Maioria das empresas migra para a cloud para reduzir custos e não por estratégia, aponta Accenture

O foco na redução de custos pode colocar as organizações em desvantagem competitiva, principalmente quando comparadas àquelas que investem em cloud de forma mais estratégica.
Atualmente, apenas 13% das empresas que trabalham com nuvem fizeram a sua adoção de maneira mais estratégica e não focando-se apenas na redução de custos. Cerca de 23% investiram nessa solução de olho apenas na parte financeira e 64% não têm um modelo operacional muito definido. Essa é a conclusão do relatório “Ever-ready for Every Opportunity: How to Unleash Competitiveness on the Cloud Continuum”, da Accenture.
Com base num inquérito da Accenture a cerca de 4.000 executivos C-Suite, de organizações dos setores público e privado em todo o mundo, o relatório revela que o foco apenas na redução de custos pode colocar as organizações em desvantagem competitiva, quando comparadas com aquelas que usam a cloud de forma mais estratégica nas suas formas dinâmicas, incluindo cloud pública, privada e edge, explica a Accenture em comunicado.
“A maioria das organizações implementa uma combinação de cloud pública, privada e edge, com pouca integração entre elas”, afirma Vanda Gonçalves, managing director, responsável pela área de Cloud da Accenture em Portugal.
“Como resultado, a inovação, os dados e as melhores práticas alcançadas em algumas áreas da organização não beneficiam o todo, impedindo assim a maximização de valor. No entanto, uma pequena percentagem das organizações está a posicionar-se para tirar o máximo valor possível da cloud, olhando-a como um “continuum” de tecnologias que abrange diferentes locais e tipos de propriedade, com suporte dinâmico de 5G em cloud e redes definidas por software para oferecer suporte às necessidades, em constante mudança, dos seus negócios”, acrescentou a responsável.
O relatório da Accenture revela também que, embora as organizações planeiem migrar, em média, mais de dois terços das suas workloads para a cloud, nos próximos três a cinco anos, apenas metade estará a utilizar todo o potencial da cloud nas suas várias formas para transformar o dia a dia das suas operações, realizar projetos de investigação e desenvolvimento ou modernizar aplicações para responderem às necessidades do negócio.
A Accenture define as organizações que lideram o caminho na cloud como “Continuum Competitors”. Estas organizações – que representam cerca de 12-15% dos inquiridos, dependendo da região – destacam-se por alargarem a experiência que tiveram com a cloud pública aos seus data centers privados e assim transformarem o dia a dia das suas operações. Como resultado do seu envolvimento contínuo na cloud, obtêm ganhos substanciais e superam os seus concorrentes.
Nos “Continuum Competitors” incluem-se organizações como a Carlsberg, por exemplo. Além da poupança em custos operacionais, a multinacional dinamarquesa cita a liberdade de inovar e experimentar como uma das principais vantagens da cloud, permitindo-lhes lançar novas iniciativas e campanhas, em horas, em vez de meses.
Ao contrário das organizações cujos esforços na cloud se concentram principalmente na migração única para economia de custos e eficiência, os “Continuum Competitors” apresentam duas a três vezes maior probabilidade de inovar, automatizar e reprojetar o seu trabalho de investigação e desenvolvimento e alcançam reduções de custos entre 2,7x (Europa) e 1,2x (América do Norte) e maiores do que as organizações focadas principalmente na migração de dados.
Estratégias para subir de nível
Ao estudar o uso que os “Continuum Competitors” fazem da cloud, a Accenture identificou quatro abordagens de cloud vencedoras e aplicáveis a qualquer organização.
1. Saber para onde pretende que o “continuum” o conduza
Uma organização deve primeiro desenvolver uma estratégia com uma visão que estabeleça claramente os seus valores centrais e as suas aspirações, que identifique vulnerabilidades competitivas e que classifique recursos que relacionem onde a empresa está hoje com as suas aspirações. Estas estratégias devem ser desenvolvidas tendo em conta a evolução constante dos recursos da cloud em todo o “continuum”.
2. Estabelecer práticas cloud que ofereçam suporte e ampliem tecnologias
As organizações devem combinar a adoção da tecnologia com práticas que tragam disciplina e que ajudem a mudar áreas não tecnológicas à luz dos avanços computacionais. Agilidade é a característica mais importante para se ser um “Continuum Competitors” pois inspira a utilização de aplicações cloud-first, a requalificação do talento, a experimentação de tecnologias de informação e de computação, entre outras áreas.
3. Acelerar a inovação para proporcionar experiências excecionais
Os “Continuum Competitors” priorizam os seus investimentos numa área: a experiência. Usam uma combinação de human-centered design e tecnologias baseadas na cloud, como edge computing, para repensar a experiência e levá-la a um envolvimento maior com os seus clientes, parceiros e colaboradores. Isso é conseguido impulsionando uma mentalidade de experiência em toda a organização, incluindo produtos e serviços, experiência dos colaboradores e modelos de entrega.
4. Oferecer um compromisso estratégico contínuo
A liderança necessita estabelecer objetivos de negócio, definir níveis de risco apropriados e promover uma cultura de agilidade e crescimento. As organizações também devem reconhecer a natureza partilhada do desafio: todos na organização precisam ser informados acerca do potencial, cada vez maior, da cloud e das melhores práticas.