Entrevista/ “Portugal está cada vez mais preparado para se afirmar como um player relevante no panorama global de tecnologias imersivas”
“O nosso objetivo é simples, mas ambicioso: sermos a empresa de referência em soluções de Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Gamificação”. A declaração é de Maria Vilar, CEO e fundadora da Immersiv Studios.
Instalada na Incubadora Taguspark, a jovem start-up Immersiv Studios pensa além-fronteiras, embora tenha nascido em Portugal, por acreditar que as soluções de Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Gamificação têm um potencial global. A sua fundadora e CEO quer consolidar a presença da Immersiv Studios no mercado europeu e expandir para os Emirados Árabes Unidos, começando pela região do Dubai, uma estratégia que já está a implementar. De olhos postos no futuro, Maria Vilar acredita que as “tecnologias imersivas vão rapidamente fazer parte do nosso dia a dia”.
Como surgiu a ideia de criar a Immersiv Studios?
A Immersiv Studios nasceu da combinação entre uma necessidade clara do mercado e uma abordagem prática e inovadora. Identifiquei uma oportunidade de transformar a forma como as marcas se conectam com o seu público, como os retalhistas criam experiências únicas, e como os processos educativos podem ser mais interativos, através da Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Gamificação. Decidi criar uma empresa que usa tecnologias imersivas para gerar impacto tangível nas áreas em que atuamos.
“Queremos ser pioneiros em Portugal, mas com uma mentalidade global”
E qual o objetivo?
Na Immersiv Studios, o nosso objetivo é simples, mas ambicioso: sermos a empresa de referência em soluções de Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Gamificação. Trabalhamos para que estas tecnologias sejam mais do que ferramentas – queremos que sejam a força motriz para redefinir experiências e que criem valor e impacto nas indústrias em que trabalhamos. Queremos ser pioneiros em Portugal, mas com uma mentalidade global e expandir rapidamente para levarmos soluções inovadoras a novos mercados. O nosso foco é maximizar o potencial transformador das tecnologias imersivas e criar soluções com impacto.
Que tipo de parcerias têm estabelecido no nosso país e além-fronteiras?
O nosso crescimento tem sido impulsionado pelas parcerias estratégicas que estabelecemos, tanto no mercado nacional como a nível internacional. A nossa integração na Incubadora do Taguspark foi um passo crucial para acelerar o desenvolvimento desde o início, seguida do apoio valioso do Gaming Hub da Fábrica dos Unicórnios, que nos integrou no ecossistema de Gaming e start-ups, o que reforçou a nossa capacidade de inovação.
Internacionalmente, somos membros da Euromersive, a associação europeia de tecnologias imersivas e emergentes, e da Gatherverse, a sua associação irmã americana. Estas parcerias oferecem-nos acesso privilegiado a insights e tendências de mercado, além de garantir que nos mantemos na vanguarda da inovação.
Neste momento, estamos a expandir a nossa rede de parceiros, com um foco especial no Médio Oriente, particularmente nos Emirados Árabes Unidos. Procuramos parceiros que nos ajudem a estabelecer uma presença estratégica para desenvolvermos projetos inovadores nesta região.
Qual o plano de expansão da immersiv Studios?
Embora tenhamos nascido em Portugal, rapidamente percebemos que as nossas soluções têm um potencial global. O nosso plano passa por consolidar a nossa presença no mercado europeu, e expandir para os Emirados Árabes Unidos, começando pela região do Dubai. Acreditamos que as tecnologias imersivas oferecem um valor único a mercados altamente inovadores, e o Médio Oriente, com o seu foco em inovação, representa uma oportunidade estratégica. Queremos estar onde as ideias mais disruptivas estão a surgir e desafiar-nos continuamente a levar as nossas soluções a um novo patamar.
“(…) Portugal está cada vez mais preparado para se afirmar como um player relevante no panorama global (…)”.
Como caracteriza o mercado da realidade virtual e dos videojogos em Portugal? Como vê a evolução desta indústria no nosso país?
Em Portugal, as tecnologias imersivas estão ainda numa fase inicial de crescimento quando comparadas com outras tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial. No entanto, temos assistido a uma evolução consistente, impulsionada por iniciativas como o lançamento da Euromersive Portugal e o recente relatório sobre o setor das tecnologias imersivas a nível nacional, desenvolvido pelo Luís Bravo Martins. Este relatório é um marco importante para a nossa comunidade, ao mapear o ecossistema nacional, identificar tendências e criar bases sólidas para o futuro.
Com iniciativas como esta, acredito que Portugal está cada vez mais preparado para se afirmar como um player relevante no panorama global de tecnologias imersivas.
De que forma as ferramentas de inteligência artificial têm impactado o trabalho criativo?
Acreditamos que a criatividade está no centro de tudo o que fazemos, especialmente no desenvolvimento de experiências imersivas para marcas. Em ativações como festivais de verão ou eventos, o nosso objetivo é criar impacto ao promover produtos ou reforçar o reconhecimento de marca dos nossos clientes.
A IA tem-se mostrado uma aliada no processo criativo ao ajudar a desbloquear ideias no processo de brainstorming e a explorar novas abordagens em storytelling e design. No entanto, valorizamos sobretudo a proximidade com os clientes e agências, o que nos permite compreender os seus objetivos e propor soluções inovadoras e tecnicamente viáveis.
