Opinião

O impacto da inteligência artificial na gestão das marcas

Pedro Celeste, diretor-geral da PC&A

A Inteligência Artificial (IA) está a transformar profundamente a gestão das marcas, redefinindo a forma como estas se posicionam, ajustam a sua proposta de valor e interagem com os seus clientes.

Se, até agora, as políticas de branding dependiam dos insights obtidos por via de estudos de mercado, experiência do cliente e know how de gestão, hoje as decisões são cada vez mais suportadas por algoritmos avançados, capazes de analisar volumes massivos de dados em tempo real.

O posicionamento preferido de uma marca é o que a diferencia no mercado na mente dos consumidores. Com a IA, as marcas podem entender de forma mais perfeita as tendências, identificar nichos de mercado inexplorados e adaptar-se rapidamente às mudanças no comportamento do cliente, seja em B2C ou B2B. As ferramentas de machine learning analisam interações nas redes sociais, padrões de compra e sentimentos dos diferentes públicos-alvo e personas, ajudando as marcas a ajustarem a sua comunicação e respetiva identidade.

A personalização em escala tornou-se o verdadeiro diferencial competitivo.

Sendo assim, a proposta de valor de uma marca deve estar em constante evolução para atender às expectativas dos clientes. Com a IA, essa adaptação ocorre de forma mais rápida e eficaz. Os algoritmos analisam o feedback do mercado, monitorizam a concorrência e identificam oportunidades de inovação, permitindo às empresas ajustar a sua oferta antes que se tornem obsoletas.

A própria automação também impacta a experiência do cliente. Sabemos que o uso de chatbots inteligentes, assistentes virtuais e análise preditiva podem melhorar e escalar o atendimento, tornando a jornada de compra mais fluida e satisfatória. Além disso, a IA possibilita a criação de produtos e serviços hiperpersonalizados, através de soluções desenhadas sob medida ou campanhas publicitárias adaptadas ao perfil de cada utilizador.

Neste contexto, coloca-se um desafio relevante e único ao brand manager, cuja adaptação aos dias de hoje terá de evoluir rapidamente. Se antes as suas principais funções envolviam planeamento estratégico e criatividade, agora é essencial dominar ferramentas de análise de dados, automação e inteligência preditiva. O gestor de marca do futuro será um profissional híbrido, combinando competências criativas com capacidades analíticas e tecnológicas.

Ainda é cedo para que as ferramentas de IA substituam os brand managers, mas ajudam de sobremaneira a amplificar a sua capacidade de tomar decisões estratégicas com base em informação credível. A criatividade humana continuará a ser fundamental para fundamentar histórias autênticas e construir conexões emocionais com o público, mas será suportada por insights de IA que garantem maior precisão e eficiência.

A IA revolucionará a gestão de marketing, antecipando tendências, personalizando experiências e otimizando campanhas com precisão. As empresas que adotarem a IA estarão mais perto de perseguir vantagens competitivas, tomando decisões baseadas em dados, em tempo real.

O futuro da gestão de marcas pertence à automação estratégica, onde criatividade humana e inteligência artificial se unem para alcançar excelência e crescimento sustentável.

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Pedro Celeste

Pedro Celeste

Doutorado em Gestão pela Universidade Complutense de Madrid. Diplomado pelo INSEAD, London Business School, Wharton School, University of Virginia, MIT Management Sloan Management School, Harvard Business School, Imperial College of London, Kellogg School of Management de Chicago e IESE Business School. Na Católica Lisbon School of Business & Economics é Diretor Académico dos Executive Master in Management e coordenador do Programa Avançado de Marketing para Executivos, do Programa de Gestão Comercial e Vendas, do Programa de Gestão em Marketing Digital... Ler Mais..

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