Opinião
O que importa é agir, é assumir um compromisso
2021, segundo ano completo da pandemia do coronavírus. Um ano em que os mais vulneráveis ficaram ainda mais longe das oportunidades e da realização do seu potencial. Um ano onde as desigualdades pré-existentes se acentuaram e onde foram criados novos contextos para novas desigualdades.
Mas, penso que já todos sabemos isto. Sabemos o que é a pobreza, o que gera e o que é preciso fazer para contrariar este efeito: acesso a educação e cuidados de saúde de qualidade, a condições de vida dignas e justas em oportunidades. É assim em Portugal e é assim no resto do mundo.
Acredito no nosso poder transformador, acredito que o entusiasmo e a nossa energia podem transformar e fazer melhor, por nós e pelos outros. O que importa é agir, é assumir um compromisso.
Como dizia Jorge Sampaio “A solidariedade não é facultativa, é um dever”. Seja porque estamos preocupados com o acesso das mulheres empreendedoras ao investimento, porque a Inteligência Artificial é o nosso próximo grande desafio ou porque as energias renováveis são uma realidade hoje. É importante o compromisso de ação com impacto social.
As alterações climáticas, a fragilização dos ecossistemas e o aumento das desigualdades sociais são três dimensões que teremos que ter sempre em conta quando fazemos um plano de negócios, uma decisão de investimento, quando definimos uma estratégia. Em que medida é que as decisões tomadas impactam – ou não impactam – estas dimensões. Posso incluir de forma deliberada e consciente mecanismos que combatam a poluição, que promovam a conservação da natureza e combatam as desigualdades sociais? Não tem que ser um projeto em África ou na Ásia, pode ser mesmo aqui.
No início de dezembro participei (remotamente) num encontro de crianças e jovens organizado pela UNICEF e coorganizado pelos Governos do Botswana e da Suécia, para assinalar os nossos 75 anos. De tudo o que foi partilhado, do tudo o que foi dito, o que me marcou mais profundamente foi o testemunho de um jovem ativista ambiental Nkosilathi Nyathi, do Zimbabwe.
“The climate crisis has been largely caused by irresponsible adults in developed countries, but it’s the children of developing nations that suffer from the most disastrous consequences.”
Para um jovem em África, sou responsável pelas mais terríveis consequências das alterações climáticas. Não me posso surpreender, nem condenar, pela zanga de alguns destes jovens. É justo.
A seca em África, ou os tufões na Ásia, as cheias no continente Americano, que fazem com que milhões de crianças sofram de subnutrição, emigrem, deixem a escola, casem, trabalhem.
Aprender e brincar não farão parte da sua realidade.
Sem dúvida, 2022 será dominado pelos desenvolvimentos da pandemia de COVID-19. À medida que passamos de vacinas (alguns) para a vacinação (de todos), continuaremos a sublinhar a mensagem de que a COVID-19 é a pior crise para as crianças que a UNICEF já viveu em 75 anos de história, ameaçando décadas de progresso nos principais desafios para infância e exigindo urgência e compromisso na ação.
O nosso apelo humanitário para o ano de 2022 é o maior de sempre: 9,4 mil milhões de dólares. A UNICEF é inteiramente financiada por doadores públicos e privados de forma voluntária. É o que precisamos de mobilizar para apoiar diretamente 300 milhões de crianças vulneráveis e as suas famílias em todo o mundo. É imenso e grave.
Por esta razão o meu apelo é: todos os dias uma decisão, um compromisso, uma ação para que este número deixe de fazer sentido! Há razão para ter energia, há razão para ter entusiasmo, acreditar, ser criativo descobrir oportunidades, tudo isto está à distância de uma decisão, de um compromisso de uma ação!
A todos um Feliz Natal e um ano de 2022 cheio de alegria e de energia para mudar o mundo!








