Opinião

Não precisas de um plano. Precisas de uma luta.

Joaquim Costa, fundador e CEO da Hyperstack Capital

Já vivi o peso de ter zero euros na conta. Apresentei ideias que foram ignoradas, outras que foram motivo de riso. Esperei meses por um único “sim”. Lancei produtos que ninguém quis saber.

Enquanto alguns levantavam rondas, eu trabalhava no silêncio, a arriscar tudo — das poupanças ao sono, passando pela sanidade mental. Mas continuei. Sempre.
Porque construir algo do nada é um jogo para quem não desiste. Não é romântico, nem imediato. É feito de esforço, dúvida, persistência e uma crença profunda de que se está a criar algo que vale a pena.

O empreendedorismo, quando vivido de verdade, não destrói — revela. Mostra quem somos, de forma nua e crua. E se neste momento estás na fase difícil, onde tudo parece contra ti… então estás exatamente onde as verdadeiras histórias começam.

A dura realidade que poucos dizem em voz alta

Muitos produtos não crescem porque, simplesmente, ninguém se importa com eles. Não é por falta de funcionalidades, design ou tecnologia. É porque ainda não tocaste em algo que as pessoas realmente queiram ou sintam.

A verdade é esta:

  • Criaste algo funcional, mas não irresistível.
  • Lançaste um produto, mas não uma razão para o mundo o usar.

O desafio agora não é técnico — é emocional, estratégico e narrativo. Estás na fase de transformar indiferença em ação. E isso implica pensar para lá do produto: pensar em distribuição, comunicação, impacto real.

  • A Notion cresceu porque as equipas a usaram para colaborar melhor — não apenas porque era bonita.
  • O Figma venceu porque mudou a forma como trabalhamos em conjunto, não pelas suas funcionalidades.
  • O Calendly, com apenas uma função simples, tornou-se viral pela sua facilidade de partilha.
  • O Zapier escalou sem equipa de vendas — porque pensou distribuição desde o primeiro dia.

Todas elas provaram uma coisa: distribuição é produto.

O erro mais comum
Durante anos, também eu passei semanas a refinar interfaces, a debater prioridades de funcionalidades, a ajustar detalhes. Até perceber uma lição simples, mas poderosa:
Não interessa o quão bom é o teu produto se ninguém o vir. Foi nesse momento que deixei de pensar apenas como builder e passei a pensar como estratega, como storyteller, como distribuidor de valor.

Da experiência ao propósito
Foi esse caminho, feito de tentativas, erros e batalhas reais, que me levou a criar a Hyperstack Capital — uma plataforma que combina capital, produto e estratégia.
A Hyperstack nasceu com um propósito claro: apoiar fundadores na fase mais difícil — quando ainda ninguém os vê, quando o produto ainda não tem tração, quando tudo parece incerto. Somos uma mistura de venture capital, start-up studio e consultoria de produto e go-to-market. Apoiamos fundadores com investimento, mas também com execução real, orientação prática e rede de apoio. Porque o mundo não precisa de mais apresentações bonitas. Precisa de construtores com cicatrizes e vontade de vencer. E é com esses que queremos estar.

Para quem está na luta
Se estás a construir algo em silêncio, entre incertezas e convicção, sem manchetes, mas com coragem — fica a saber que não estás sozinho. A luta não é um desvio. É o caminho. E é lá que se constroem as empresas que realmente mudam coisas.

Empreender é simples. Não é fácil.
Fazes algo que o mundo precisa. Tornas isso óbvio. E nunca, nunca desistes. Isso não é um plano. É uma luta. E é assim que se ganha.

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Joaquim Costa

Joaquim Costa

Joaquim Costa é líder de produto e empreendedor em série, atualmente fundador e CEO na Battlefield Capital, com 3 exits, consultor de produto, mentor de startups e orador convidado em conferências de gestão de produto. A sua jornada no ecossistema de startups e produto começou em 2015, após uma distinta carreira militar de sete anos, marcada por missões internacionais e condecorações ao serviço da NATO e da Marinha Portuguesa, onde desempenhou funções em operações. Com uma trajetória empreendedora de mais... Ler Mais..

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