Opinião

O desafio de continuar a Googlar

Pedro Celeste, diretor-geral da PC&A

Temos assistido a um conjunto de processos de fusão e de aquisição de empresas no domínio tecnológico, sabendo-se que a liderança mundial em todas as vertentes da área digital irá assegurar o protagonismo e a afirmação da liderança, nos mais variados setores de atividade.

Com a introdução do Chat GPT, pela Open AI da Microsoft, a Google viu a sua destacadíssima posição de liderança no mercado de procura de informação online ameaçada, onde detinha praticamente 90% da quota de mercado.

Hoje, sabe-se que 62% das empresas afirmam já ter tomado contacto com a inteligência artificial, em particular com o Chat GPT, seja na procura de informação, na gestão de processos, na sua componente criativa, administrativa, análise de mercado, etc… E é sempre bom não esquecer que o Chat GPT nasceu em novembro de 2022 e, em 2 meses, atingiu 100 milhões de utilizadores, registo nunca alcançado por nenhuma outra plataforma.

Ora, a resposta do Google a esta ameaça na inteligência artificial surgiu através do Bard, o qual não teve o resultado esperado, pelo que houve necessidade de renomear a plataforma para Gemini. Os resultados começam a surgir, embora a Google ainda seja o terceiro maior fornecedor de serviços em cloud, mercado liderado pela Microsoft com 50% da quota, seguido da Amazon com cerca de 33%.

A par desta situação, no primeiro trimestre de 2024, as grandes tecnológicas fizeram um investimento brutal em data centers, na ordem dos 40 mil milhões dólares, necessários para dar resposta aos desafios da inteligência artificial.

Na verdade, entre aqueles que melhor poderão vir a aproveitar estas tendências, encontram-se os serviços que funcionam em cloud. Os ganhos de estar “sempre online” são evidentes e isso será crucial para se viver numa lógica de IoT (Internet of Things) e para os desafios próximos que o 5G e 6G irão colocar. A informação gerada pela combinação dos smartphones, smartwatches ou computadores crescerá de forma avassaladora e tenderá a filtrar a comunicação relevante a que cada um de nós (consumidores e empresas), teremos acesso.

Sabendo que não pode ficar para trás neste domínio, que pode propiciar a liderança na inteligência artificial, a Google prepara-se para fazer a sua maior aquisição de sempre, oferecendo 30 mil milhões de dólares pela Hubspot, conhecida plataforma alimentada por IA com a integração de todos os softwares e recursos necessários para conectar as atividades de marketing, vendas e atendimento ao cliente. O seu principal objetivo é o de agrupar aplicações para clientes, alargando a oferta em áreas de especialização.

Afinal, a Google é a 3ª marca mais valorizada no planeta, o seu valor de mercado supera os 260 mil milhões de dólares, tendo crescido ininterruptamente desde que nasceu, em 1998. A sua ambição, projeção e sucesso não lhe permite atirar a toalha ao chão ou sequer baixar os braços neste jogo de competitividade contínua. A sua missão sempre foi a de tornar a informação acessível e útil (recorde-se que, por cada segundo que passa, há 100.000 pesquisas no Google).

E assim permanecerá, seguramente, se vingar no mercado da inteligência artificial.

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Pedro Celeste

Pedro Celeste

Doutorado em Gestão pela Universidade Complutense de Madrid. Diplomado pelo INSEAD, London Business School, Wharton School, University of Virginia, MIT Management Sloan Management School, Harvard Business School, Imperial College of London, Kellogg School of Management de Chicago e IESE Business School. Na Católica Lisbon School of Business & Economics é Diretor Académico dos Executive Master in Management e coordenador do Programa Avançado de Marketing para Executivos, do Programa de Gestão Comercial e Vendas, do Programa de Gestão em Marketing Digital... Ler Mais..

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