Facebook regista patentes que violam privacidade dos utilizadores

Usar o microfone do telemóvel para perceber que programas de televisão os utilizadores gostam ou fazer uma previsão do seu futuro são apenas duas das sete assustadoras patentes registadas pelo Facebook.

Numa altura em que o escândalo da recolha de dados de mais de 87 milhões de utilizadores do Facebook parece ter sido ultrapassado (o conhecido caso da Cambridge Analytica), é noticiado pelo The New York Times um novo motivo para nos preocuparmos com a nossa privacidade nas redes sociais dominadas por Mark Zuckerberg.

Quando tudo indicava que a rede social tinha como objetivo mudar de trajetória, tornando-se numa plataforma que valoriza mais às interações entre os utilizadores, há algumas patentes que podem indiciar o contrário.

Desde 2012, altura em que o Facebook se tornou uma empresa pública, que foram apresentadas milhares de patentes. Uma delas pressupõe a utilização da câmara interior do telemóvel para analisar e detetar as expressões dos utilizadores de forma a perceber se gostam ou não do conteúdo que lhes é apresentado. Outra passa por querer utilizar o microfone do telemóvel para perceber que programa de televisão estão a ver.

Estas são as sete – assustadoras – patentes que o Facebook registou e que o The New York Times reviu.

Identificar a sua câmara do telemóvel

O Facebook assinou uma patente para criar uma espécie de impressão digital única nas câmaras dos telemóveis. Isto poderá ser feito através de pixels estragados ou de riscos nas lentes da câmara. O objetivo seria perceber quem é que faz upload das fotografias tiradas com o seu telemóvel, de forma a conseguir cruzar a sua relação com os restantes utilizadores da rede social.

Classificar a sua personalidade

Outra patente pretende utilizar as suas mensagens e publicações para identificar os traços de personalidade. A meta é fazer uma análise dos utilizadores para avaliar traços gerais, como, por exemplo, se são extrovertidos ou emocionalmente estáveis. Este método seria utilizado para perceber que anúncios e publicações podem ser mais adequadas para os vários utilizadores.

Fazer uma previsão do seu futuro

Com esta patente, o Facebook quer utilizar as publicações, as mensagens, as transações do cartão de crédito e a localização dos utilizadores para prever um grande evento de vida, como um nascimento ou uma morte de alguém próximo.

Ler as suas relações

Outra das patentes pressupõe a prever se o utilizador está numa relação amorosa. Isto poderá ser efetuado através de dados como a quantidade de vezes que os utilizadores do Facebook visitam a página da sua potencial “cara-metade”, o número de pessoas presentes na fotografia de perfil e a percentagem de amigos do sexo oposto.

Ouvir o som ambiente através do microfone

Esta patente tem como finalidade utilizar o microfone do smartphone para identificar que programas de televisão está a ver ou que anúncios bloqueou.

Rastrear a sua rotina

Outra patente prevê fazer o rastreamento da sua rotina semanal e utilizar a localização do seu smartphone a meio da noite para perceber onde é que mora.

Aferir os seus hábitos

Esta patente propõe-se fazer uma correlação da localização entre o seu dispositivo e os dos seus amigos. A finalidade é aferir com quem é que socializa com mais frequência. Para além disto, a patente também quer monitorizar o seu telemóvel quando este está parado de forma a contar as suas horas de sono.

A revisão das patentes assinadas pela empresa de Zuckerberg levanta óbvios problemas de violação da privacidade, ainda que os executivos responsáveis pela rede social tenham afirmado, várias vezes que as patentes não devem ser vistas como os futuros planos do Facebook.

“A maioria da tecnologia descrita nestas patentes não foi incluída em nenhum dos nossos produtos, nem vai ser”, afirmou Allen Lo, vice-presidente e chefe de propriedade intelectual do Facebook, num email ao The New York Times.

Por outro lado, Jason M. Schultz, professor de Direito da New York University, explicou ao jornal diário norte-americano que “o portfólio de patentes é um mapa de como uma empresa pensa que a tecnologia vai evoluir”.

A Amazon, por exemplo, registou uma patente que envolve a criação de armazéns voadores, com o objetivo de facilitar as entregas feitas através de drones, numa clara antevisão de como poderá ser feita a distribuição do futuro.

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