Entrevista/ “O país tem de apostar numa promoção qualitativa, temos de valorizar a nossa diferenciação”

Patrícia Dias, cofundadora The Art of Tasting Portugal

Promover a gastronomia através da criação de experiências memoráveis. É este o objetivo do projeto The Art of Tasting Portugal que se prepara para divulgar “uma parceria que será inédita a nível mundial” e que tem “um programa televisivo no horizonte”, revelou Patrícia Dias, cofundadora da plataforma, ao Link to Leaders.

Chama-se The Art of Tasting Portugal (TAOTP) e é um projeto com a assinatura da Chefs Agency e o Alto Patrocínio do Ministério do Mar e do Ministério da Agricultura, que pretende promover a gastronomia portuguesa através do mapeamento dos elementos únicos que a constituem e da venda de experiências gastronómicas.

No início deste ano, a TAOTP juntou-se à TAP Air Portugal para dar vida ao novo projeto Local Stars, cujo objetivo passa pela valorização da portugalidade através da gastronomia, bem como das regiões através dos seus produtos emblemáticos.

Nos próximos dois anos, nos voos de longo curso da companhia aérea nacional, a matriz do conceito desta plataforma materializa-se a bordo da classe executiva, onde a viagem começa numa região e destaca um produto local, trabalhado neste menu por um chef nacional.

Como e quando surgiu a ideia de criar o projeto The Art of Tasting Portugal?
O TAOTP surge pela equipa da empresa Chefs Agency, fruto da nossa experiência, rede de contactos nacionais e internacionais e, acima de tudo, vontade de promover a gastronomia portuguesa. Decidimos abrir uma nova empresa para este projeto, não só pela diferença de modelos de negócio, mas, acima de tudo, para que fosse uma plataforma democrática, que agregasse o país através da sua gastronomia.

Qual o objetivo?
O TAOTP começa por ser uma empresa de comercialização de experiências de carácter gastronómico premium. O “premium” no sentido em que queremos valorizar e enquadrar esta viagem por Portugal, permitindo o acesso direto aos principais chefs nacionais com momentos privilegiados de tempo, o “bem” mais escasso da atualidade. Durante a pandemia desenvolvemos os conteúdos, uma narrativa semanal que apresenta o país e os seus protagonistas. Foi com base neste trabalho exaustivo que recebemos o Alto Patrocínio do Ministério da Agricultura e Alimentação e do Ministério do Mar, a par de apoio do Turismo de Portugal e da ViniPortugal. Foi também com base nesta vertente de conteúdos que recebemos o convite da TAP Air Portugal para uma parceria que resulta na presença da marca The Art of Tasting Portugal a bordo da classe executiva nos próximos dois anos.

As experiências turísticas de ênfase gastronómico são estratégicas para a promoção do território, inseridas no plano estratégico do Turismo de Portugal. Este produto, que trabalhamos em propostas com a curadoria da nossa equipa, encontra-se em comercialização no nosso site e estamos neste momento a estabelecer parcerias estratégicas com mercados externos para intensificar a vendas, especialmente para clientes empresariais.

Que serviços disponibilizam e a quem se destinam?
As experiências gastronómicas do The Art of Tasting Portugal podem ter diversos formatos, que podem passar pelos programas que temos disponíveis no site ou, maioritariamente, a serem desenvolvidos mediante os interesses específicos dos clientes. Destinam-se a pessoas, nacionais ou estrangeiros, que queiram disfrutar de uma experiência gastronómica diferenciadora.

“Há uma grande procura por alguns chefs mais mediáticos, como Vítor Sobral, Henrique Sá Pessoa ou Rui Paula, mas também uma procura por regiões específicas, sendo que aqui temos de destacar o fascínio pelos Açores (…)”.

Quais os serviços/experiências mais requisitados?
Há uma grande procura por alguns chefs mais mediáticos, como Vítor Sobral, Henrique Sá Pessoa ou Rui Paula, mas também uma procura por regiões específicas, sendo que aqui temos de destacar o fascínio pelos Açores e a enorme procura por experiências nestas ilhas.

Quantas experiências já realizaram?
Não somos um projeto de quantidade, mas de qualidade, e temos já realizado um número considerado de projetos, tendo em conta o recente início da sua comercialização em pleno.

Quais têm sido os maiores desafios que têm encontrado pelo caminho?
Abrir uma empresa de âmbito turístico no mês que se inicia a pandemia mundial foi sem dúvida o maior desafio alguma vez imaginado… Mas, olhando para trás, acabou por nos dar tempo para construir ainda melhor as bases do projeto e acabamos por rentabilizar os conteúdos que fomos desenvolvendo durante o período em que as fronteiras estiveram encerradas.

Como são organizadas as experiências? Como é feita a seleção?
As experiências estão organizadas por região, por chef e até por produto específico que seja relevante no território e na gastronomia nacional. O mapeamento foi feito pela nossa equipa, com estes elementos em destaque, acreditando que são experiência interessantes e apelativas para o consumidor.

Quem se pode tornar parceiro do projeto?
Temos abordado algumas marcas que se associaram a esta plataforma de promoção nacional e que compreendem a ligação com este perfil de consumidor, mas estamos recetivas a contactos que possam agregar valor.

Qual o modelo de negócio?
A comercialização destas experiências turísticas e a rentabilização dos conteúdos com parcerias e eventos paralelos.

“Acredito que o setor tem de se requalificar, apostar na formação para conseguir ter equipas mais eficientes e estáveis, que permita a evolução da área e, consequentemente, do país”.

Quais os desafios que se colocam ao setor da gastronomia e hotelaria?
Acredito que o setor tem de se requalificar, apostar na formação para conseguir ter equipas mais eficientes e estáveis, que permita a evolução da área e, consequentemente, do país. A sustentabilidade tem de ser cada vez mais valorizada e, efetivamente, implementada. Defendo que o país tem de apostar numa promoção qualitativa, temos de valorizar a nossa diferenciação.

Planos para o futuro da The Art of Tasting Portugal?
Temos muitas novidades para comunicar em breve, sendo que há um programa televisivo no horizonte e a divulgação de uma parceria que será inédita a nível mundial, com um enorme impacto não só na nossa empresa, mas no próprio país.

Que conselhos daria a um jovem que quer lançar um negócio na área da gastronomia?
Recomendo que conheça bem o setor e as suas tendências, tenha muita perseverança, resiliência e capacidade de adaptação.

Respostas rápidas:
O maior risco: A dependência do mercado externo para a rentabilidade do nosso produto, numa fase pós-pandemia e com uma guerra a decorrer na Europa.
O maior erro: Felizmente ainda não tivemos nenhum erro digno de registo, mas encaramos as dificuldades como aprendizagens e “sinais” perante o caminho a seguir.
A maior lição: A importância da resiliência, capacidade de adaptação e espírito de iniciativa.
A maior conquista: As entidades de relevo nacional e internacional que integramos neste projeto (ainda por divulgar!).

 

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