Pandemia trava decisões e investimentos em 2021, diz estudo do ISAG

Um estudo do ISAG – European Business School e do CICET-FCVC revela que mudar de emprego, casar ou ter filhos, ou investir em casa, carro ou mercados financeiros não fazem parte dos planos dos portugueses este ano.

O estudo “Lifestyle e decisões de investimento das famílias portuguesas em 2021”  é o mais recente trabalho dos investigadores do ISAG-European Business School e do Centro de Investigação de Ciências Empresariais e de Turismo da Fundação Consuelo Vieira da Costa (CICET-FCVC), para compreender quais as principais expetativas das famílias portuguesas para 2021 no contexto de Covid-19. Foi realizado entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, através de um inquérito online que permitiu alcançar uma amostra de 1.063 indivíduos residentes em Portugal.

As conclusões indiciam que o atual cenário económico e sanitário está a travar as decisões e os investimentos dos portugueses. Aliás, 76,2% dos inquiridos admitiram estar pessimistas ou muito pessimistas acerca da evolução da economia portuguesa. Vejamos: o estudo conclui que a mudança de emprego estará fora dos planos de 77,9% dos inquiridos, enquanto 84,7% referiram que não estavam à procura de novo trabalho. Nas decisões familiares, casar não será opção para a maioria e ter filhos não acontecerá, em 2021, para 94,1% dos inquiridos que já os têm e para 89,8% dos que não têm filhos.

Também no que toca a decisões de investimento, as percentagens não andam muito longe. 82,8% dos inquiridos que não têm habitação permanente não pretendem comprar casa em 2021 e, entre os que já a têm, 91% não irão fazer nova compra. Quanto ao carro, 85% dos inquiridos não pretende fazer uma primeira compra em 2021, e 94,2% dos que já têm veículo próprio afirmaram não querer voltar a investir.

Por outro lado, 71,3% do total de participantes no estudo também não demonstraram propensão para investir em títulos financeiros. Ao comparar as várias gerações, o estudo do ISAG mostrou que os Baby Boomers (61 aos 78 anos) estarão disponíveis para gastar mais dinheiro tanto em investimentos financeiros, como na compra de carro. Já na compra na habitação será a Geração X (40 aos 60 anos) a gastar mais.

O desconforto financeiro dos portugueses está a ser impactado pela pandemia, com 19,6% dos inquiridos a admitirem que a sua situação financeira é desconfortável ou muito desconfortável.

As conclusões do estudo do ISAG-EBS e do CICET-FCVC destacaram os millennials (18 aos 39 anos), já que esta geração, ao contrário da tendência que se acentuava, mostra estar atualmente a abandonar a mobilidade laboral que a caracteriza. “Se compararmos a outras gerações, continuarão a ser os millennials os mais disponíveis para mudar de emprego. No entanto, apenas 31,6% destes millennials admitiram fazê-lo em 2021, um valor muito baixo quando pensamos que a troca frequente de emprego, com a procura de novos desafios e oportunidades, é característica desta geração”, explicam as coordenadoras científicas do CICET-FCVC e docentes do ISAG – European Business School, Ana Pinto Borges e Elvira Vieira.

Acrescentam ainda que “85,9% dos que afirmaram querer mudar de emprego irão procurar trabalho por conta de outrem, desvalorizando a criação de negócios e o empreendedorismo que vinham crescendo, nos últimos anos, entre os millennials”.

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