Japão procura inovação na Europa

O Japão está a virar a sua atenção para o mercado europeu, até agora negligenciado. Londres, Paris, Barcelona e Lisboa são cidades que estão na mira das start-ups nipónicas.

Susumu Kataoka, diretor geral da Japan External Trade Organization (JETRO), esteve pela primeira vez no Web Summit, onde marcaram presença seis empresas japonesas, e traçou ao Link to Leaders a missão da organização governamental que dirige, a partir de Paris, e da nova abordagem que o seu país está a desenvolver na Europa.

“A maior parte das empresas japonesas têm-se virado mais para os Estados Unidos e para a Índia, por exemplo, e a Europa tem sido negligenciada ao longo do tempo. A minha missão é mudar essa atitude. Virar os olhos japoneses para a Europa”, explicou Susumu Kataoka. Apesar de conhecer muito bem o ecossistema francês, uma vez que está sediado em Paris, o diretor geral da JETRO, considera que a Europa, no seu todo, tem mercados muitos dinâmicos e que a vinda a Lisboa, ao Web Summit, teve uma dupla missão. Em primeiro lugar, trazer as start-ups japonesas para o estrangeiro, para Portugal. E em segundo, atrair start-ups para o Japão “porque precisamos de inovação em áreas tecnológicas, como inteligência artificial, saúde…”.

“Até agora as grandes companhias japonesas têm sido muito competitivas e estão um bocado cansadas de pesquisa e desenvolvimento e precisam de recursos externos, que são as start-ups”, afirmou.

A missão da Japan External Trade Organization
“Este ano, o governo japonês decidiu apoiar start-ups e selecionou cerca de 100 que têm ambições fortes para se internacionalizarem. O que significa que o governo vai alocar todos os meios possíveis para essas start-ups ajudando-as a irem para o estrangeiro”.
Em termos de áreas, o governo tem algumas prioritárias, entre as quais os setores de inteligência artificial, machine learning, health care. O apoio realiza-se através do J. Startup, criado recentemente, e que já selecionou 92 start-ups. “O investimento não é o nosso objetivo. Preferimos conectar as start-ups com os investidores ou parceiros. Somos o link com o mercado”.

A viragem para o continente europeu, como explicou Susumu Kataoka, tem como foco a Europa como um todo. Contudo, revelou, estão particularmente atentos a mercados como o Reino Unido ou cidades como Barcelona, Paris e Lisboa. “Cada país tem as suas características, por isso vamos promover a Europa como um todo. Se houver companhias interessadas num mercado europeu específico, cabe-lhes a elas escolherem o destino mais adequado para estarem localizadas”, afirmou.

O diretor geral da JETRO explicou ainda que o programa J. Startups tem 12 hubs de acelaração à volta do mundo. Na Europa estão em Paris, Londres, Berlim e Helsínquia. “Nestes hubs temos programas específicos para identificar as start-ups japonesas que querem internacionalizar-se e apoiamo-las, facilitando planos de negócio com os aceleradores locais e incubadoras”.

Apesar do apoio governamental, as start-ups continuam a enfrentar alguns desafios, refere Susumu Kataoka. “Como pode facilmente imaginar, o mercado japonês é muito grande, com 120 milhões de pessoas. Há muito mercado e isso não  incentiva as start-ups à terem ambições internacionais. A segunda barreira que temos são os problemas de linguagem. Mesmo que tenham ambição de ir para o estrangeiro não sabem como o fazer, como lidar com isso. Esses são aspetos que podemos apoiar”, concluiu.

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