Líderes masculinos impedem mulheres de progredir no mercado financeiro, diz estudo

Na indústria financeira, os gestores homens impedem as mulheres de progredir na carreira, conclui um estudo da Women in Banking and Finance e da London School of Economics, que contou com o apoio de grandes bancos no Reino Unido.
A carreira de algumas mulheres no mercado financeiro é bloqueada por líderes masculinos, concluiu um estudo que contou com o apoio de grandes bancos no Reino Unido, como o Goldman Sachs, o Barclays e o Citi. As informações são avançadas pelo Financial Times.
O estudo da Women In Banking and Finance, uma organização sem fins lucrativos fundada em 1980, e da London School of Economics alerta para uma tendência entre gestores: fingir empatia ao gerir mulheres. Os autores do estudo afirmam que esta tendência é uma preocupação ainda maior no atual cenário de pandemia, em que é preciso uma maior capacidade de gestão.
Segundo o estudo, as mulheres no setor financeiro perceberam que precisam de mostrar excelência contínua no seu trabalho para progredirem, enquanto os homens têm mais espaço para cometer erros. Entre os motivos apontados para esta disparidade estão a sociedade dominada por homens, as carreiras interrompidas devido à licença maternidade e a maior relutância em gerir funcionários homens, aponta o estudo.
Homens “medíocres” têm maior propensão para permanecer no setor do que as mulheres porque se enquadram na perceção social do perfil de quem trabalha no mercado financeiro, explica o estudo.
Grace Lordan, professora da London School of Economics e diretora fundadora da The Inclusion Initiative, disse ao jornal Financial Times que há uma perceção entre as mulheres entrevistadas de que é “muito mais provável que homens médios acabem por ser os chefes das mulheres mais jovens que estão a ingressar na carreira”. Lordan afirma que houve progresso no mercado financeiro londrino, mas que o setor “não está nem perto da igualdade”.
Já Anna Lane, presidente e CEO da Women In Banking and Finance, revelou que a “diversidade e inclusão continuam a ser uma questão significativa nos serviços financeiros e pode ser difícil identificar o sucesso dos programas de diversidade e inclusão. Embora algumas iniciativas tenham resultado claramente, outras precisam de ser repensadas”.
O estudo entrevistou 79 mulheres de bancos, consultorias, fintechs, gestoras de ativos e seguradoras de Londres.
O setor bancário tem relativamente poucas líderes mulheres. Apenas 8% dos executivos-chefes de instituições europeias de crédito e investimento e um quinto dos cargos em órgãos de administração dos maiores bancos europeus são mulheres, de acordo com a Autoridade Bancária Europeia. Nas empresas de serviços financeiros dos EUA, as mulheres representam pouco menos de 22% dos cargos de liderança em 2019, de acordo com uma análise recente da Deloitte.
Recorde-se que na semana passada o Banco Central Europeu propôs usar a diversidade de género entre os critérios para a aprovação de membros do conselho dos bancos que supervisiona.