O que esperam os investidores do Web Summit? Bynd e Shilling explicam.
O Web Summit é palco de encontro entre os vários players do ecossistema empreendedor nacional e internacional. Start-ups, empresas, investidores…, todos eles olham para a cimeira tecnológica com objetivos distintos. Questionámos duas venture capital portuguesas sobre as suas motivações e expetativas sobre o evento: Bynd Venture Capital e Shilling.
Com o número de inscrições a atingir os 70 mil participantes, quase três mil start-ups e empresas em exibição, perto de 1.100 investidores e cerca de mil oradores, o Web Summit 2022 volta a mobilizar o ecossistema empreendedor mundial. Mas como não poderia deixar de ser, as motivações de quem participa naquela que é considerada maior cimeira tecnológica do mundo são diferentes quando se fala de start-ups, empresas ou investidores. E foi exatamente junto de duas venture capital nacionais que tentamos saber o que as leva a marcar presença no evento e que expetativas têm quanto à edição deste ano.
“A grande tendência que se tem verificado ao longo dos últimos, e que achamos que se vai manter, é o crescimento da participação de empresas tecnológicas portuguesas. É um sinal da evolução do próprio ecossistema nacional e uma ótima oportunidade de exposição e desenvolvimento para elas”. Esta é a análise de Tomás Penaguião, partner da Bynd Venture Capital, quando questionado sobre as tendências expetáveis para a edição deste ano do Web Summit. Entre as indústrias em destaque, este profissional evidencia “a área da cibersegurança, devido ao crescimento de ameaças e o forte impacto na reputação e negócio das empresas, assim como a área de web3 / blockchain onde começam a surgir cada vez mais projetos com uma base tecnológica inovadora e modelos de negócio disruptivos”. A estas acrescenta “as soluções ligadas à energia limpa e foodtech que deverão mostrar maior relevância, face à emergência climática e papel que a evolução tecnológica pode desempenhar na transição para uma economia mais sustentável”.
Quanto ao foco com participam num evento desta dimensão, Tomás Penaguião lembra que o Web Summit “é um evento muito interessante do ponto vista de reforço de relações com os fundadores das empresas do nosso portefólio, coinvestidores e outros parceiros, empresas nas quais não investimos, mas que temos gosto em acompanhar, assim como conhecer pessoalmente fundadores de novos projetos”. Faz uma ressalva: “o evento é bastante grande e, para retirar o melhor dele, precisamos de fazer um trabalho prévio de planeamento por forma a identificar quem irá estar presente e agendar com antecedência potenciais interações. Outro aspeto relevante, destaca, é a participação em eventos paralelos “que são uma excelente ocasião para cimentar relações existentes e estabelecer novos contatos”.
Questionado sobre se o Web Summit ainda é representativo do que melhor do que se faz no mundo da inovação tecnológica, o partner da Bynd Venture Capital não tem dúvida de que o “Web Summit continua a ser o palco em que o ecossistema de inovação tecnológica mundial se reúne e debate as tendências que irão marcar as diversas indústrias. O facto de recebermos o evento em Portugal é, em simultâneo, um reconhecimento do trabalho realizado por todas as entidades – empreendedores, incubadoras e aceleradoras, investidores públicos e privados, Governo, entre muitos outros facilitadores -, e uma oportunidade contínua para dar visibilidade às start-ups portuguesas, expondo-as a diversos contextos, mercados e oportunidades, sem terem de sair do país”.
Networking ou projetos reais, implementáveis no mercado. O que é mais provável que saia do WS 2022? Tomás Penaguião acredita que “o networking é a base do Web Summit. Estes dias de partilha entre start-ups e investidores são muito importantes para se criarem ligações e uma base de trabalho para o futuro”.
Ainda assim, conclui, “é natural que surjam oportunidades reais de investimento das diferentes iniciativas de pitch promovidas por empresas, incubadoras e aceleradoras, além do desenvolvimento de negócios já existentes que têm aqui uma oportunidade de visibilidade muito interessante”.
Manter e fortalecer relações
Ricardo Jacinto, managing partner da Shilling, também aceitou o desafio do Link To Leaders e frisou que para a sua venture capital estar presente no Web Summit continua a ser relevante por três razões. “Em primeiro lugar, “é importante estarmos a par das últimas tendências do mercado, nomeadamente daquilo que se passa no mundo tech. O Web Summit é uma excelente plataforma para o fazer, com referências do todo o mundo a virem dar a conhecer o que está a ser feito, inclusive apresentar trends do mundo tecnológico e não só”.
Acrescenta que, seguindo essa linha de pensamento, e em segundo lugar, vamos sempre ao evento com a intenção de conhecer empresas de grande potencial, nas quais poderemos vir a investir ou simplesmente com quem podemos criar uma relação. Com dezenas de milhares de empreendedores no Web Summit, é uma ótima forma de conhecer pessoas e empresas que façam sentido para nós”. Por fim, reforça, e porque o mais importante para a Shilling “é manter e fortalecer as relações que já temos, o Web Summit é sempre uma ótima ocasião para revermos os nossos investidores, parceiros e empresas de portefólio”.
E este ano esperam surpresas do Web Summit? O managing partner da Shilling começa por referir que a primeira surpresa foi ter esgotado os bilhetes, no primeiro ano de regresso aos eventos físicos depois da pandemia, numa altura em que muitos outros eventos internacionais estão ainda em dificuldade. “É bom vermos que o ecossistema continua – e talvez mais do que nunca – ativo e com novas iniciativas a surgirem por todos os lados. Como por exemplo o projeto de Carlos Moedas da Fábrica dos Unicórnios, que vem dinamizar ainda mais o universo empreendedor em Lisboa”.
Questionado sobre de que países espera as maiores surpresas, Ricardo Jacinto afirmou que as empresas baseadas em Portugal continuam o seu grande foco e considera que há muito potencial a ser explorado por cá. Para além disso, revela, “estamos de olho na América Latina. Cada vez temos mais empresas da LatAm a virem para a Europa usando Portugal como porta de entrada. Para a Shilling isto é uma grande oportunidade e por essa razão vamos estar atentos a investidores, start-ups e outras presenças institucionais destas geografias”.
A par destas apostas, o principal objetivo da Shilling ao participar no evento é o de consolidar relações com investidores, sejam eles portugueses ou internacionais. “A ideia é ver onde podemos juntar sinergias e em que projetos poderíamos coinvestir, trocando ideias e leads que se possam tornar em negócios para os dois lados”.