Entrevista/ “A inovação é uma exigência para competirmos no mercado global”

Santos da Casa é a marca de vinhos, com colheitas de várias regiões vitivinícolas do país, criada pela jovem Santos & Seixo, uma empresa de cariz familiar que produz vinhos há apenas sete anos e que já está a ganhar projeção internacional.
Como surgiu a Santos & Seixo?
A Santos & Seixo é uma empresa familiar constituída por duas famílias. Alzira dos Santos e eu sonhávamos em retomar a história das nossas famílias e dedicarmo-nos de corpo e alma ao vinho. O sonho tornou-se realidade quando realizámos as primeiras vindimas nas regiões mais emblemáticas do país, Douro e Alentejo, em 2010.
Que balanço faz destes anos de atividade?
Tem sido bastante positivo. Estamos numa fase de crescimento tanto nos mercados nacional como internacional.
Como têm dado a conhecer os vossos produtos?
Temos dado a conhecer os nossos vinhos em feiras, acções de degustação e eventos.
E o que distingue os vossos vinhos?
Apesar de sermos uma empresa nova estamos a ter consistência ao longo destes anos e isto é reconhecido pelos prémios que temos recebido.Mas mais importante para nós é a fidelização do consumidor. Os nossos vinhos são extremamente elegantes e gastronómicos.
Qual a estratégia que têm adotado para colocar a Santos & Seixo no mapa dos grandes vinhos portugueses?
No mercado nacional, a nossa estratégia passa pelo médio/longo prazo. Estamos com distribuidores regionais que, juntamente com a nossa equipa comercial, estão a fazer um trabalho junto do mercado HORECA, mercado este que nos vai ajudar a criar marca.
Como procuram inovar?
Através de rótulos, mas mais importante através da enologia. Exemplificando, posso afirmar que temos uma combinação entre o moderno e o tradicional, desde a selecção criteriosa das uvas, até à produção e ao estágio em barricas de carvalho. Todos os processos são feitos de modo a preservar ao máximo a genuinidade da uva.
Quanto faturaram no último ano?
Mais do que o valor de mercado da empresa ou da nossa faturação, para mim o melhor sinal de sucesso é o reconhecimento, tanto das marcas como dos vinhos em si, pelos parceiros nacionais e internacionais, pelos críticos, mas, acima de tudo, pelos consumidores. Num mundo onde todos disputam um minuto de atenção, começo a achar que o valor da empresa deve ser medido em tempo. Assim, o meu sucesso é poder ter os vinhos que produzo na mesa dos consumidores durante horas.
Quanto representa o mercado interno no negócio?
Infelizmente muito pouco, cerca de 10%, mas estamos a fechar com pequenos distribuidores regionais e estamos a sentir um crescimento.
E qual o peso de países como China, Reino Unido, Canada e Brasil na faturação da empresa?
Os países que têm mais peso na empresa são China (20%), Polónia (20%), Canadá (20%), Brasil (15%) e outros 15% estão distribuídos por vários países.
Quais os maiores desafios que enfrentaram na internacionalização da marca?
Quando iniciámos o nosso processo de internacionalização tivemos que analisar muito bem a escolha do país, situação essa que passa pela avaliação dos potenciais ganhos e riscos associados. É importante ter dados atualizados para tomar uma decisão. Após a escolha do mercado, compete-nos ter sempre uma inovação constante. A inovação é uma exigência para competirmos no mercado global e está atrelada à adoção contínua de novas práticas, produtos e serviços.
Que conselhos daria a um jovem produtor de vinho?
Pensem sempre que um negócio de sucesso, um dia, foi apenas um sonho, e que foi preciso ter coragem para o tornar realidade. Eu aprendi a aceitar desafios que nunca aceitei antes, e aprendi que sucesso e conforto não podem coexistir. Desafiem-se!
Projetos para o futuro…
A questão do futuro passa por termos um plano bem estruturado e uma organização mental. Sem um plano tudo não passa de um sonho e é preciso algo para transformar o sonho em realidade. Mas se tivermos um plano para o nosso sonho, então podemos fazer com que novos projetos se tornem realidades. E temos muitos projetos…
Respostas rápidas:
O maior risco: O investimento que a empresa está a fazer de momento.
O maior erro: Um dia querer fechar a empresa, a minha sócia não me deixou fazê-lo.
A melhor ideia: Criação da marca Santos da Casa.
A maior lição: Nunca se deve de desistir.
A maior conquista: Quando produzimos um vinho nosso (ver no rótulo “produzido e engarrafado por Santos & Seixo”).