Opinião
Liderança, Arte e Propósito?
Depois de mais de 30 anos de carreira no mundo corporativo, a liderar empresas de tecnologia e a empreender do zero, dei por mim com uma inquietação que já não podia ignorar e não queria ignorar.
Sempre fui movida por propósito. Por construir. Por deixar um impacto positivo nas pessoas e nos projetos por onde passei. Mas chegou o momento em que percebi que queria — e precisava — de me reinventar. De criar algo novo, com outra forma, com outra linguagem. Algo que me permitisse expressar tudo o que vivi, aprendi e defendi ao longo de décadas, mas de um modo mais íntimo e emocional.
Foi assim que nasceu a minha jornada no mundo da arte!
Comecei um caminho em que a arte — sobretudo a abstrata — se tornou o meu novo território de expressão. A minha nova forma de falar de liderança, de empoderamento feminino, de superação e de empreendedorismo, num setor (o tecnológico) sempre dominado por uma presença masculina. Era importante para mim dar voz a estas histórias. Às minhas, e às de tantas mulheres que conheci pelo caminho.
O que poucos imaginam é que esta transição não foi um salto no escuro. Pelo contrário: apliquei nela exatamente os mesmos princípios que sempre me guiaram como empreendedora. Estudar, experimentar, testar, falhar, aprender, recomeçar. Entreguei-me com a mesma disciplina com que liderava equipas ou lançava uma empresa. Mergulhei na história da arte, aprendi técnicas, explorei a teoria das cores e compreendi como as formas e as emoções se entrelaçam.
“Mudar de caminho não é desistir — é escutar com coragem aquilo que já não podemos ignorar.”
Durante este percurso, deparei-me com várias ideias feitas sobre a mudança de carreira. Mitos que, muitas vezes, nos travam antes mesmo de tentar. Aqui partilho os três principais que eu própria tive de desconstruir:
- “É tarde demais para mudar de carreira”
Nunca é tarde para viver de forma alinhada com quem somos, com o nosso propósito de vida. A experiência não é um obstáculo — é um capital valioso. A minha maturidade deu-me uma visão mais clara, estratégica e consciente. Recomeçar não me assustou; deu-me liberdade. - “Vou ter de começar do zero”
A minha tela estava em branco, sim — mas não vazia. Trouxe comigo tudo o que aprendi em décadas: pensamento crítico, capacidade de execução, resiliência, criatividade orientada para resultados. A arte tornou-se a minha nova linguagem para comunicar tudo isso. - “E se eu falhar?”
Falhar faz parte de qualquer processo criativo ou empreendedor. Falhei muitas vezes no meu percurso e ainda bem, porque falhei “rápido” e tirei grandes lições! O meu estilo artístico foi nascendo e evoluindo com cada tentativa, com cada feedback. Hoje, cada obra tem uma intenção, uma energia, um simbolismo que carrega a minha vivência profissional e pessoal.
Na verdade, tudo o que vivi antes preparou-me, sem me aperceber, para este momento em que a minha forma de expressão, tornou-se visual e agora um legado pela arte!
Não foi uma ruptura com o passado, mas uma evolução natural. Troquei um mundo estruturado, guiado por métricas e resultados, por um espaço onde a liberdade criativa, a emoção e a autenticidade fazem parte agora do meu quotidiano. O propósito, esse, permaneceu inabalável: continuar a construir com significado, a impactar e a inspirar — agora através da arte. Cada obra que crio carrega uma história, um legado, uma intenção que convida à reflexão de quem a contempla.Tal como nos negócios, também na arte acredito: sem propósito, não há paixão. Sem paixão, não há legado.
Hoje, pinto como sempre liderei: com coragem, com intenção e com alma.
E tu? Já pensaste em reinventar-te?
Gostava de saber: o que significa para ti viver com propósito? Já deste um passo fora do caminho tradicional? Partilha comigo — quem sabe a tua história também inspira outras pessoas a ousarem fazer diferente. Ou quem sabe, a tua história através da arte?
Boa Leitura e Reflexão.








