Entrevista/ “O principal desafio é a resistência à mudança que existe em todas as organizações”
A otimização e digitalização dos processos nas PMEs portuguesas é crucial para a melhoria da produtividade do tecido empresarial nacional, explicou o fundador e CEO da Winsig em entrevista ao Link To Leaders. Este ano, Nuno Archer revelou que tem como meta atingir um volume de vendas de 6,8 milhões de euros e reforçar a equipa.
Especializada na oferta de soluções de gestão integrada com o software ERP PHC, a Winsig aposta na criação de soluções customizadas que se adaptem às regras de negócio e à forma de trabalhar dos seus clientes.
Criada em 2008, e também com uma uma forte competência de levantamento e organização de processos e gestão de projetos, a empresa atua a nível nacional através dos seus centros de operação e apoio ao cliente. Apesar dos desafios impostos pela pandemia, o crescimento do negócio tem sido constante e, daqui a cinco anos, a Winsig espera ter ultrapassado a fasquia dos 10 milhões de euros de vendas e ter uma equipa de 140 colaboradores, revelou o Nuno Archer, fundador e CEO da empresa em entrevista ao Link To Leaders.
Que balanço faz do desempenho da Winsig no último ano?
O balanço foi bastante positivo. Conseguimos desenvolver o trabalho junto dos clientes com perturbação mínima. A equipa é resiliente e adotou o trabalho remoto rapidamente. Abril e maio de 2020 foram os dois meses mais difíceis pois chegamos a ter quebras de vendas de 25%, mas após esse choque inicial a situação foi recuperando e fechamos o ano com um crescimento de 7%. Foi o 12.º ano consecutivo de crescimento. Os clientes continuaram a confiar na qualidade dos nossos serviços, mesmo em modo remoto e isso permitiu-nos atingir esses resultados.
“(…) conseguimos adaptar e reinventar a forma de trabalhar (…)”
Que estratégia adotaram para responder à crise pandémica?
Felizmente, não necessitamos de interromper a atividade, pois conseguimos adaptar e reinventar a forma de trabalhar, de maneira a dar continuidade ao trabalho e a prestar um serviço de excelência aos clientes. Foram tomadas todas as medidas de segurança necessárias, como a adoção do teletrabalho sempre que possível, e o facto de contarmos com uma equipa de profissionais experientes e totalmente dedicados permitiu uma rápida adaptação às circunstâncias.
O foco no cliente e na obtenção de resultados continuou sempre presente, independentemente de estarmos presentes fisicamente ou em modo remoto. No que diz respeito à equipa interna, temos comunicado com maior regularidade os resultados que vamos atingindo para manter a equipa informada e motivada, e organizado alguns momentos de partilha, para que, embora longe uns dos outros, possamos sentir a proximidade e companheirismo que é característico da Winsig.
A Winsig cresceu para 6,3 milhões de euros em 2020. O que contribuiu para este resultado?
Resultou sobretudo de projetos adicionais que foram sendo feitos na nossa base instalada, composta por cerca de 800 clientes. Este crescimento é também fruto da confiança dos clientes na nossa capacidade de execução, para além de nos termos posicionado perante o mercado como um parceiro de excelência para os processos de transformação digital dos seus negócios.
Quanto representou a faturação internacional da organização em 2020?
Teve um peso de 5% nas nossas vendas. Foi constituída por projetos efetuados em Espanha, Argélia, Angola, Dubai, França e Dinamarca, acompanhando a expansão geográfica dos nossos clientes.
De que forma a parceria com a PHC desde 2008 tem contribuído para os resultados, para o rumo da empresa?
Nos processos de transformação digital dos negócios dos clientes utilizamos o software PHC como ferramenta. A PHC é um parceiro de excelência uma vez que nos proporciona uma ferramenta que nos auxilia a atingir o objetivo final que é melhorar a rentabilidade e a produtividade das empresas nossas clientes, de forma ágil, segura e com a customização que cada cliente necessita.
O que distingue a oferta da Winsing das existentes no mercado?
O nosso principal fator diferenciador é o know-how que temos sobre organização e digitalização de processos, em PME. Estamos focados na otimização de processos para essas empresas, tendo equipas especializadas nos principais setores de atividades. O objetivo é implementar uma solução completa e integrada que permita gerir com sucesso as várias áreas de uma empresa: comercial, produção, técnica, financeira. A nossa equipa é composta por 101 colaboradores com competências diversificadas, desde a consultoria de processos à programação.
