O que esperam os Unicórnios portugueses do Web Summit?

O Web Summit está quase, quase a chegar. Falámos com os responsáveis dos três unicórnios portugueses, Talkdesk, Farfetch e Outsystems, para perceber o que esperam da edição deste ano e o que podem aprender as start-ups entre os dias 6 a 8 de novembro.

O Web Summit vai trazer a Lisboa cerca de 70 mil pessoas. Mas para os dois unicórnios portugueses esta cimeira tecnológica não é apenas uma cimeira. É o palco escolhido para realizar negócios, recrutar talento, promover marcas e serviços, e potenciar o networking. Portanto, o local para qualquer empresa estar presente.

A Farfetch recebeu o estatuto de unicórnio em 2015, depois de ultrapassar uma valorização de mil milhões de dólares. Foi o primeiro unicórnio com ADN português. Este ano, a Outsystems e a Talkdesk receberam também esse estatuto, o que parece um sinal claro de que o setor tecnológico em Portugal está bem e recomenda-se.

“São três bons exemplos de empreendedorismo, de coragem, de inovação”, começa por nos dizer Cipriano Sousa, Chief Technology Officer da Farfetch.

Para Cipriano Sousa, “Portugal está a atrair cada vez mais empresas da área tecnológica e é importante para qualquer start-up estar presente num evento que tem a força e a dimensão do Web Summit. A Farfetch já não é uma start-up, mas está muito envolvida neste ecossistema, ainda mais depois de termos lançado este ano a Dream Assembly, que é a nossa aceleradora tecnológica, que pretende ajudar empresas na área do comércio que estão nesta fase inicial e que precisam de mentoria para darem o próximo passo. Para além de mentoria, as start-ups beneficiam de fundos iniciais, que é muitas vezes aquilo que faz mais falta às empresas que precisam de escalar os seus negócios com rapidez”.

Para o  Chief Technology Officer da Farfetch, “o evento é  também uma oportunidade única de networking com alguns dos nossos parceiros, o que é também uma das vantagens de se participar na Web Summit, onde este ano, por exemplo, são esperadas 70 mil pessoas” .

Uma opinião corroborada por Marco Costa, diretor-geral da Talkdesk EMEA: “O Web Summit é uma convenção que apresenta várias oportunidades para os empreendedores a nível mundial. Uma das grandes vantagens é a diversidade de setores que se reúnem no mesmo espaço, o que significa, literalmente, que há espaço para todos”.

No entanto, há na opinião de Marcos Costa, um desafio para as start-ups: o de se conseguirem destacar entre a multidão. “Esta poderá ser a primeira lição que as start-ups podem retirar do Web Summit: como superar a concorrência direta e indireta e atrair até si os investidores ideais. Dada a grandeza do evento, é difícil para um empreendedor conseguir fazer todos os contactos que pretende sem um planeamento prévio. É necessário pesquisar quem são os investidores e empresas que vão estar presentes e identificar aqueles que fazem um melhor enquadramento com a start-up. Depois, é preciso saber preparar um pitch que seja curto, mas infalível, para captar a atenção dos investidores no momento em que eles realmente param para conhecer aquela start-up. Ainda que não atraiam investimento, é um início de relação que poderá abrir portas no futuro. Em suma, o Web Summit é um desafio às capacidades de marketing de uma start-up”.

Rui Pereira, cofundador da Outsystems, garante que “num estágio inicial de uma start-up é fundamental que todos os esforços sejam absolutamente concentrados no que é importante e que tenha efetivo impacto no market/fit e no crescimento das empresas. O Web Summit é um evento massivo com inúmeras oportunidades de expansão, mas com o potencial de desfoque e de muita frustração para uma pequena empresa”.

Por isso, acrescenta, “uma das metas será certamente ampliar a rede de contactos com o intuito de encontrar potenciais investidores, o que requer uma dose inacreditável de resiliência e de grit dos empreendedores. Esta é uma lição fundamental a retirar, encontrar investidores para a continuidade e evolução da empresa”.

Enquanto convenção, o Web Summit conta com painéis diversificados, através dos quais os empreendedores podem retirar algumas aprendizagens, quer relacionadas com os fatores de sucesso de um negócio, quer relacionadas com as boas práticas e tendências dos diferentes setores. Como refere Marco Costa: “esta partilha de conhecimentos pode ajudar as start-ups a estarem na vanguarda da inovação dentro dos seus setores e isso, bem trabalhado, é um fator essencial para o sucesso”.

A Talkdesk vai estar presente no Web Summit com uma equipa de engenheiros, de talento e gestão de produto que vão aproveitar o momento para darem a conhecer o seu trabalho e para inspirarem start-ups que estão a ser lançadas.

O mais recente unicórnio português vai também organizar em simultâneo ao Web Summit o seu evento anual, a Opentalk, em São Francisco, Estados Unidos, que reunirá mais de 5 mil participantes relacionados com o setor de Contact Center as a Service (CCaS) para debater as tendências de Customer Experience.

“Acredito que a presença das grandes empresas seja essencialmente para fortalecer a sua rede de contactos e dar visibilidade à sua marca e produto. Desta forma, dão-se a conhecer ao setor, estabelecem contactos com potenciais clientes, potenciais parceiros e potenciais investidores. Ainda que este não seja um local privilegiado para recrutamento, pode ser uma oportunidade para se darem a conhecer a profissionais da área e potenciais candidatos”,  sintetiza Marco Costa. O responsável acrescenta, ainda, que a “Talkdesk tem o objetivo de alcançar as 1000 pessoas em 2020 e os eventos da comunidade são muito importantes para estabelecer contacto, dar a conhecer a empresa e identificar potenciais talentos que se possam juntar à nossa equipa”.

Também Rui Pereira concorda que “todas as empresas de elevado crescimento procuram num evento como o Web Summit um palco para dar visibilidade à marca e, desta forma, alavancar iniciativas de recrutamento, de retenção de talento, mas também de criar uma associação forte a um evento que projeta o país, Portugal, na cena tecnológica. É também uma oportunidade para os nossos colaboradores poderem beneficiar de um enorme conjunto de palestras inspiradoras e de sentir o espírito de start-up que queremos que continue presente na cultura da OutSystems”.

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