Opinião
O futuro do trabalho

Há pouco tempo pediram-me para fazer uma reflexão sobre “como as empresas podem reinventar-se e fazer face à velocidade da mudança”, tendo como pano de fundo aquilo que está a acontecer na comunidade de empreendedores.
A esse propósito, os desafios são enormes, e a velocidade da mudança imparável, e quanto mais cedo as empresas perceberem isso, e trabalharem no sentido de criar dinâmicas de inovação para os seus negócios, mais ajustadas estarão face aos cenários futuros.
A realidade das startups tem servido como tubo de ensaio para testar novos modelos organizacionais, sendo a cultura um dos critérios cada vez mais relevantes para atrair e motivar os melhores colaboradores. Cada vez mais se sente que a remuneração não é o mais importante, e aspetos como a autonomia, o fazer parte de algo maior, e um bom ambiente de trabalho ganham outra relevância.
Dito isto, importa criar um contexto. A digitalização da economia tem permitido às start-ups revolucionar várias indústrias, nomeadamente fintech, educação, ecommerce, agro, recursos marinhos, medtech entre muitas outras, e, por outro lado, permite aceder a um mercado global de qualquer lado do mundo. Neste contexto, Portugal pode ser cada vez mais um país de escolha para o arranque de novas startups globais, pois somos cada vez mais capazes de reter e atrair os recursos necessários para criar uma startup global. Na Beta-i já recebemos cerca de 4 mil candidaturas para os nossos programas e acelerámos mais de 800 startups (65% das quais estrangeiras), que levantaram já mais de 60 milhões de euros em investimento.
É preciso reparar que cada vez mais, os novos empreendedores e startups têm uma cultura global, e a noção de que a ideia por si não vale muito, e que o importante é a capacidade de execução e de crescer rapidamente a nível global.
Nos últimos anos temos também vindo a apostar numa lógica que cruza startups e grandes empresas, através dos chamados “aceleradores verticais”, por se focarem apenas numa indústria.
Assim nasceram o Deloitte Digital Disruptors (seguros), Protechting by Fidelidade/Fosun (seguros e saúde), Cork Challenge by Amorim Cork Ventures (indústria da cortiça), Smart Open Lisboa (smart cities), SIBSPayForward (soluções de pagamento), The Journey (turismo), Prio Jump Start (sector da energia) ou o TechCare by Novartis (indústria farmacêutica).
Temos casos de um programa, por exemplo, em que tivemos reduções de custo de 50% em alguns processos críticos, e aumentos de eficácia da ordem dos 60%, taxas de retornos de investimento de 160%, ou crescimentos de 94% na fiabilidade de processos. Estes são dados reais e concretos do impacto de um dos nossos programas de aceleração.
As sinergias que resultam deste processo simbiótico acabam por permitir que os projectos com maior potencial tecnológico, nas mais diversas áreas, sejam apoiados e cresçam a nível global. Assim, diria que a nossa missão passa por permitir que os projectos com maior potencial tecnológico, nas mais diversas áreas, sejam apoiados, e se imponham, com ambição internacional.