Embora a IA amplifique as nossas capacidades, acreditamos que o talento humano continua a ser o motor principal para criar experiências disruptivas e impactantes.
Qual tem sido o papel do Metaverso e das tecnologias emergentes na economia digital?
O Metaverso está a transformar-se numa experiência onde a vida real e virtual coexistem, criando novas oportunidades para as marcas. Cada vez mais empresas estão a explorar este universo, onde já é possível comprar produtos e viver experiências digitais exclusivas, como a criada no Roblox pela Starbucks.
Estas iniciativas são uma forma eficaz de conectar com as gerações mais jovens e com públicos mais tecnológicos, mas também estamos a ver um crescente interesse por parte de outras faixas etárias, à medida que estes mundos digitais se tornam cada vez mais acessíveis.
Exemplos como estes demonstram o enorme potencial do Metaverso para as marcas e para a economia digital como um todo.
Quais os marcos que mais contribuíram para a evolução da realidade virtual no nosso país?
A evolução das tecnologias imersivas em Portugal tem sido impulsionada pelo crescimento do ecossistema tecnológico, com o aparecimento de empresas e start-ups especializadas nesta área. A colaboração crescente entre empresas, universidades e centros de investigação tem sido decisiva para acelerar a adoção destas tecnologias.
Além disso, eventos como a Web Summit têm ajudado a posicionar o país no centro das discussões globais sobre tecnologias emergentes, o que permite a troca de experiências com outros players internacionais.
“(…) tecnologias imersivas (…) vão rapidamente fazer parte do nosso dia a dia”.
O que é preciso para que este setor atraia mais investimento estrangeiro?
Para que o setor de tecnologias imersivas atraia mais investimento estrangeiro é crucial aumentar a exposição e demonstrar o seu potencial através de casos de sucesso. A Meta tem liderado este mercado no que toca ao hardware, mas a entrada da Apple como player reforça ainda mais a credibilidade e o potencial desta área. Quando a Apple entra num mercado é sinal de que vê inovação e um grande retorno, o que ajuda a consolidar a confiança dos consumidores e acelerar a adoção de tecnologias imersivas.
Portugal tem um enorme potencial para se afirmar globalmente neste mercado. O talento está cá, e, embora ainda não se perceba plenamente, as tecnologias imersivas, como a Realidade Aumentada e Virtual, vão rapidamente fazer parte do nosso dia a dia. Se as empresas conseguirem mais visibilidade e investimento terão a oportunidade de expandir para o mercado global.
A Maria é também representante nacional da Euromersive. Pode falar-nos deste projeto, do objetivo e dos planos a médio e curto prazo?
A Euromersive é uma associação europeia com o objetivo de promover o desenvolvimento das tecnologias imersivas e emergentes e reunir empresas, profissionais e investigadores para fomentar a inovação. Como representante nacional, o meu objetivo é fortalecer o ecossistema de tecnologias imersivas em Portugal e promover a colaboração entre indivíduos, empresas e centros de investigação. A médio e curto prazo queremos expandir a presença da associação no país, aumentar a adesão de empresas portuguesas e facilitar a colaboração em projetos inovadores em diversos setores.
Qual o papel da Euromersive na comunidade europeia de tecnologias emergentes?
A Euromersive desempenha um papel chave na comunidade europeia de tecnologias emergentes, unindo ecossistemas de tecnologias imersivas e representando 29 países europeus, com mais de 6 mil membros na Europa e 15 mil globalmente.
Conectamos profissionais de tecnologia em toda a Europa e apoiamos o desenvolvimento profissional através de workshops e eventos. O nosso objetivo é, no futuro, ajudar também os membros no acesso a fundos europeus, com o objetivo de impulsionar a inovação no setor.
Este trabalho é desenvolvido de forma pro bono pelos responsáveis de cada país, e o financiamento provém de apoios de empresas e instituições que patrocinam a nossa missão, sem custos para os membros. Qualquer profissional pode juntar-se gratuitamente e beneficiar destas oportunidades.
“Dentro de cinco anos, a nossa visão para a Immersiv Studios é liderar o mercado português e já ter expandido para outros mercados estratégicos”.
Como vê a Immersiv Studios dentro de cinco anos?
Dentro de cinco anos, a nossa visão para a Immersiv Studios é liderar o mercado português e já ter expandido para outros mercados estratégicos. Queremos ser reconhecidos pela qualidade das nossas soluções imersivas e pela capacidade de transformar experiências nos setores de ativação de marca, retalho e educação.
A nossa ambição é tornarmo-nos a empresa de referência em Realidade Virtual, Realidade Aumentada e Gamificação, sendo a escolha natural das marcas na procura de inovação e impacto. Trabalhamos para construir uma reputação sólida com parceiros estratégicos e ajudar os nossos clientes a alcançar novos patamares.
Quais os planos para o futuro da Maria enquanto empreendedora e da Maria enquanto mulher?
A minha visão é continuar a expandir a Immersiv Studios e contribuir para o crescimento das tecnologias imersivas em Portugal. Temos uma grande oportunidade de liderar a inovação neste setor e o nosso foco é escalar de forma sustentável, mantendo sempre um compromisso com a qualidade e a excelência. Acredito profundamente na capacidade de criar algo significativo a partir de uma ideia simples, e quero que a nossa empresa seja reconhecida pela sua capacidade de transformar indústrias com soluções imersivas que realmente fazem a diferença.