Com a experiência e know-how acumulados em mais de mil projetos executados com sucesso temos capacidade para ajudar os clientes a melhorarem os seus resultados. A prova disto é que tivemos 55 clientes na prestigiada lista das PME Excelência 2020.
Essa experiência permitiu-nos desenvolver ao longo dos anos, várias soluções setoriais e soluções transversais que complementam as funcionalidades base do PHC. Juntamente com a nossa capacidade de customizar a solução PHC, conseguimos construir soluções de gestão únicas e de alta performance.
Quem são os clientes da Winsig e qual o principal setor?
O nosso foco de mercado são as PME, sobretudo empresas que faturam entre 2 e 50 milhões de euros. Temos um grande entendimento sobre as características e necessidades específicas deste tipo de empresas. Atuamos sobretudo em cinco setores: comércio por grosso, comércio a retalho, serviços, indústria e construção civil.
Como temos instalações no Porto, Aveiro, Viseu, Leiria, Lisboa, Funchal e Ponta Delgada, atuamos em todo o território nacional, promovendo uma grande proximidade com os clientes.
“(…) a maior aposta tem sido no reforço na digitalização de processos dos clientes, bem como a implementação da fatura eletrónica”.
Qual o principal foco da consultora para este ano e qual a área de maior aposta?
Atualmente, e tendo em conta o panorama pandémico atual, a maior aposta tem sido no reforço na digitalização de processos dos clientes, bem como a implementação da fatura eletrónica. Existe uma enorme oportunidade de melhoria da produtividade nas organizações através da promoção da troca eletrónica de documentos em toda a sua cadeia de valor. Este processo está mais avançado na fileira automóvel e na grande distribuição, mas acreditamos que se irá estender aos restantes setores, aproveitando a norma CIUS.PT da Administração Pública.
Quantas contratações prevê a Winsig fazer durante 2021?
Este ano prevemos recrutar um total de 15 pessoas, para reforçar a equipa de consultoria. Parte desta equipa já foi recrutada, num processo de estágios feito em colaboração com o IEFP.
Quais as previsões de faturação para este ano?
Prevemos atingir um volume de vendas de 6,8 milhões de euros.
“A otimização e digitalização dos processos nas PMEs portuguesas é crucial para a melhoria da produtividade do nosso tecido empresarial (…)”
Que desafios ainda enfrentam as empresas portuguesas ao nível da transformação digital?
O principal desafio é a resistência à mudança que existe em todas as organizações e a falta de formação em gestão que se sente, sobretudo nas PME.
A otimização e digitalização dos processos nas PMEs portuguesas é crucial para a melhoria da produtividade do nosso tecido empresarial e a Winsig terá um papel importante no desenrolar desse processo. Achamos que esse processo é inevitável e quem não o souber fazer atempadamente irá extinguir-se, conforme as Leis de Darwin.
Planos para o futuro?
Estamos muito atentos ao desenvolvimento de novas tecnologias como a (AI) Inteligência Artificial e a utilização de serviços inovadores na nuvem disponibilizados pelas plataformas da Microsoft, Amazon e Google. Existe todo um conjunto de serviços que anteriormente estavam disponíveis apenas para grandes organizações e que atualmente baixaram muito de preço e assim passam a ser acessíveis a um conjunto alargado de empresas.
Como vê a Winsig dentro de cinco anos?
Continuaremos com a mesma missão, mas certos de que teremos ferramentas mais potentes e mais fáceis de utilizar, permitindo uma maior facilidade de utilização e uma resposta mais rápida às necessidades dos utilizadores.
Acredito que existirá uma maior facilidade de integração entre várias soluções que serão baseadas na nuvem e que as empresas se irão diferenciar pela forma com interligam essas mesmas plataformas para obterem uma solução única que lhes traga vantagens competitivas.
Daqui a cinco anos espero ter ultrapassado a fasquia dos 10 milhões de euros de vendas com uma equipa que deverá rondar os 140 colaboradores tão motivados e empenhados como os 100 que somos atualmente.
Respostas rápidas:
O maior risco: Viver é um risco, mas como só vivemos uma vez…
O maior erro: Não ter fundado a Winsig mais cedo!
A maior lição: Viagem ao Nepal em 2008.
A maior conquista: Absorção de várias empresas com culturas diferentes