimento deveu-se, sobretudo, à especialização em UX Design e Front-end para plataformas low-code. É uma área muito específica, onde há poucas empresas focadas exclusivamente neste tipo de serviço. Além disso, trabalhar com clientes internacionais e de grande dimensão permitiu-nos crescer de forma sustentada e reforçar a nossa posição no mercado.
Se pudesse, o que teria feito de diferente na Mediaweb?
Teria investido mais cedo em especialização e nichos estratégicos, evitando projetos que não alinhavam com a nossa visão a longo prazo.
O que mais mudou na sua forma de liderar na Mediaweb ao longo dos anos?
A importância de alinhar constantemente a equipa com a visão da Mediaweb é fundamental para garantir um crescimento sustentável. Quando todos partilham os mesmos objetivos e acima de tudo compreendem o impacto do seu trabalho, conseguimos manter o foco e garantir a consistência na entrega de valor aos clientes.
Quais os planos da Mediaweb para este ano?
Queremos continuar a expandir os nossos serviços a nível internacional e tornar-nos um player de referência na incorporação de AI em UX, com foco em tecnologias low-code.
“As principais áreas de aposta para 2025 incluem a integração mais profunda de IA no design e desenvolvimento, o fortalecimento de parcerias internacionais e a exploração de novos mercados estratégicos”.
Quais as áreas de aposta para 2025?
As principais áreas de aposta para 2025 incluem a integração mais profunda de IA no design e desenvolvimento, o fortalecimento de parcerias internacionais e a exploração de novos mercados estratégicos.
Qual a previsão de faturação este ano?
A previsão para este ano é manter o ritmo acelerado de crescimento dos últimos anos, com o objetivo de expandir mais de 50%.
Projetos para o futuro da Mediaweb?
Continuar a tirar partido da IA aliada ao UX para oferecer experiências digitais impactantes aos nossos clientes, integrando essas soluções em plataformas low-code através de inovação e automação avançada.
Um conselho que daria a um jovem empreendedor que quer lançar um projeto?
Focar-se na especialização e encontrar um nicho onde possa realmente fazer a diferença.
Respostas rápidas:
Maior risco: A falta de velocidade e capacidade de adaptação num contexto tecnológico em constante mudança.
Maior erro: A falta de foco gera indefinição no caminho a percorrer.
Maior lição: O valor de falhar cedo para ajustar a direção.
Maior conquista: Sermos reconhecidos como um player de referência em UX e Front-end para tecnologias low-code e conseguir reinventar-nos constantemente.