Opinião
Interim Management, uma realidade crescente em Portugal

Não sendo uma novidade dos tempos atuais, a verdade é que os fenómenos de interim management sofreram substancial crescimento nos últimos anos em Portugal.
Quiçá fruto das intempéries laborais criadas inicialmente pela nova realidade imposta pela pandemia e, mais recentemente, pela crise resultante da guerra na Europa, cujo impacto a nível económico se tem feito sentir também com natural pujança na realidade empresarial e, consequentemente, a nível das relações laborais estabelecidas entre empresas e funcionários.
Uma das principais consequências da evolução do Mundo, a todos os seus níveis, passou pela crescente rapidez com que a vida nas empresas mudou, forçando vários negócios a adaptarem-se de forma quase dramática à nova realidade que se apresentou perante si, obrigando a reestruturações urgentes, a um repensar imediato do futuro, muitas vezes demonstrando a própria falta de preparação das estruturas para os novos desafios que se apresentavam numa base cíclica.
É nesse contexto que várias empresas entenderam não possuir dentro das suas estruturas os recursos humanos mais qualificados para permitir uma rápida mudança e adaptação a novas realidades. Por razões evidentes, as empresas estão normalmente estruturadas de modo a fazer face ao seu plano atual de negócio e, desse modo, os recursos humanos à sua disposição podem carecer de conhecimentos específicos para fazer face às alterações que por algum motivo circunstancial se impõem.
Nesse sentido, tem sido crescente a procura por parte de várias empresas por funcionários especializados, cuja experiência e know-how seja direcionado para enfrentar problemas e desafios distintos. Usualmente esta procura foca-se também em necessidades específicas, ou seja, não visa necessariamente substituir funcionários, mas sim complementar as valências destes com recursos adicionais que permitam repensar o modo de funcionamento das empresas e dotar as mesmas de outras perspetivas para o futuro.
Surge, porém, a preocupação com os custos e, nessa medida, é também frequente que estas contratações sejam sempre limitadas temporalmente, i.e., que visem determinada tarefa relacionada com um contexto específico e que procure implementar determinadas mudanças (muitos destes casos são conhecidos por change managers ou officers), concluídas as quais o gestor abandona o cargo (se bem que não é inédito ser incorporado definitivamente após o período de exercício da sua função pontual face aos resultados apresentados, pese embora essa expetativa não exista no início da relação de interim management).
Pese embora todos os méritos, o busílis desta opção é sempre encontrar a pessoa certa – verdade seja, isso acontece em qualquer contratação -, razão pela qual cada vez mais surgem no mercado empresas de colocação de trabalhadores diferentes das tradicionais, que se especializam em possuir bolsas de candidatos específicos para este tipo de funções, normalmente gestores com ampla experiência de mercado e que, eles próprios, não ambicionam qualquer colocação permanente, mas sim uma opção temporária, por projeto.
Este é cada vez mais um recurso para intervencionar empresas num rápido contexto de mudança em que vivemos, colocando mais-valias à disposição dos empresários, e que pode ter o condão de quebrar fronteiras profissionais, permitindo a inclusão temporária nos quadros da empresa de profissionais oriundos de diferentes geografias e setores, razão pela qual este é um fenómeno a ser seguido com atenção nos anos vindouros.