Milionários são mais otimistas e propensos a riscos, mas isso não é bom para a sociedade, alerta estudo

Cientistas alemães analisaram 1.125 milionários para identificar os seus traços comportamentais e descobriram que estes são mais otimistas e propensos a correr riscos, o que pode ter um impacto negativo na sociedade.
Os milionários são realmente diferentes das pessoas comuns ou mesmo de outras pessoas ricas? Cientistas alemães afirmam ter encontrado a resposta depois de analisarem os traços de personalidade de mais de mil pessoas com grandes fortunas.
Segundo o estudo, os milionários, especialmente os milionários self-made, são mais propensos a correr riscos, mais abertos, mais conscientes e geralmente mais otimistas em comparação com pessoas não ricas e com as que herdaram a sua riqueza.
No entanto, os investigadores alertam que essa ousadia pode ter um impacto negativo na sociedade, já que os ricos geralmente exercem grande poder.
Para o estudo, publicado na revista Humanities and Social Sciences Communications, os investidores analisaram dados do Painel Socioeconómico Alemão, uma pesquisa a 30 mil pessoas.
Em vez de se concentrarem no rendimento, os investigadores olhavam para os ativos de cada pessoa, incluindo as suas ações, propriedades e negócios, como uma medida mais representativa da sua riqueza. Uma pessoa era classificada como “rica” se tivesse um património líquido superior a um milhão de euros e “não rico” se fosse inferior a 800 mil euros. Os que tinham um património líquido entre esses dois valores não foram incluídos no estudo.
Dos 23.721 indivíduos da amostra do estudo, 1.125 eram milionários, 190 tinham uma fortuna pessoal de mais de 5 milhões de euros e 61 ultrapassou os 10 milhões de euros.
Como parte da pesquisa, os participantes também preencheram um questionário que avaliava o seu caráter com base na Teoria dos Cinco Fatores da Personalidade – comumente conhecida como os cinco grandes traços de personalidade – e sua propensão para o risco.
Desenvolvido por psicólogos do Instituto do Envelhecimento, nos EUA, (NIA, na sua sigla em inglês, parte do governo federal dos EUA), o modelo analisado propõe que a personalidade de uma pessoa pode ser determinada por cinco fatores: o neuroticismo, tendência a ser ansioso ou pessimista; abertura a experiências, bem como níveis de criatividade e inventividade; consciência, a sua capacidade de ser organizado e persistente; amabilidade, a sua tendência a confiar nos outros e a trabalhar com eles e, por último, a extroversão, que determina quão ativa ou sociável uma pessoa é.
Pessoas ricas têm grande influência na política e na sociedade em geral
Os resultados do estudo, revelados pelo Business Insider, mostraram que as pessoas ricas tendem a ter níveis mais altos de tolerância ao risco, abertura, extroversão e consciência, mas níveis mais baixos de neuroticismo e amabilidade quando comparadas com pessoas não ricas.
Em comparação com as pessoas que herdaram a sua fortuna, os milionários self-made estavam muito mais dispostos a correr riscos e geralmente eram menos neuróticos.
De acordo com os investigadores, os resultados têm implicações mais amplas. A riqueza traz poder. As pessoas ricas têm grande influência na política e na sociedade em geral.
“Quando um decisor sénior com alta tolerância ao risco coloca em prática planos de ação que podem ser benéficos, mas muito arriscados, essa tomada de decisão propensa ao risco pode acabar por prejudicar o restante da população mais avessa ao risco”, apontam os investigadores no estudo.
Os investigadores também enfatizam que o estudo se concentrou explicitamente em milionários alemães, de modo que poderia levar a outras conclusões, se fosse aplicado a países com outras mentalidades culturais.
Indicam também que, embora o perfil de personalidade não seja uma garantia automática de sucesso económico – fatores como educação, acesso a recursos e competências também importam-, indivíduos que apresentam os traços da personalidade autodidata têm uma maior probabilidade de ficar rico.