Lições dos unicórnios aplicáveis a qualquer start-up

As empresas unicórnio despertam sempre a atenção dos investidores, acabando por ser valorizadas por estes. Mas a sua história nem sempre é feita só de sucesso. Saiba o que as start-ups têm a aprender com o que estas fazem de certo e errado.
O ritmo de crescimento dos unicórnios, as start-ups avaliadas em mais de mil milhões de dólares (879 milhões de euros), é surpreendente. Mesmo sem muito para mostrar em termos de receita, estas start-ups são acarinhadas por investidores e muitas vezes constroem negócios fortes.
Algumas atingem o sucesso muito rapidamente, embora na maioria dos casos o sucesso apareça ao fim de vários anos de trabalho. Começam por ter uma boa ideia que os investidores apoiam durante o tempo suficiente até esta se tornar rentável e lucrativa. Noutras ocasiões, as start-ups não conseguem vingar por encontrarem inúmeras contrariedades. Qualquer que seja o caso, há ensinamentos a retirar da experiência das start-ups unicórnio que qualquer empreendedor pode conhecer, alguns deles partilhados
1.Construir uma história
Todas as pessoas gostam de uma boa história. Conforme os cientistas descobriram, reinterpretam os factos para os adequar aos quadros mentais existentes. As pessoas gostam de ver as suas crenças e mitos partilhados e corroborados. No caso das start-up unicórnio, estas tendem a ter uma história que se enquadra na expetativa do mito. São empresas novas que, com esforço e trabalho árduo, reinventam algum aspecto para o bem de todos.
Por isso, no caso de uma qualquer outra empresa, é importante encontrar uma linguagem que permita divulgar o que ela realmente é e faz de uma forma a que as pessoas entendam através das suas estruturas mentais. Ou seja, contar uma história com cariz emocional, mantendo a veracidade. Ao distorcer a verdade e contar uma história enganosa, o empreendedor vai gastar muito tempo e energia a reforçar essa mensagem, na esperança de poder superar a crescente perceção do público.
2. Ser cauteloso com os negócios de preço reduzido
Uma estratégia escolhida por muitos unicórnios é a oferta dos produtos/serviços a preços reduzidos, ou por outras palavras, os unicórnios vendem a sua produção por um valor inferior ao seu custo real de forma a captar utilizadores/consumidores. Ao optar por este estratégia, os unicórnios esperam alcançar pelo menos um de três objetivos:
- A concorrência desapareça;
- Vão crescer o suficiente para que seus custos marginais caiam, tornando o serviço ou produto lucrativo;
- Terão uma base de clientes dedicada que está disposta a pagar mais.
No entanto, subir os preços, ou usar o volume de produção para reduzir os custos, de forma a atingir margens brutas positivas é muito mais difícil do que a maioria das pessoas pensa. Por isso é necessário pensar cuidadosamente sobre a eventualidade de optar por uma estratégia de negócio assente em preço.
3. O lucro é importante
O mundo ainda sofre com o fim da bolha especulativa das “dot com” e muitos empresários e investidores estão focados em aumentar a participação no mercado e lucrar rapidamente. A preocupação com a obtenção de lucros deve estar na mente do empreendedor desde o início do projeto, mesmo que a empresa não atinja o break even rapidamente e tenha que operar durante algum tempo abaixo da margem de rentabilidade. Se a start-up é lucrativa, e não está apenas a gastar dinheiro, dificilmente os investidores deixarão de acreditar no projeto e reduzir ou cortar o financiamento. Os mecanismos de lucro fazem parte da fundação.
4. Investidores olham para o futuro
Os investidores não se preocupam apenas com o estado atual da empresa, mas sim onde ela poderá estar no futuro. O crescimento é a expetativa de muitos investidores, que querem investir o seu dinheiro para promover o crescimento e aumentar o valor do negócio, para, quando saírem obterem mais lucro.
No entanto, o fundador da start-up precisa ter em conta a sustentabilidade da empresa. Expetativas de crescimento demasiado elevadas podem exigir abordagens operacionais insustentáveis a longo prazo. Ou seja, a start-up não deve fazer algo apenas porque os investidores querem, se isso trouxer prejuízos no futuro.
5. Definir a propriedade da empresa em antecipação
Lutas internas pela liderança da empresa nunca são positivas para nenhum negócio, e são ainda mais prejudiciais quando se tornam públicas. É preferível e mais fácil resolver possíveis problemas desde o início do projeto. Há casos internacionais que ilustram este problema como um dos fundadores do Snapchat que alegou ter contribuído mais para o desenvolvimento do produto do que a empresa queria admitir. Ou então o acordo entre os gémeos Winklevoss e o Facebook.
6. O charme tem limites
Um fundador de uma start-up não pode assumir que, quer a sua empresa, quer ele próprio serão sempre acarinhados pelo mundo. É preciso ter alicerces para trabalhar. Se a empresa está a obter atenção e interesse público, é importante manter os pés na terra e ter consciência que isso irá passar, para o bem e para o mal.
Vejamos o exemplo da Theranos, uma start-up que tinha todos os ingrediente para uma história de sucesso: um jovem ex-universitário de Stanford cria uma empresa que pretende revolucionar os serviços de saúde com exames ao sangue incrivelmente eficientes e baratos. Tudo estava a dar certo até ao momento em que o Wall Street Journal começou a questionar a história da Theranos. Agora, o CEO da empresa está a tentar reagir e recuperar a credibilidade. Em qualquer caso, a reputação da empresa sofreu um enorme impacto negativo.
7. Lutar contra as probabilidades
A maioria das start-ups não consegue integrar a lista de unicórnios e muitos dos unicórnios não conseguem manter-se. Ao criar uma start-up é necessário garantir que a empresa funciona bem, tem um forte relacionamento com os clientes e recursos humanos com competências de gestão necessárias para o sucesso a longo prazo, caso o fundador não as possua.