Opinião
“Let’s get this straight, I’m the boss” – O papel do líder na saúde mental das suas equipas

Sabia que o Google registou o record de interesse nos termos de pesquisa “toxic work environment” e “toxic boss” em 2022, mais do que alguma vez desde 2004?
Nas Organizações modernas, há muito que não faz sentido o líder autoritário, sobretudo com as novas gerações, é crítico cuidar do seu desenvolvimento para que se consiga otimizar todo o seu potencial. O grande desafio dos líderes é cuidar desse desenvolvimento contínuo e ao mesmo tempo assegurar alta performance, retenção de talento e a sua saúde mental.
Sabemos que os estilo de gestão e de liderança são um dos determinantes da melhor ou pior saúde dos colaboradores. Nas organizações onde a liderança é tóxica, por muitos benefícios financeiros que se ofereçam, as pessoas acabam por revelar mais sintomas de doença mental, nomeadamente ansiedade e depressão. Sabemos mesmo! Estudos revelam que o ambiente de trabalho tóxico é o principal factor para resultados relacionados com intenção de sair da organização, sintomas de burn-out, depressão e ansiedade (McKinsey ,2022) e que um em cada dois colaboradores, nos Estados Unidos, abandona o seu trabalho em algum momento para afastar-se do seu chefe (Gallup. 2022).
Os projetos de melhoria da saúde mental nas organizações passam claramente pela capacitação, quer das competências psicológicas dos colaboradores, quer pelas competências de coaching dos seus líderes. Nestes textos sobre saúde mental, este nosso artigo aborda a forma como o líder pode adotar uma cultura de ‘coaching skills’ na sua liderança. E o que é que isso quer dizer?
Ter uma atitude de coach vai mudar a maneira como o líder vê e gere as suas equipas, com este desenvolvimento o próprio líder ganha novas competências para ajudar a sua equipa a navegar na complexidade dos desafios do dia a dia com maior foco, desempenho, apoio, orientação, otimizando os seus próprios recursos para os ajudar a atingir os seus objetivos.
Uma Cultura de Coaching ajuda o líder a potenciar as suas equipas em cinco vertentes: No desenvolvimento individual de cada colaborador, ajudando-o na identificação das áreas de melhoria e a criar planos de ação para desenvolver as capacidades, competências e produtividade. Isto pode incluir feedback/feedforward, apoio, e recursos externos para ajudar os membros da equipa a atingir o seu potencial máximo. No fundo, criar condições de desenvolvimento e de aprendizagem.
Na dinâmica da própria equipa, estando atento e abordando quaisquer conflitos ou questões que possam estar a impedir o desempenho da equipa. Os líderes-coaches podem facilitar reuniões, actividades, estratégias para encorajar a colaboração, confiança, e a segurança psicológica tão importante no seio da equipa. Isto é, garantem que as equipas funcionam porque os colaboradores maximizam as suas competências quando trabalham em conjunto.
Promovendo a motivação e responsabilidade de todos, ajudando a manter foco nos objetivos, celebrar os sucessos, aprender com os erros, oferecendo reforço positivo, reconhecendo as contribuições dos outros, co-construindo soluções, e responsabilizando as equipas com os resultados.
Apostando na melhoria contínua, os líderes-coaches encorajam os membros da equipa a serem auto-conscientes e reflexivos, promovendo uma cultura de crescimento de aprendizagem, com uma mentalidade de crescimento “Growth mindset”.
Por último, promovendo a saúde mental dos colaboradores, estando atentos aos sinais de possíveis problemas, como exaustão, tristeza, desmotivação, stress, comportamentos extremos, falta de autocontrolo, para prevenir a doença e apoiando com recursos especializados a quem deles precisar.
Não podemos esquecer que para que o líder seja um bom coach tem de ele próprio estar saudável física e mentalmente, caso contrário nada funciona. A receita aplica-se a todos.
*Belén de Vicente, CEO da Medical Port e fundadora da Stuward Health, e Ana Pinto Coelho, fundadora da Insight Out