Opinião

MID – Medo, Insegurança, Dúvida

Diogo Alarcão, gestor

Muitos ainda se recordarão do acrónimo VUCA que esteve na moda há cinco ou seis anos. Dizia-se, na altura que o Mundo era VUCA – Volatile, Uncertain, Complex, Ambiguous. Muito mudou, desde então.

Hoje, ao Mundo VUCA, soma-se um clima MID – Medo, Insegurança e Dúvida. Há um medo que decorre das notícias que nos chegam diariamente sobre os diferentes conflitos armados, nomeadamente no Médio Oriente e na Ucrânia, mas também decorrente da incerteza quanto ao futuro da Europa, da NATO, das eleições nos EUA e tantas outras situações que poderia citar. A esse medo, junta-se um sentimento de insegurança que é alimentado pelos extremismos que continuam a manchar as manchetes dos jornais com o sangue de vítimas inocentes ou pelas notícias que nos chegam diariamente pelas redes sociais sobre o perigo da islamização da Europa ou da ameaça de uma imigração descontrolada proveniente da Ásia.

Como se o medo e a insegurança não bastassem, junta-se um sentimento de dúvida quanto à capacidade das atuais lideranças mundiais conseguirem enfrentar estes desafios e encontrar soluções ponderadas para os mesmos.

Este clima MID existe à escala mundial, mas também à escala nacional, bem como a uma escala mais micro como sejam as empresas.

O que pode um líder de uma organização fazer face a este clima MID?

Creio que as melhores ferramentas que um gestor pode ter para combater o Medo, a Insegurança e a Dúvida é a proximidade e a comunicação. Ao longo da minha carreira como gestor tive, várias vezes, de lidar com situações em que as equipas que liderava estavam receosas ou quase paralisadas pelo medo de não conseguirem atingir os objetivos, sentiam insegurança decorrente dos processos de transformação organizacional que estavam a viver e tinham dúvidas quanto ao futuro.

Nessas alturas, procurei (procuro) estar sempre próximo das equipas para que, por um lado, possa perceber quais são os seus receios (medos), mas também para que possam ver, perceber e sentir que não estão sós. Como corolário dessa proximidade, procuro comunicar o mais possível. Transmito mensagens de confiança e dou orientações sobre que rumo tomar, bem como conselhos e respostas às questões que me colocam. Uma postura de proximidade e uma comunicação persistente, ajudaram muitas vezes a superar, ou pelo menos controlar, o medo das minhas equipas e, até, o meu próprio medo.

Os medos dos gestores/líderes decorrem, muitas vezes, do desconhecimento ou de uma má perceção sobre o que as suas equipas pensam ou estão a fazer. Muitos de nós já passámos pela experiência de ter um determinado preconceito sobre a performance de uma pessoa ou equipa que, depois, se veio a revelar infundado. Num clima MID o risco de criarmos esses preconceitos é ainda maior. Também por isso é, pois, importante reforçar a comunicação entre líderes e equipa, bem como criar e dinamizar canais que fomentem a proximidade e partilha, preferencialmente em ambientes informais. Desta forma, podemos evitar esse tipo de preconceito e definir estratégias de comunicação e proximidade que ajudem a superar medos, a gerar ambientes mais seguros e a esclarecer dúvidas.

Talvez desta forma consigamos lidar melhor com o MID, nosso e dos outros.

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