Norte-americana revoluciona mercado de produtos femininos e ajuda crianças no Quénia

Através da Easy Period, Alyssia Bertram passou a entregar tampões e pensos higiénicos produzidos de forma sustentável na casa das clientes. Parte do lucro obtido com as vendas é revertido em produtos de higiene e educação para as crianças do Quénia.
Embora o mercado norte-americano de produtos higiene íntima feminina deva atingir os 42,7 mil milhões de dólares (34.6 mil milhões de euros) até 2022, quando o assunto é ciclo menstrual “facilidade” não é uma palavra usada com frequência. Globalmente, ainda existe um grande estigma ligado à menstruação, o que faz com que, muitas vezes, os produtos relacionados com os cuidados femininos não respondam às necessidades de muitas mulheres.
Mais surpreendente ainda é o fato de que produtos amplamente vendidos não são regulamentados por leis que obriguem os fabricantes a divulgarem os componentes usados, como é o caso dos tampões e pensos higiénicos tradicionais. Devido aos potenciais problemas relacionados com os compostos químicos tóxicos e alergénicos encontrados nesses produtos, nos últimos anos têm surgido novas marcas que pretendem colocar a saúde e a voz das mulheres à frente dos negócios.
Alyssa Bertram fundou a Easy Period com a ideia de derrubar o constrangimento social que existe à volta da temática da menstruação. Inicialmente, a intenção era criar um serviço que oferecesse marcas conhecidas de cuidados íntimos femininos. Porém, depois de fazer uma pesquisa sobre os componentes usados nos tampões tradicionais, Betram decidiu oferecer um serviço de assinatura mensal que entregava tampões e pensos higiénicos produzidos de maneira sustentável (do ponto de vista da saúde) na casa das clientes. Parte do lucro obtido com as vendas é revertido em produtos de higiene e educação para as crianças do Quénia. Há dois anos, a empreendedora lançou não apenas um produto, mas um movimento que empodera as mulheres, ao dar-lhes opções de escolha e um serviço que coloca as suas necessidades em primeiro lugar.
A Forbes enumera as 5 lições que podemos tirar da história de Alyssa Bertram que há dois anos lançou não apenas um produto, mas um movimento que empodera as mulheres, ao dar-lhes opções de escolha e um serviço que coloca as suas necessidades em primeiro lugar. Ora veja.
1.Tenha graça… e coragem
O serviço da Easy Period foi uma ideia na qual Alyssa Bertram pensou durante muitos anos enquanto trabalhava na área de pesquisa de grandes hospitais em Toronto, no Canadá. Insatisfeita e depois de testemunhar a doença da mãe decidiu enfrentar os seus medos. “Eu acho que o meu propósito é impactar as mulheres e lembrá-las do que elas têm por dentro, para ajudá-las a não ter medo de fazer aquilo que, nos seus corações, sabem que gostariam de fazer. A maioria de nós tem uma noção do nosso propósito, mas vive num ambiente que pode dificultar a ação. Então, construir uma comunidade em torno de uma ideia partilhada, e saber que merecemos produtos seguros, permite que eu viva o meu verdadeiro propósito agora”.
2. Não olhe para os lados
Ter atenção à concorrência direta é uma estratégia que muitas empresas usam para subir de nível no mercado. Mas Alyssa Bertram descobriu que a melhor abordagem é olhar menos para o trabalho e mais para a cliente, pois é o que mantém o serviço da Easy Period alinhado às suas necessidades. “No início colei-me a esta ideia, fiquei extremamente focada em outras marcas, nos seus momentos de sucesso e a tudo o que faziam. Para mim, isso foi como um dreno de energia, mas aprendi que ter concorrência é, na verdade, um sinal bastante positivo, mostra que faz parte de um negócio.” A empreendedora viu o crescente mercado de produtos de higiene intima feminina como um espaço com lugar suficiente para todos. “Eu tive de aprender a não me distrair com os meus concorrentes e a usar a presença deles apenas como combustível.”
3. A criatividade está em todo o lado
Nem todos nascem pintor, fotógrafo ou artista, portanto, alguns acreditam que a criatividade não é algo que deva ser perseguido ou incorporado nos seus modelos de negócio. Mas uma parte fundamental da estratégia de design é estar atento a outras marcas semelhantes para ter inspiração para novas ideias. O pensamento criativo exige trabalho e Alyssa Bertram teve de encontrar o seu lado criativo para lançar a sua ideia. “O livro ‘O Caminho do Artista”, de Julia Cameron, fala sobre como acabar com os bloqueios da sua criatividade, o que era uma grande questão para mim. Eu achava que não era criativa na escola ou nas aulas de artes, sempre odiei tudo o que desenhava. Somos ensinados dessa forma, que o destaque artístico é algo que apenas as pessoas com capacidade têm. Por isso, realmente tive de aprender outras formas de criatividade.”
4. Encontre pessoas que o ajudem a trazer o melhor de si ao de cima
Ao cultivar relacionamentos que a ajudam no âmbito pessoal e profissional, Alyssa Bertram procura por pessoas que, segundo ela, fazem vir ao de cima o melhor de si. Pessoas que não estão sempre por perto, mas são capazes de proporcionar experiências valiosas. Empreender pode ser um caminho bastante solitário, por isso, a empreendedora concentra-se em ter à sua volta pessoas que a apoiam. E também acredita que orientar é uma relação recíproca e benéfica para ambos os indivíduos em espectros opostos de suas carreiras.
5. Esteja pronto para uma longa caminhada
Escala e crescimento rápido são objetivos que muitas marcas e negócios procuram de maneira isolada, o que coloca de lado as caraterísticas dos clientes e volta a atenção para o geral. O ideal de Alyssa Bertram para a Easy Period é diferente: “Prefiro crescer lentamente e garantir que as clientes atendidas por mim se sintam ouvidas e satisfeitas. Cresço de forma consistente por oferecer um tipo de serviço que, se agradar, pode acabar por ser vitalício. Estou mais interessada em manter as minhas clientes e garantir a qualidade. A experiência pessoal e a felicidade de cada consumidora são muito mais importantes do que ir atrás de 50 novas oportunidades de venda. Algumas pessoas podem ver isso como uma maneira menos lucrativa de se comportar, mas acho que, a longo prazo, essa estratégia criará uma fonte consistente e autêntica de lucro. Eu penso muito no crescimento, mas tem de ser de forma sustentável.”