IA Generativa já está a impactar a formação, diz estudo da Cegoc

O “Transformations, Skills and Learning”, da Cegoc, concluiu que a inteligência artificial generativa já está a deixar a sua marca no setor da formação.

A Cegoc acaba de apresentar os resultados do estudo internacional “Transformations, Skills and Learning”, no qual fica patente o impacto que a tecnologia, concretamente a IA generativa está a ter na área da formação. A análise (realizada em junho de 2024, em nove países da Europa à Ásia e América Latina), está estruturada em quatro eixos, a começar pelo relativo à aceleração da mudança tecnológica no centro do desafio das competências.

Vejamos: quando questionados sobre as mudanças que terão impacto nas competências dos colaboradores nos próximos dois anos, os gestores de RH destacaram a Inteligência Artificial e Dados (63%). No caso português, atinge os 50%, o valor mais baixo dos nove países inquiridos. Destaque ainda para o facto de, globalmente, 76% dos colaboradores anteciparem uma mudança no conteúdo do seu trabalho (75% em Portugal) e 27% dos colaboradores considerar que já não tem, ou deixará de ter, as competências necessárias para desempenhar corretamente as suas funções (em Portugal são 20%). Perante isto, a análise da Cegoc constata que 32% dos colaboradores afirmam estar pessoalmente envolvidos no desenvolvimento das suas competências. Já em Portugal, os colaboradores empenhados em formar-se rondam os 40%.

Para fazer face ao impacto das mudanças, os departamentos de RH estão a dar prioridade à melhoria das competências dos colaboradores na sua posição atual (62%) e ao recrutamento de novos perfis (59%). Acresce que assumiram igualmente os desafios inerentes à transformação tecnológica, com 43% a considerar como prioritárias as competências digitais dos seus colaboradores. Em Portugal essa percentagem sobe para os 65%.

Outro dos eixos considerados nesta análise da Cegoc é o desenvolvimento de competências como um desafio estratégico partilhado. A maioria dos inquiridos concorda com a divisão equitativa entre empresas e colaboradores na responsabilidade do desenvolvimento de competências: 63% (entre os colaboradores) e 66% (nos gestores de RH).

Por outro lado, os colaboradores mostram-se fortemente empenhados em desenvolver a sua empregabilidade e a prova desta responsabilidade partilhada é que 92% dos colaboradores afirmam-se recetivos a realizar a sua própria formação para se adaptarem à forma como os empregos e as profissões estão a mudar ou irão mudar (97% em Portugal, o maior valor) e 58% estão até dispostos a financiar parte da sua formação (53% em Portugal).

O terceiro eixo de foco do estudo refere-se ao facto das organizações enfrentarem o desafio do “tempo até à competência” quando se trata de formação adequada e atempada. Com uma pontuação média global de 7,2/10, os DRH consideram que as suas organizações são bastante ágeis na resposta a este desafio do “tempo para a competência”. Essa pontuação é maior na América Latina do que na Europa (7,8 vs 6,8). Portugal regista o valor mais baixo (6,55).

Por último, destaque para os sistemas de formação existentes, o que se espera e o que pode mudar graças à Inteligência Artificial, e, neste ponto, constata-se que a aprendizagem à distância tornou-se uma parte integrante das práticas de formação, por um lado, e por outro que o e-coaching e a aprendizagem adaptativa estão a aumentar. Verifica-se que a formação à distância representa atualmente 46% de todos os cursos de formação (47% em Portugal), sendo a formação síncrona o método preferido, com 57% (58% em Portugal). O e-coaching é o novo tipo de formação favorito: 49% dos gestores de RH (45% em Portugal) utilizam-no ou tencionam fazê-lo a curto prazo.

Os colaboradores esperam que os programas de formação deem prioridade às situações no local de trabalho (52%), que a formação seja mais interativa e divertida (42%) e também mais personalizada (38%). Em Portugal, a preferência recai na formação no local de trabalho (46%), nos cursos de ensino à distância (42%) e na maior escolha de abordagens/formatos (39%).

Verifica-se ainda que Inteligência Artificial Generativa e a utilização de dados estão a conquistar o seu lugar no panorama da formação, com 44% dos colaboradores a afirmar já ter utilizado a IA Gen para aprender. Portugal é o 3.º país entre os nove que mais a utiliza (49%), com o Brasil em 1.º (56%), Singapura em 2.º (50%) e a França em último (32%).

Além disso, 81% dos decisores de RH afirmam que já utilizaram ou vão utilizar a IA Gen como método de formação. O que é especialmente evidente no setor privado (82% em geral) e nas empresas (86%). Este ano, 74% dos DRH afirmaram que estão a utilizar dados relacionados com a formação na sua organização.

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