Maioria dos portugueses não aceitaria um emprego que afetasse o “work-life balance”

42% dos inquiridos referem que o seu empregador não está a proporcionar flexibilidade suficiente para trabalhar a partir de casa, revela o mais recente estudo da Randstad.
Os colaboradores dão cada vez mais prioridade a temas como a flexibilidade, o equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional, e ao alinhamento entre os seus valores com o das empresas para a qual trabalham. É a conclusão da mais recente edição do estudo Workmonitor, da Randstad, que inquiriu 27 mil trabalhadores em 34 mercados da Europa, Ásia-Pacífico e Américas.
Segundo o estudo, mais de metade (56%) dos trabalhadores consideram-se ambiciosos, um valor que cresce para 69% no caso da Geração Z. Quase metade (47%) dos trabalhadores não está focada na progressão e a mesma proporção está disposta a permanecer numa função de que gosta, mesmo que não haja espaço para progredir ou desenvolver-se. Para além disto, um terço (34%) dos trabalhadores não quer assumir funções de direção.
Os colaboradores consideraram assim o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional (93%), a flexibilidade no que diz respeito ao horário de trabalho (81%) e o apoio à saúde mental (83%) como os fatores mais importantes num emprego, mais do que a ambição de construir carreira (70%). Porém, o estudo indica que o facto de os colaboradores não apresentarem como principal foco a progressão de carreira na sua forma mais tradicional, isto é assumindo por exemplo, funções de liderança, tal não significa que não tenham interesse no seu próprio desenvolvimento.
Quase três quartos (72%) classificam as oportunidades de formação e desenvolvimento como importantes e um terço (29%) deixaria um emprego se não lhes fossem oferecidas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento para prepararem as suas competências para o futuro, com especial foco na Inteligência Artificial (IA).
Mas afinal o que procuram os trabalhadores portugueses? Em Portugal, a ambição dos colaboradores vai também além da subida na carreira e a motivação para tal não tem necessariamente como objetivo assumir uma função de liderança, com uma parte dos trabalhadores a valorizar muito a satisfação no trabalho. Os colaboradores também estão a dar prioridade à sua própria felicidade, saúde mental e vida pessoal em detrimento do emprego.
Os resultados do inquérito revelam também que 57% dos colaboradores sentem-se ambiciosos relativamente à sua carreira e 36% estão preocupados em perder o seu emprego. Quanto às motivações, 37% dos inquiridos referiram que, ainda que não exista espaço para progredirem em determinada função, continuarão a desempenhá-la caso seja um cargo de que realmente gostem.
A preocupação com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional está em destaque nesta análise, com 60% dos colaboradores a afirmarem que não aceitariam um emprego se considerassem que iria afetar negativamente o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Para além disto, 50% dos inquiridos referem que a vida pessoal é mais importante do que a vida profissional e 39% mencionam que abandonariam um emprego que lhes impedisse de desfrutarem da sua vida.
Ainda de acordo com estudo, para os portugueses, os cinco principais elementos relativos ao emprego atual ou futuro são: equilíbrio entre o trabalho e vida pessoal (97%); o salário (96%); o apoio à saúde mental (94%); a segurança no emprego (93%); a flexibilidade do horário de trabalho, assim como as oportunidades de progressão na carreira (88%).
Flexibilidade é uma prioridade para os colaboradores portugueses
A análise reforça a ideia de que a flexibilidade vai além do teletrabalho, incluindo também o horário de trabalho, que, na tomada de decisão para assumir uma nova função, é um elemento considerado crucial. Ao serem questionados sobre o que não aceitariam num emprego que não oferecesse flexibilidade, 29% dos inquiridos responderam que não aceitariam falta de flexibilidade relativamente à localização e 32% mencionaram que não aceitariam falta de flexibilidade quanto ao horário.
Há ainda a destacar que 26% considerariam deixar o emprego se lhes fosse pedido para passar mais tempo no escritório e 42% referiram que o seu empregador não está a proporcionar flexibilidade suficiente para trabalhar a partir de casa.
Os colaboradores procuram cada vez mais parcerias com empresas que demonstrem ideias semelhantes às suas, revela a análise. Deste modo, 31% dos inquiridos referem que não aceitariam um emprego se não concordassem com os pontos de vista do empregador, assim como 37% indicam que não aceitariam um emprego se a organização não estivesse a fazer um esforço proativo para melhorar a sua diversidade e equidade.
Outro ponto de destaque nesta análise é a importância dada à formação, nomeadamente em termos de competências de IA, com mais de um terço dos inquiridos a afirmar que não aceitaria um emprego que não oferecesse formação para preparar as suas competências para o futuro.