Opinião

Pagamentos internacionais: o elo perdido entre a inovação financeira e a competitividade das empresas

Adriana Jerónimo, administradora da Unicâmbio

As empresas portuguesas que operam em mercados internacionais, como o brasileiro, enfrentam desafios cada vez mais exigentes no que diz respeito à gestão de tesouraria, ao cumprimento de prazos e à previsibilidade financeira.

No campo dos pagamentos internacionais, persiste um desfasamento significativo entre as capacidades que a tecnologia já oferece e as limitações que o sistema tradicional ainda impõe: tempos de espera prolongados, comissões elevadas, escassa transparência e falta de flexibilidade.

Esta realidade constitui, hoje, um travão silencioso ao crescimento. Não por falta de ambição ou competência das empresas portuguesas, mas devido a ineficiências estruturais que afetam a liquidez e aumentam o risco nas relações comerciais globais. E, no mundo atual, em que cada segundo conta, a rapidez de um pagamento pode ser decisiva para fechar um negócio ou manter uma cadeia de abastecimento a funcionar.

Em paralelo, assistimos a um avanço notável nas infraestruturas tecnológicas disponíveis. Plataformas baseadas em blockchain, como a Ripple Payments, já tornam possível efetuar pagamentos entre países praticamente em tempo real, com rastreabilidade total e custos operacionais mais baixos. No entanto, a adoção destas soluções continua limitada — muitas vezes por desconhecimento, receios reputacionais ou dificuldades de integração com os sistemas bancários convencionais.

É precisamente neste contexto que as fintechs desempenham um papel verdadeiramente transformador. Ao contrário das grandes instituições, têm a agilidade necessária para testar, adaptar e escalar soluções centradas nas necessidades do cliente. No caso da Unicâmbio, temos vindo a desenvolver soluções que permitem às empresas portuguesas aceder a formas de pagamento internacional mais eficientes, começando pela ligação entre Portugal e o Brasil.

A nossa parceria com a Ripple representou um salto qualitativo na forma como apoiamos os nossos clientes empresariais.

Mais do que uma inovação tecnológica, esta solução representa uma resposta concreta às necessidades reais das empresas. Num contexto económico marcado pela incerteza, pela pressão sobre os custos e pela crescente necessidade de adaptação, tornar os pagamentos internacionais mais ágeis é uma medida de competitividade. É também uma forma de reforçar as relações comerciais, dinamizar as exportações e posicionar Portugal como um centro inteligente de negócios com a América Latina.

Acreditamos que o futuro dos pagamentos empresariais passa por um equilíbrio entre uma regulação rigorosa e uma inovação responsável. É possível evoluir sem abdicar da solidez. É possível inovar sem comprometer a confiança. E é possível — e desejável — que o sector financeiro português abrace esta transformação de forma estratégica.

A mudança está ao nosso alcance. Falta, por vezes, apenas a vontade de a concretizar.

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