O que podem os gestores aprender com os recém-nascidos, segundo empreendedora
O nascimento de uma criança é sempre uma das fases mais felizes da vida de um casal, mas traz também muitos desafios. Saber geri-los pode ajudar os pais a desenvolverem capacidades de liderança e a aplicá-las no dia a dia no mundo dos negócios.
“A minha filha recém-nascida ensinou-me mais sobre os fundamentos dos negócios em cinco semanas do que eu aprendi em sete anos como CEO”, começa por dizer Lisa Curtis, fundadora e CEO da Kuli Kuli, uma empresa que está a revolucionar a nutrição nos Estados Unidos através da venda de produtos alimentares à base de moringa.
A empreendedora norte-americana conta na Forbes que a “sua pequena chefe, a Orion, como eu a chamei, colocou-me num rigoroso treino que abriu os meus olhos para diversas capacidades que podem fazer muita diferença no dia a dia de qualquer líder”.
Curtis reuniu três lições que podemos aprender com mais pequenos e aplicar no mundo dos negócios, tendo em conta a sua experiência como mãe de um recém-nascido.
1. Saber delegar
“Eu moro a três quarteirões de uma farmácia. Como muitas mães, eu precisava de diversos produtos de higiene femininos, enquanto me recuperava do parto. Todos os dias após o nascimento da Orion, eu dizia a mim mesma que encontraria tempo para caminhar até lá e comprar os produtos que precisava. Mas, após horas de amamentação, embalando um bebé que chorava e tentando alimentar-me no meio desse processo, percebi que não conseguiria chegar à loja”, conta Curtis, que começou a contar com a ajuda do sogro que passou a ir à farmácia no seu lugar.
Curtis passou a delegar, a pedir ajuda a amigos e familiares e aderiu ao comércio online. “Sempre soube que delegar é a chave para gerir uma empresa de sucesso. Mas saber é muito diferente de ser bom nesta tarefa, especialmente quando se trata de áreas de negócios nas quais um CEO se especializa. Passei anos a melhorar as estratégias de vendas e propostas de imprensa para a start-up onde trabalho, a Kuli Kuli”, afirma.
A preparação para a licença-maternidade foi um verdadeiro teste à sua capacidade para entregar as principais contas da empresa à equipa de vendas e de preparar a equipa de marketing para quaisquer compromissos que poderiam surgir enquanto estivesse fora.
“Foi um teste no qual não passei com louvor. Quando pressionada, a nova chefe de vendas e marketing da Kuli Kuli comentou que eu não tinha delegado de forma tão clara quanto ela esperava. Sei que voltarei da licença-maternidade com uma nova capacidade de pedir ajuda e de delegar as tarefas, sem fazer uma microgestão. Orion ensinou-se como delegar é importante para eu conseguir me destacar tanto nos negócios, como no meu novo papel como mãe”, frisa.
2. Analisar e dar prioridade
“Eu adoro listas. Durante a gravidez, escrevi diversos tópicos sobre projetos de licença de maternidade que incluíam grandes iniciativas, como atualizar o meu site pessoal, terminar a proposta de um livro e construir um jardim de inverno. Na primeira semana em que a Orion nasceu, fiz o que achei ser uma lista relativamente prática com tarefas que incluíam ações que eu costumava achar serem fáceis de executar, como regar as plantas, enviar e-mails e trocar a roupa de cama. Quatro dias depois, com as hormonas do pós-parto, mostrei a minha lista ao meu marido e chorei porque pensei nunca mais seria capaz de realizar nada”, afirmou a empreendedora.
O seu marido aconselhou-a a diminuir as suas expectativas. Afinal, a licença-maternidade existe porque é impossível para as mulheres trabalharem enquanto se recuperam dos desafios do parto e se ajustam à nova realidade de cuidar de um recém-nascido 24 horas por dia, sete dias por semana.
A Orion ensinou-a a estabelecer prioridades: “Descobri que qualquer atividade que não seja uma obrigação não pode mais estar na minha lista de tarefas. Atualmente, ao saber de uma nova oportunidade, por menor que seja o tempo comprometido, vou avaliá-la com rigor”, revela.
3. Assumir que o autocuidado é sinónimo de autopreservação
“Estou à frente de uma empresa na indústria do bem-estar e sempre me achei muito boa em cuidados pessoais. Antes da pandemia do novo coronavírus e pré-gravidez, ia de bicicleta para o trabalho todos os dias, corria perto do escritório e passava cerca de dez minutos a meditar antes de começar a trabalhar. Dava prioridade ao sono, dormia oito horas mesmo durante as minhas semanas mais stressantes. Mas tudo isso mudou quando a Orion nasceu”, conta.
Nesta fase Curtis contou com a ajuda da sogra que ficava com a Orion para que pudesse passear com o seu marido. “Percebi que não estava a ser a mãe positiva e feliz que queria ser. Agora, caminhamos todos os dias e descobrimos que isso nos acalma, inclusive à nossa filha”, explica a empreendedora.
O esgotamento emocional e físico de fundadores e CEO é um tema importante no mundo das start-ups. Quando uma empresa enfrenta desafios, geralmente a solução que se encontra é trabalhar mais horas, o que compromete as horas de sono e as atividades físicas e de lazer. Mas Orion ensinou Curtis que é importante cuidarmos de nós para sabermos resolver todos os desafios com tranquilidade.m