ISCTE lidera consórcio que vai criar sistema europeu de partilha de dados de saúde

O projeto, que reúne universidades e unidades de saúde, tem uma verba inicial de dois milhões de euros e um prazo de dois anos para colocar todos os sistemas informáticos a falarem a mesma linguagem.
O Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) vai liderar um consórcio europeu de 26 entidades, que reúne universidades e unidades de saúde, para tentar colocar todos os sistemas informáticos a falarem a mesma linguagem.
O objetivo do projeto é que os cidadãos e as organizações de Saúde possam partilhar dados, “não só entre os diferentes países da União Europeia, mas também entre os sistemas públicos e os operadores privados e do setor social dentro de cada país”, lê-se no comunicado enviado às redações.
O grupo reuniu pela primeira vez, em Lisboa, de forma presencial, e segundo o coordenador do projeto, Henrique Martins, professor e investigador do ISCTE, reúne os “mais conceituados especialistas europeus em dados de saúde”, que vão criar um “ambiente de interoperabilidade sustentável e escalável em toda a UE”.
O projeto, o XpanDH – Expanding Digital Health through a pan-European EHRxF-based Ecosystem, tem uma verba inicial de dois milhões de euros e um prazo de dois anos para “ajudar a criar condições para que os cidadãos e as organizações de saúde possam partilhar melhor dados de saúde, não só entre os países da UE, mas também entre os sistemas nacionais de saúde e os diferentes operadores privados e do setor social” de cada país.
“Há sistemas informáticos que não comunicam uns com os outros porque, para o fazerem, é preciso que tenham um canal e uma linguagem comum, e é exatamente isso que vamos tentar trabalhar. No fundo, é definir regras iguais para todos. O nosso grande desafio vai ser expandir esta linguagem e fazer com que cada vez mais unidades e pessoas a utilizem”, acrescenta o professor, referindo que “esta linguagem irá criar um macrossistema europeu que permitirá às unidades de saúde de todos os Estados-membros funcionar em rede de forma mais automática”..
Em Portugal, o Centro Hospitalar Universitário de Santo António, no Porto é uma das unidades de saúde que irá testar este formato em tempo real. “É um dos parceiros formais do projeto e vai estar na linha da frente a fazer experimentação e demonstrações. Vai começar a experimentar a apresentação das notas de alta clínica na app do hospital. Mas temos outras unidades de saúde envolvidas neste projeto, um hospital em Itália e uma rede de hospitais na Grécia. A nossa ideia é convencer outros hospitais a fazerem o mesmo”, revela.
Henrique Martins reforça ainda a ideia de que o objetivo último deste projeto “é a integração e a continuidade dos cuidados”. Ou seja, “sempre que as pessoas saem de um hospital público e vão para um hospital privado ou vice-versa, mesmo dentro do próprio país, muitas vezes há descontinuidade de cuidados porque a informação não é partilhada. Mas dentro de um país podemos criar um sistema de comunicação a nível nacional, mas a nível europeu temos que ter outras regras, mais abrangentes, para se poder fazer isso”.
No final, os 26 parceiros europeus envolvidos no projeto vão propor a Bruxelas um novo “ecossistema de ligação” entre os sistemas informáticos das instituições de saúde europeias, como hospitais, centros de saúde, laboratórios e registos nacionais.