Inteligência Artificial: cinco previsões de um futurista para 2019

Leia as previsões de um futurista sobre os desenvolvimentos da inteligência artificial em 2019.
A inteligência artificial veio para ficar. Se em 2017 e 2018 estas duas palavras estiveram em todo o lado, não espere que para o ano a excitação diminua. São cada vez mais os setores que veem esta tecnologia ser aplicada por empreendedores engenhosos.
Bernard Marr, autor, futurista e conselheiro tecnológico corporativo e governamental, explica numa publicação na Forbes que, eventualmente, a excitação à volta deste tema vai diminuir. Quando acontecer, a inteligência artificial juntar-se-á ao grupo de tecnologias que revolucionaram o mundo como o conhecemos, e que já damos por garantidas, como a internet e a eletricidade.
Por agora, o autor acredita que devemos esperar grandes avanços tecnológicos visto que estes robots (digitais ou físicos) vão abrir caminho para um futuro onde as máquinas não só têm como finalidade fazer o trabalho físico, como também vão planear, tomar decisões e criar estratégias, tanto em empresas, como na vida pessoal dos utilizadores.
Apesar de haver a possibilidade da inteligência artificial nos libertar mais tempo, de forma a conseguirmos dedicar-nos a outras tarefas, existe também o risco dessa mesma tecnologia nos levar para um mundo onde o desemprego e a estabilidade social reinam.
No entanto, Marr sublinha que é pouco provável que este resultado seja visível em 2019 e faz cinco previsões realistas sobre o tema:
- A inteligência artificial vai tornar-se uma questão de política internacional
Este ano vimos algumas superpotências a protegerem os seus interesses monetários e defensivos. Esta proteção foi especialmente visível na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China – dois dos países mais avançados ao nível da inteligência artificial.
Enquanto que a administração Trump tentou colocar maiores taxas aos bens e serviços utilizados para criar inteligência artificial, do outro lado do Oceano Pacífico há uma tentativa de autossustentabilidade na pesquisa e desenvolvimento. Esta é, possivelmente, uma das razões para o governo norte-americano ter bloqueado uma das maiores aquisições tecnológicas de sempre.
Segundo Marr, há dois problemas com esta guerra: o facto da inteligência artificial poder começar a ser utilizada por regimes autoritários com o intuito de controlar a população e reduzir a liberdade – como os óculos inteligentes utilizados pelos polícias chineses para identificar suspeitos – e também que esta tensão escale e que os investigadores e académicos deixem de cooperar com os colegas de outros países – algo que tem sido fulcral para o desenvolvimento de novas tecnologias.
- Um passo em direção à transparência na inteligência artificial
Para ser amplamente adotada e atingir o seu potencial máximo, a inteligência artificial precisa de ser confiável. Para tal, vamos precisar de saber o que estes robots estão a fazer com a nossa informação, porquê, e como é que os processos de decisão funcionam – especialmente quando se trata de problemas que nos afetam diretamente.
Criar estes sistemas de inteligência artificial mais transparentes não só é benéfico para os utilizadores, como também para as empresas por trás da sua criação. Segundo Marr, há relatórios de empresas que afirmam que têm medo de lançar as suas soluções nesta área devido às complicações que podem vir a sofrer no futuro – caso a tecnologia seja tida como insegura ou pouco ética.
- Inteligência artificial e automação vão, cada vez mais, fazer parte das empresas
Em 2018 o mundo corporativo começou a adotar com mais eficácia os sistemas de inteligência artificial que permitem automatizar parte das tarefas repetitivas – em Portugal, 45% das empresas ainda não iniciaram atividade neste campo.
Nos próximos doze meses, Marr acredita que a confiança nesta tecnologia vai crescer e que a sua adoção se expandirá para todas as operações das empresas, como no departamento de recursos humanos ou nas cadeias de fornecimento, onde as decisões de contratação e de logística vão ter um apoio de informação recolhida por algoritmos. Esta tecnologia será também expandida para os departamentos legais e de compliance – onde os robots já deram provas de que conseguem ser bastante mais produtivos.
- Vão ser criados mais trabalhos do que destruídos
Este é um dos temas mais controversos sobre esta tecnologia. Enquanto que há quem acredite que a inteligência artificial pode acabar com o emprego de grande parte da população, já há estudos que comprovam o contrário, como o da PwC que prevê um aumento de 200 mil postos de trabalho no Reino Unido.
O futurista cita o estudo da Gartner que estima que, apesar de 1.8 milhões de trabalhos serem perdidos para a automação, 2.3 milhões vão ser criados nas áreas da educação, saúde e setores públicos.
Apesar de muitos trabalhadores – especialmente de serviços e fábricas – poderem vir a ser penalizados, outros veem esta tecnologia como um facilitador para o dia-a-dia do trabalho. Exemplo disto são os médicos e os advogados, que poderão reduzir as tarefas repetitivas associadas à sua atividade.
- Os assistentes dotados de inteligência artificial vão tornar-se realmente úteis
Apesar de ainda estarem longe da realidade da ficção científica, os assistentes digitais da Amazon, Google e Apple são um bom previsor do que podemos esperar num futuro próximo, onde estes assistentes de serviços 24/7 vão ganhar novas funcionalidades para nos ajudar com cada vez mais tarefas.
Marr acredita que, no próximo ano, mais pessoas vão utilizar os seus assistentes para organizarem calendários, planear viagens e até mesmo encomendar comida. Um bom exemplo do potencial desta tecnologia é vídeo do Google Assistant a fazer uma marcação no cabeleireiro.
A ideia passada pelo futurista é a de que quanto mais tempo os humanos passarem a utilizar esta tecnologia, maior será o conhecimento dos algoritmos sobre as pessoas – o que reduzirá o atrito nas conversas.